Bruno ON
Nunca pensei que um dia me casaria. Me lembro de ter dito isso a Saphira, mesmo sendo, talvez, algo bizarro de se dizer à sua noiva. A real é que nunca pensei que encontraria alguém tão especial a ponto de querer me casar com ela. Na verdade, acho que nunca acreditei cegamente no amor. Tinha planos de viver com a doença, morrer fazendo shows. Sem compromissos. Esse era o plano. Sem interferências, terminaria minha vida "feliz" pela carreira. Mas Saphira chegou e mudou... tudo. Mudou tudo, completamente. Talvez, na verdade, ela não tenha me mudado. Talvez Saphira só me ajudou a me lembrar de quem eu sou, e de que ainda há muito para viver. Talvez Saphira só tenha feito nascer em mim desejos e planos que nunca imaginaria um dia. A prova disso sou eu, agora, cumprimentando convidados depois de saber que nosso filho, finalmente, está crescendo. Chorei durante algum tempo ao sentir a barriga de Saphira ligeiramente maior, logo depois me recompondo para receber os convidados. Nunca fui tão sentimental em toda minha vida, tendo a certeza de que se meu eu de três anos atrás me visse agora, riria, com certeza. Mas, como mencionei, hoje tudo está diferente. Nunca pensei que chegaria onde estou agora, e percebo, mais uma vez, o quanto era... mesquinho. Como poderia não acreditar em algo tão real e forte quanto o que eu e Saphira temos?!
Agora, já sendo oito da noite, sei que ela deve estar chegando. Os padrinhos e madrinhas estão posicionados do lado de fora, esperando prontos para entrarem. Os convidados estão conversando, enchendo o salão enquanto a banda está posicionada à frente, do lado direito. A decoração está impecável em tons de branco e nude. Há um corredor extenso até a frente, no altar improvisado, separando mesas e cadeiras já ocupadas por todos os convidados. A família de Saphira está à direita, ocupando quase todas as mesas. À esquerda está minha família, amigos e conhecidos, incluindo Ed Sheeran e todos os outros. A iluminação não muito forte do local altera entre tons de roxo, rosa e azul, o que deixa o ambiente ainda mais romântico. É um salão enorme, decorado com muitas flores, luzes e cristais. A banda está tocando uma música ambiente, talvez alguma sinfonia de Bach, preenchendo o salão com a delicadeza de violinos, percussões, piano e instrumentos de sopro. Está tudo tão lindo que parece mágico.
- Ei.
Viro para trás ao ouvir uma voz feminina. É Stephany, sorrindo enquanto parece ouvir alguma coisa no ponto em seu ouvido.
- Tudo certo? Ok, ok. – Ela, agora, olha para mim, ainda sorrindo. – Tudo pronto.
Essas duas palavras são o suficiente para me fazerem arrepiar e sentir aquela batedeira no peito. Não achei que ficaria nervoso, mas agora é diferente ao saber que finalmente chegou a hora. Sorrio, acenando com a cabeça e a seguindo até fora do salão. Aqui encontro os padrinhos, os pais de Saphira, meu pai e Rita. Enquanto a porta da entrada do salão se fecha, ouço Stephany dar ordens para a banda parar de tocar daqui 5 minutos e os pais se prepararem para entrar.
Roberto, como sempre, está aprumado, sua expressão forte, mesmo que em seus olhos perpasse emoção. Silmara, também como sempre, está enérgica, só que hoje muito mais sentimental, emotiva e emocionada. O sorriso não sai de seu rosto de jeito nenhum. Assim como o de Rita, tão feliz quanto nunca vi em minha vida. Olho para meu pai, que me encara com seu jeito simpático de sempre, parecendo tão feliz quanto o resto de nós.
Uma emoção muito forte toma conta de mim quando vejo os padrinhos conversando, sorrindo, parecendo... alegres. Estão praticamente em fila, quase na posição que irão entrar. Primeiro Jaime e Dwayne, depois Tahiti e Billy, seguidos de Presley e Kealoha, Tiara e Kameron e Eric e Cindia. A fila continua com Phil e Urbana, Jaqueline e Brian e Amber e Phredley. Olho para todos eles, pensando em como fazem parte de minha história com Saphira. De um jeito ou de outro, todos estiveram presentes em diversos momentos que compuseram nossa história, e não consigo imaginar pessoas melhores para compor nosso time de padrinhos. Todos são especiais, o que torna esse momento, consequentemente, também especial. Meus meninos, minhas irmãs, meu irmão e meus amigos. Phil, junto com Urbana, olham para mim sorrindo, e juro que posso sentir o orgulho deles através do olhar. Dou um sinal com a mão enquanto Phil cola os lábios, acena um "sim" com a cabeça e bate no peito. Faço o mesmo, depois sorrio também.
- Ok pessoal, tudo certo? – Diz Stephany, correndo para lá e para cá com seus assistentes, ajeitando as barras dos vestidos e as gravatas.
- Certo. – Respondem alguns.
- Ok. Então, como já informado... – Stephany mexe em suas folhas enquanto a atenção de todos está nela. – Primeiro o noivo e sua acompanhante, depois o pai do noivo e a mãe da noiva, depois padrinhos, floristas, daminhas e pajens, e, por fim, a noiva e o pai da noiva. Certo?
- Sim.
- Ok, vamos lá. – Diz Stephany, sorrindo e caminhando para o outro lado.
Os padrinhos, com seus ternos pretos, gravatas pretas e mocassins pretos nos pés, cabelos cortados, barbas feitas e acessórios como correntes, anéis, relógios, pulseiras e uma flor jasmim na lapela, estão impecáveis. As madrinhas, com vestidos longos, feitos sob medida, modelando os corpos com um pano esvoaçante, penteados variados entre solto e preso, delicadas joias nos dedos, pescoço e pulso, as deixam ainda mais encantadoras.
Mesmo ansioso por tudo o que irá acontecer, meu coração chama só por uma pessoa. Me sinto tão ansioso por ver Saphira que é como se meu coração fosse sair pela boca.
- Que horas será mesmo? – Diz Phredley, de repente, parecendo confuso. Franzo as sobrancelhas.
- Será o que, Phredley?
- A entrada dos padrinhos.
- Stephany já não falou? – Pergunto, me perguntando se talvez Phredley esteja bêbado.
- Sim, mas esqueci. – Ele seca a testa com a mão. Está suando. – Estou nervoso.
- E por quê?! – Pergunto, ainda confuso.
- Porque casamentos me deixam nervoso, cara. – Phredley diz, baixinho, arregalando um pouco os olhos.
- Ok... Stephany! – A chamo. Imediatamente ela chega. – Phredley quer saber quando irá entrar.
Deixo Stephany tentando acalmar Phredley e explicar a organização do casamento novamente enquanto olho mais uma vez em volta. Tento me acalmar, pensando no quão insano e maravilhoso é o que está acontecendo. Olho mais uma vez para meu pai e chego mais perto, sorrindo enquanto ele aperta minha mão e me puxa para um abraço.
- Sabe, filho, ainda não tive a oportunidade de conversar com você hoje, mas... – Ele diz, olhando para tudo ao redor, depois para mim. Parece feliz. – Sei que você encontrou o amor, posso sentir. Saphira é uma bênção para você.
- Sim. – É só o que respondo, sorrindo e me sentindo ligeiramente emocionado. Meu pai continua sorrindo.
- Deus sabe o quanto quero ver você feliz, o quanto você merece... – Ele sussurra, colando os lábios e depois sorrindo de novo. – Saber que encontrou alguém tão bom é o suficiente para me fazer dormir em paz. – Ele parece segurar o choro. – Sabe... quando perdi sua mãe, senti no mesmo instante que uma parte dentro de mim morreu. – Quando ele menciona minha mãe, sinto a emoção triplicar. Queria muito que ela estivesse aqui. – Valorize cada segundo com Saphira. Cada segundo ao lado da pessoa que ama é precioso. – Ele ri, baixinho. – Acredito que você saiba disso, não é?
- Obrigado, pai. – É só o que respondo, sinceramente, segurando para não chorar. É como se a emoção estivesse à flor da pele em todo mundo.
- Eu te amo. – Ele diz, novamente me puxando para um abraço. Retribuo, sorrindo.
- Eu também. – Sussurro, antes de ouvir Stephany chegando perto.
- Então... – Ela checa uma lista enquanto eu e meu pai nos separamos do abraço. – Pronto para entrar, Bruno? – Ela pergunta, sorrindo, simpática.
Olho para Rita, quase ao meu lado. Ela é uma mistura de nervosismo e alegria. Estendo minha mão, num ato de chama-la para perto. Sorrindo, ela se aproxima de mim e encaixa seu braço ao meu.
- Pronta? – Pergunto, sussurrando.
- Sim. – Ela responde, sorrindo tanto que suas bochechas ficam ainda mais rosadas.
- Então vamos. – Respondo, caminhando para perto da porta.
A porta, ainda fechada, reflete minha imagem e de Rita. Ela, praticamente da minha altura, está elegante com seu vestido longo vinho que, depois de tanto insistir, ela aceitou como um presente. Sinto meu coração pulsar de amor por Rita. Seria maravilhoso se minha mãe estivesse aqui, mas Rita cumpre bem seu papel, até chorando quando eu e Saphira a convidamos para entrar comigo. De certa forma, ela é uma mãe para mim e Saphira, cuidando de nós durante todo o tempo. Sei que nada poderia se comparar a presença de mamãe se pudesse estar aqui, e é também impossível não sentir a falta dela, mas Rita é, também, muito especial. Não conseguiria pensar em alguém melhor para me acompanhar.
- Me espera? – Pergunto, sorrindo. Ela sorri de volta, arrumando minha lapela e a rosa branca em meu paletó pela milésima vez.
- Você não existe, senhor Bruno. – Ela diz, me ajeitando como faria com um filho. – Uma entrada dessas...
- Deixa comigo, Rita. – Faço uma expressão séria, como um ator. Rita ri.
- Vocês são perfeitos um para o outro. – Ela diz, de repente, olhando para mim. – Serão muito felizes.
- Sim, seremos, sim. – Respondo, beijando sua mão e vendo seus olhos brilharem. Ouço Stephany dar algumas ordens. – Agora posso ir, madame?
Rita só ri acompanha Stephany e os padrinhos para o lado direito do campo, fora do campo de visão dos convidados. Quando duas cerimonialistas chegam mais perto, afirmo com a cabeça, pegando meus óculos escuros de dentro do paletó e encaixando em meu rosto. Elas riem da cena enquanto Stephany fala alguma coisa no ponto em seu ouvido. Ela acena e, assim, percebo que chegou a hora. Me sinto nervoso. Respiro fundo e sorrio. Na verdade, a energia do local é tão satisfatória e mágica que me sinto mais ansioso que nervoso. É uma grande noite, e sei que só irá melhorar.
Bruno OFF
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Too Good To Say Goodbye
FanfictionO amor é fácil. Deve ser fácil. Mas o caminho até ele pode ser difícil. Postagem da fanfic Too Good To Say Goodbye. Trabalho original e de autoria privada. Não será tolerado nenhum tipo de plágio.