Forever

459 13 34
                                    

Depois de inúmeras conversas e muito choro, minha mãe, meu pai e Gabriel foram embora. Jaqueline chorou junto comigo, sentindo a emoção da novidade. Os meninos zoaram o tempo inteiro, até brigando para saber quem será o padrinho da criança. Liza permaneceu firme e racional como sempre, mas o sorriso em seu rosto era mais que visível. Rita e todos os demais funcionários me disseram várias vezes que estão aqui para o que precisarmos. Me sinto realmente feliz e privilegiada por ter tantas pessoas incríveis ao meu redor.
Ao mesmo tempo, penso no quanto minha vida mudou. A revelação da gravidez, pessoas me parabenizando, responsabilidades novas tomando conta da minha mente, preocupações com o bebê... Tudo isso é uma loucura, mas, mesmo assim, agora sinto que estou criando minha própria família, eu e Bruno. Bruno e nosso filho se tornaram duas das pessoas mais importantes para mim, e sei que poderia fazer qualquer coisa por eles. Antes mesmo de nosso filho nascer já me sinto preocupada, de olho em cada movimento meu. Na verdade, não preciso me preocupar tanto, já que Bruno não para de agir como se eu fosse quebrar a qualquer momento. Às vezes me irrita, mas sei que ele não consegue fazer diferente. É o jeito dele, e eu o compreendo.
- Temos certeza de que não queremos saber o sexo?
- Temos, Bruno, temos certeza. – Repito talvez pela décima vez a mesma resposta para a mesma pergunta.
- Quero dizer... talvez mudemos de ideia... – Ele diz. Antes de revirar os olhos, olho para Bruno, vendo-o com um sorriso infantil no rosto. Seguro para não rir.
- Não acho que iremos mudar de ideia. O sexo do bebê fica para depois, ok?
Tento subir as escadas de casa mais depressa para talvez Bruno esquecer o assunto. É claro que ele não esquece, acompanhando meu ritmo e quase me deixando para trás. Sorrio ao observá-lo. A mudança de saúde de Bruno depois da cirurgia é mais que evidente, em todos os sentidos. Sua aparência está ótima, a pele reluzindo, aquelas olheiras profundas sumindo, seu cabelo macio e suas maçãs do rosto quase sempre naturalmente ruborizadas. Seu físico também é outro. Bruno se mostra infinitas vezes mais disposto, além de já ter engordado um pouco e começado exercícios físicos regularmente. A mudança é evidente.
- Mas já não estamos de 9 semanas?!
- 8 semanas e 1 dia. – O corrijo, quase rindo.
- Então! Doutora Ana nos disse que já podemos saber o sexo! – Bruno parece uma criança tentando me convencer.
- Droga, desde quando essas escadas possuem tantos degraus?! – Resmungo, talvez tentando fazer Bruno esquecer o assunto, e realmente sentindo certo cansaço. – Preciso voltar a praticar exercícios, me sinto sedentária.
- Sabe que não pode fazer...
- Fazer esforço, já sei. – Reviro os olhos de novo, agora finalmente chegando no andar de cima. Sorrio. – Você por acaso ouviu o que a doutora Ana disse?
- Sobre já podermos saber o sexo do bebê? – Bruno levanta as sobrancelhas e sorri largamente, o que me faz rir e apoiar as mãos em seu peito.
- Não.
- Ã... sobre os infinitos exames que você fez?
- Também não. – Arqueio uma sobrancelha.
- Ã... deixa eu lembrar...
- Sobre o esforço! – Levanto as sobrancelhas e Bruno faz como se estivesse realmente tentando se lembrar de algo. – Ok, vou te relembrar: Ela disse que não há problema nenhum em eu me esforçar e voltar a lutar, pelo menos por enquanto. Você viu quando Tahiti estava grávida! Ela parecia o Mike Tyson! E olha como Lion está uma graça...
- Tahiti sempre pareceu o Mike Tyson. – Bruno levanta uma sobrancelha e não consigo segurar a risada.
- Promete me deixar em paz quanto ao "esforço"?
- Hm, depende... Iremos mudar de ideia sobre o sexo do bebê?
- Bruno! – Bato com minhas mãos em seu peito. Ele sorri e me puxa para perto, me abraçando e praticamente me cobrindo com seus braços. Adoro essa sensação.
- É claro que irei te deixar em paz, mas continuarei de olho. – Bruno beija o topo de minha cabeça e sorrio, me sentindo talvez a pessoa mais feliz do mundo. – Aliás, preciso conversar com você sobre uma coisa... – Ele sorri para mim, sua expressão me transmitindo paz. Ainda é, de certa forma, inacreditável tê-lo aqui. As vezes penso se não sou estou sonhando.
- Claro. – Sorrio de novo, me encaminhando para o quarto.
Deito na cama, com a barriga para cima e os braços esticados.
- Ah, que delícia... – Resmungo, sentindo o conforto do colchão. Meus músculos relaxam. – Isso é muito bom.
- Eu prefiro quando diz isso para mim. – Ele diz, sorrindo maliciosamente.
- Hm, acho que eu poderia dizer isso pra você agora... – Mordo meu lábio, sentindo meu corpo arrepiar.
- Minha nossa, você não está cansada?! – Ele arregala os olhos. – Não sei se se lembra, mas já transamos três vezes. E ainda é 10 da manhã!
- Doutora Ana também disse que é normal meus hormônios me deixarem... agitada. – Mordo meu dedo, sentindo de repente uma vontade súbita.
- Agitada?! Você parece uma tarada!
Rio alto ao ouvi-lo dizer isso. Depois, o encaro.
- O que foi? Não aguenta? – Levanto as sobrancelhas, desafiando-o.
Bruno cerra os olhos e depois sorri, mordendo um lábio, caminhando devagar até mim. Devagar, ele segura meu tornozelo, olhando para ele como se tivesse alguma coisa interessante ali. Então, de uma vez, me puxa para a ponta da cama, o que me faz arfar com sua força. Bruno realmente está mais forte e mais... intenso. Engulo em seco, sabendo que o provoquei, e que agora não tem mais volta. E adoro isso.
- Eu acho que é você quem não vai aguentar... – Ele sussurra, um dedo seu correndo pela minha virilha, por baixo do vestido.
Arfo com seu toque, e arfo mais ainda ao vê-lo ajoelhar no chão e me beijar no meio das pernas. Gemo, sentindo as sensações por todo meu corpo, agora ainda mais intensificadas. Eu sempre ouvi dizer que a gravidez pode alterar a libido, mas no meu caso, parece algo fora do normal. Sempre quero Bruno, mas agora ainda mais. Toda hora. A todo momento. E ele sempre vem. E sempre sinto tudo intenso demais, de uma forma que me faz revirar os olhos e sorrir por muito tempo.


- Podemos conversar agora? – Bruno pergunta, suado depois do sexo.
- É claro. – Respondo, arfando, ainda sentindo o corpo extasiado. – Só se me prometer que teremos outro round mais tarde.
Bruno me olha com olhos arregalados, numa expressão tão engraçada que me faz rir.
- Minha nossa, talvez eu realmente não aguente... – Ele diz, o que me faz rir ainda mais.
Me acomodo melhor em seu peito, sentindo e ouvindo seu coração bater. Percebo agora o quanto amo fazer isso.
- Qual o assunto? – Pergunto.
Bruno, de repente, parece... tenso. Ele não diz nada. Franzo as sobrancelhas.
- Bruno?
- Sim. – Ele responde, rápido demais, me olhando. Cerro os olhos.
- Algo errado?
- Não. Sim. Ã... não sei. – Ele responde, confuso.
- O que foi? – Chego mais perto dele, um pouco preocupada.
Ele respira fundo e olha para mim, parecendo tentar colocar os pensamentos no lugar, ou talvez criando coragem para falar alguma coisa.
- Sabe que o tempo que estive fora foi muito complicado, certo?
- É uma pergunta retórica? – Quase rio, mas Bruno ainda parece um tanto tenso.
- Bom, além de tudo o que aconteceu com você e conosco, a Atlantic Records também passou alguns apuros. Parece que ainda não conseguiram superar o cancelamento dos shows...
No exato momento, sei o tema da conversa. Por algum motivo, sinto alguns calafrios. Eu sabia que Bruno e eu conversaríamos sobre isso em algum momento, mas, de certa forma, eu já tinha esquecido, guardado num cantinho escondido da mente e tentando viver e aproveitar os dias sem preocupações. Esquecendo o passado, vivendo o presente.
- Sim... – É só o que digo, colando os lábios.
- Liza me disse que Craig e os empresários estavam quase desistindo da turnê...
- Ela também me disse. – Digo, baixo. Bruno respira fundo de novo.
- Sabe, desde o momento em que acordei, estou vivendo os melhores dias da minha vida... – Bruno sorri e segura em minha mão, mas a áurea preocupada não o deixa. – Mas... tem uma coisa que não deixa minha mente, e isso tem me tirado o sono... – Ele engole em seco, parecendo nervoso. – Estou pensando em... voltar à turnê em... novembro.
- Voltar? – Minha voz falha.
- Sim. – É só o que ele responde, olhando em meus olhos, talvez tentando adivinhar o que estou pensando. Sinto um rebuliço de sensações.
- Bruno...
- Olha, eu sei que já voltar para a turnê parece uma ideia louca, mas é que... – Bruno cola os lábios, depois olha para mim. – Eu sinto que preciso fazer isso.
O encaro por algum tempo, sem saber o que dizer. Ele pega em minha mão e sorri.
- Eu nunca pensei que estaria tão feliz quanto estou agora, e você sabe disso. – Sua mão livre vai até minha barriga enquanto a outra ainda segura minha mão. Ele sempre faz isso, dizendo tentar sentir alguma coisa, como o bebê mexendo ou minha barriga crescendo, mesmo que meu abdômen continue reto. – Vocês são minhas prioridades, para sempre. Eu sei que não parece uma boa ideia voltar àquela loucura com um bebê a caminho, mas... eu cheguei à conclusão de que... droga, não posso deixar os meninos na mão, e também... – Ele respira fundo. – Sinto falta dos palcos. Sinto que preciso fazer aqueles shows cancelados. Preciso... terminar isso.
- Bruno... – Tento interrompe-lo, mas ele não para de falar.
- Eu e os meninos fechamos um contrato, Saphira. Não posso deixá-los agora, mesmo que o dinheiro não seja o maior dos problemas. – Os olhos de Bruno brilham, e ele parece tentar me convencer a qualquer custo. – Você sabe que me sinto ótimo, como nunca antes. Eu sinto, aqui dentro, no meu coração, que eu preciso... voltar. Preciso voltar a fazer o que eu faço. Preciso voltar a fazer o que amo.
Bruno me encara com seus olhos grandes, parecendo tentar ler minha mente. Fico encarando-o, pensando no que responder. Ele realmente parece outra pessoa, totalmente disposto e saudável, mesmo que ainda tenha que tomar alguns remédios de vez em quando para enxaqueca, o que doutor Stuart diz ser normal. Além disso, infelizmente, ele tem alguns pesadelos a noite, acordando assustado. Doutora Katherine também diz ser normal, como uma parte de sua recuperação. E é claro que ele vive inquieto, andando para lá e para cá, demonstrando muita ansiedade, tocando seu violão e fazendo exercícios. Sei que Bruno realmente está gostando desse descanso longe do trabalho, aproveitando o tempo livre, tanto que ainda nem revelou sua volta para a mídia, dizendo que ainda quer ter a privacidade de estar "sumido", mas também percebo o quanto sente falta dos palcos. Sinto um aperto no peito ao pensar em voltar para a loucura da turnê. Sei que se voltarmos eu irei acompanha-lo, sempre junto, mas nossa rotina voltaria a ser como antes, só que, agora, em circunstâncias diferentes, talvez ainda mais cansativa. Sinto medo por ter de sair de nossa bolha que criamos, tão segura e tão... feliz. Só percebo que uma lágrima cai em meu rosto quando Bruno a seca com o dedo e me puxa para si, me abraçando.
- Olha, podemos decidir sibre isso depois, certo? – Ele diz, beijando o topo de minha cabeça.
Me sinto ridícula, mas não consigo evitar sentir medo ao pensar em Bruno voltar para a loucura de viagens e shows. Por mais que ele esteja bem, eu ainda continuo preocupada. Gostaria de realmente conversar e discutir isso, mas o receio me toma por completo.
- Só mais uma coisa, pode ser?
Me separo de seu abraço e me sento de novo, à sua frente. Bruno parece mais tranquilo, talvez se sentindo mais leve por ter falado sobre isso, mesmo que de forma rápida.
- Fui convidado para um show beneficente. – Ele diz, de uma vez.
- Você? – Pergunto, fungando e franzindo as sobrancelhas, não conseguindo acompanhar o rumo da conversa.
- Sim. – Ele responde, sorrindo. – Somos Una Voz, em prol de Porto Rico, México e Estados Unidos.
- Onde vai ser?
- Aqui em Los Angeles mesmo. Quero dizer, Los Angeles e Miami, mas ficarei em L.A. – Ele levanta as sobrancelhas, parecendo uma criança tentando me convencer. – E será rápido, rei cantar só uma música. E, bem, você sabe o quanto estou ligado a Porto Rico... – Bruno diz, com intensidade demais na voz. Está tentando me ganhar, sei disso.
- Acha que não tem problema? – Pergunto, séria. Bruno sorri.
- Nenhum. Serei extremamente reservado como sempre, cantando e depois voltando para casa. – Ele pega em minhas mãos, como num último ato de tentativa. – Todo o dinheiro arrecadado será doado para as vítimas dos desastres naturais que aconteceram nesses países. – Quando Bruno diz isso, me pergunto se lembra ou se me ouviu contando a ele sobre o furacão em Porto Rico quando ainda estava descordado. Olho em seus olhos, vejo-os brilhando e percebo o quanto realmente quer participar, não só por poder cantar, mas porque Bruno realmente tem um coração enorme. Sorrio.
- Acho uma boa ideia. – Digo, por fim. Ele sorri de orelha a orelha.
- Ótimo. E também é uma boa forma de eu voltar à mídia, não acha? Será minha primeira aparição depois de toda aquela tempestade...
- Está pronto para isso? – Pergunto, a voz baixa e pensando no rebuliço que será.
- Para ser sincero, não sei... – Bruno olha em meus olhos e sorri. – Acho que só vou saber quando fizer.
Olho para ele e sorrio, dando um voto de confiança.
- Bom, os meninos estão chegando para ensaiarmos, preciso terminar de reescrever a letra e...
- Ei! – Chamo Bruno quando ele começa a sair da cama. Ele olha para mim ainda sorrindo. É de admirar o quanto está feliz. – Então quer dizer que tudo já estava esquematizado?!
- Ã... digamos que eu confiava em seu bom senso para concordar com essa brilhante ideia. – Bruno pisca e sai do quarto, obviamente se encaminhando para o estúdio. Nego com a cabeça enquanto encaro a porta e sorrio. Segundos depois, sua cabeça reaparece. – Você não vem?
Sorrio, levantando da cama e seguindo-o. Quando vejo a empolgação de Bruno com os meninos, a alegria e a excitação por poder voltar, penso se voltar realmente não é a melhor opção para ele. Ou melhor, para nós.

Too Good To Say GoodbyeOnde histórias criam vida. Descubra agora