Saphira está na frente da cama, os olhos e o rosto já molhados e as lágrimas insistindo em cair. Eu fico olhando para ela e não consigo acreditar. Só pelo falto de ela estar aqui meu coração se enche de esperança, e não consigo esconder uma sensação tão nobre quanto essa. Sorrio.
- Saphira, não sabe como eu est...
- Para, Bruno! PARA! – Saphira, de repente, está gritando. – Chega! Não aguento mais isso! Você me quer, depois não mais. Você me dá abertura, depois se fecha. Você me trata bem, depois é como se eu fosse uma estranha qualquer, e, depois, tenta se achegar novamente. Eu não aguento mais essa porra!
Saphira parece nervosa, como se as emoções transbordassem de uma vez. Sua boca treme, seus olhos estão arregalados, sua pele um pouco avermelhada, e há tanta dor em suas palavras que não acredito ser possível. Decido ficar quieto e escutar tudo. Quando ela termina de falar, tento abrir a boca para falar algo também, mas ela me interrompe novamente.
- Sabe o quanto sofri por você?! Sabe o quanto chorei por você várias e várias vezes desde que te conheci?! Tem noção do quanto me tratou mal? Do quanto foi um idiota?! Do quant...
- Eu tinha medo. – Digo, suavemente, tentando controlar a situação. Saphira franze as sobrancelhas, finalmente parando de gritar comigo e tentando entender alguma coisa que eu digo. – Tinha medo de você se aproximar de mim de tal forma que, quando eu partisse, você... você sofreria demais.
Saphira me encara com uma careta no rosto, e agora fica quieta enquanto solto as palavras que há tanto tempo quero dizer.
- Mas eu nunca consegui resistir a você. Num dia eu te queria longe, justamente pelo medo, para não te machucar, mas, no outro, eu te queria perto para poder sentir seu cheiro de novo, seu calor, e você sempre vinha. Era praticamente impossível te manter longe, porque meu corpo pede pelo seu o tempo todo. Eu sempre, desde que te conheci, quis tomar o maior cuidado para não te ferir, não magoar você, mas parecia que isso sempre acontecia, de um jeito ou de outro. Eu morria de medo de te perder, mas ao mesmo tempo morria de medo ao pensar em você se aproximando de mim, ao pensar no quanto eu poderia fazer mal a você. – Quando percebo, estou sorrindo. – Levou muito tempo para eu perceber o quanto fui um idiota com você, o quanto eu estava errado em pensar dessa forma. Mas agora, Saphira... Agora, mais do que nunca, eu entendo. Não posso deixar você ir. Eu menti quando disse todas aquelas coisas horríveis pra você. Menti porque queria te afastar, mas agora é diferente. Estou disposto a mudar e a fazer qualquer coisa para te ter comigo. – Sorrio novamente, sentindo a alegria invadir meu peito ao dizer. – Sabe... Eu só tive três mulheres que considerei importantes em minha vida, e, infelizmente, perdi duas. Não vou perder a terceira. Você.
Mesmo depois de dizer isso, só o que eu ouço é... silêncio. Mesmo com a surpresa nítida no rosto de Saphira ao ouvir isso, ela ainda se mostra desconfiada, talvez lutando com as barreiras que ela criou contra mim. Consigo imaginar a guerra que está dentro dela agora.
- Mas é claro que também depende de você. – Digo. – Por favor, não quero estar sendo egoísta te trazendo para minha vida quando sei que, bem, não sei se tenho muito tempo... – Rio amargamente, talvez tentando não deixar a situação tão difícil. – Mas você... você é boa demais para dizer adeus. Boa demais.
Saphira me encara por alguns instantes, seus olhos vermelhos de chorar.
- Como posso ter certeza de que o que está falando é verdade? – Ela sussurra. – Como posso saber que... Como posso saber... que... dessa vez será... diferente?
- Não posso te oferecer mais que minha palavra. – Sussurro, olhando para ela e sentindo... felicidade. – E todo meu coração.
Ela pisca forte algumas vezes, talvez pensando no que fazer. Então ela olha para baixo, parecendo confusa enquanto volta a chorar.
- Saphira, olha para mim. – Seguro em seu queixo, levantando seu rosto.
Quando vejo seus olhos, meu coração dispara ao saber que irei dizer o que sempre quis, ao saber que irei dizer as palavras que quase nunca digo a ninguém, mas que são as mais apropriadas para representar o que sinto por ela. Com um sorriso, as palavras finalmente saem de minha boca.
- Eu te amo.
Saphira parece totalmente surpresa com o que digo, paralisando. Ela pisca forte algumas vezes, encarando meus olhos, enquanto as lágrimas inundam seu rosto. Seu olhar demonstra medo, insegurança, mas, mais que isso... esperança. Sorrio ao perceber que meu coração está como uma fogueira, e uma vontade súbita de dizer essas palavras o invade.
- Eu te amo, Saphira. – Sorrio e rio um pouco, sentindo a sensação de dizer essas palavras em voz alta. – Prometo, eu te amo. Me desculpe, me perdoe. – Sussurro para ela, enquanto continua chorando, sem dizer nada. As palavras simplesmente jorram de minha boca. – É você quem eu quero aqui, agora, para sempre. Nenhuma é como você, ninguém se compara. Demorei demais para perceber que simplesmente não vivo sem você, e me perdoe por isso. Lembra quando você entrou naquela sala de testes? Juro, não foi por acaso. Você me capturou assim que entrou naquele lugar, e prometo que nunca mais vou deixa-la ir. Nunca mais.
Ela me encara por vários segundos, e o silêncio novamente se estabelece no ambiente. Depois de piscar forte, ela sussurra, talvez para si mesma.
- Eu... Preciso de ar... Preciso de ar... – Ela diz, apoiando a mão no peito, fazendo uma careta e olhando ao redor do quarto desesperadamente.
Ela encontra a sacada e caminha até lá. Quando irei acompanha-la, ela faz um sinal para que eu fique. Talvez precise de espaço, então a deixo ir. Sento na cama, respirando fundo e... sorrindo. Depois de tanto tempo me sinto... leve. Tanto que deito na cama, deixando a felicidade invadir meu peito. Nunca imaginei que dizer o que eu disse fosse me deixar tão bem. Tão... em paz. Sorrio, cantarolando uma de minhas músicas preferidas.
- "Oh, baby, please, let's leave the past behind us, behind us, so that we can go where love will find us, yeah, will find us. I know most girls would leave me, but I know that you believe me..." ("Oh, querida, por favor, vamos deixar o passado para trás, para que possamos ir onde o amor vai nos encontrar. Sim, vai nos encontrar. Eu sei que a maioria das garotas me deixariam, mas eu sei que você acredita em mim.")
Canto If I Knew com todo o coração, sentindo como se ele fosse explodir. Não sei exatamente por quanto tempo fico assim, talvez vários minutos. Só saio do transe quando vejo Saphira em frente a sacada, em pés, olhando para mim. Dessa vez ela não chora, mas seu rosto ainda está um pouco vermelho.
- Precisamos conversar. – Ela diz, decidida.
Em segundos me levanto e vou até ela. Quando chego, a vejo com os cotovelos apoiados na grade da sacada, olhando para baixo, para o escuro da madrugada, descalça enquanto seus cabelos, que formam uma cascata em suas costas, voam. Uma das cenas que irei guardar para sempre na memória.
Saphira vira somente o rosto para mim, ainda um pouco vermelho por causa do choro, mas não menos bonito. Ela continua impassível quando o vira novamente para a frente, admirando a maravilhosa vista que esse hotel oferece. Ando alguns passos e me apoio na grade, ao seu lado, também olhando a cidade. Já vim à Polônia antes, mas é sempre uma novidade quando você volta aos países que já visitou. Esse, especificamente, é lindo. Só não tão lindo quanto a vista que tenho ao olhar para o lado.
- É lindo, não é? – Saphira diz, olhando para a vista, parecendo perdida em pensamentos.
- Sim. – Respondo, sorrindo.
Ficamos algum tempo quietos, apenas admirando. Saphira ainda parece... tensa. Então penso em fazer algo para quebrar o gelo.
- Vem, vamos dançar um pouco. – Digo, esticado minha mão até ela. – Sei que gosta de dançar.
Saphira faz uma careta, desconfiada, olhando ao redor, mas mesmo assim me entrega sua mão. Rio de sua expressão enquanto a levo para dentro.
- Eu escolho a música. – Ela diz, de repente.
- Ok. – Digo, rindo um pouco.
Ela se afasta, pega seu celular e em segundos ouço o início e Versace On The Floor. Levanto as sobrancelhas, surpreso pela escolha. Ela dá de ombros, indiferente.
- Eu gosto dessa música... – Ela diz.
- Eu também. – Digo, sorrindo.
Então estendo minha mão para ela e ela vem até mim novamente. Delicadamente a trago para perto, e agora seu corpo está colado ao meu enquanto uma mão segura em sua cintura e a outra em sua mão. Ela apoia sua mão livre em meu ombro, o que faz esquentar. Dançamos lentamente, sentindo o clima da música. Respiro fundo e consigo sentir seu perfume. Algo que me faz sorrir e acelerar meu coração.
- Você... está bem? – Pergunto, finalmente.
Ela parece estar totalmente calma, pensativa enquanto dança comigo. Gostaria muito de saber o que se passa em sua cabeça agora.
- Eu não sei ainda... – Ela diz, olhando para mim. É incrível como mesmo depois de ter chorado tanto, Saphira continua tão bonita. – Sei que já perguntei isso, mas preciso perguntar de novo. – Ela engole em seco. – Tudo o que você disse... é real?
Olho para ela, rindo um pouco. Então ela olha para mim e vejo que seus olhos estão brilhando, esperando a resposta. Me sentindo enfeitiçado, sorrio.
- Nunca fui tão real e verdadeiro em toda a minha vida.
Ainda um tanto receosa, ela vira seu rosto para o outro lado. Estou tenso, pois não sei como será sua reação agora que está mais calma. Saphira estava agindo por impulso quando chegou aqui, mas, agora, parece estar totalmente sã, e isso, de certa forma, me assusta um pouco. Quando penso que o silêncio irá reinar, ela volta a falar.
- Sabe... Eu realmente me impressionei com suas palavras. – Ela diz, ainda não olhando para mim.
- Ah, é mesmo? Bom, sempre me disseram que tenho jeito para poeta... – Empino o nariz e Saphira... ri. Pela primeira vez, ela ri. Me lembro do quanto gosto da sensação de fazê-la rir. É como me sentir o melhor. Imediatamente noto o clima mais leve, e meu coração salta dentro de mim. – Sabe, tive um sonho com você... – Sussurro.
- Droga, Bruno, não corta o clima. Devo me preparar para cenas pornográficas?
- QUÊ?! – Solto uma gargalhada tão alta que Saphira assusta, logo rindo também. – Está achando que eu sou o quê?!
- Homem. – Ela me dá um sorriso um tanto presunçoso, e rio de sua expressão.
- É, tem razão. Mas não foi esse tipo de sonho. Sonhei que estávamos na cama...
- BRUNO! – Ela soca meu ombro enquanto ainda dançamos.
- Ei, ei, calma! Não é o que está pensando! – Em meio ao riso, tento continuar. – Foi no dia em que dormimos juntos no avião. No sonho, estávamos na cama e eu fazia cócegas em você, acho que para te provocar. Estávamos bem, até o momento em que... Bem... – Engasgo levemente com as palavras enquanto engulo em seco. Saphira dessa vez parece estar séria.
- Momento em que...? – Ela me incentiva a continuar.
- Bom, eu tive uma crise de tosse, e você gritava muito. Então, de repente, a cena muda e você está outra pessoa, totalmente... destruída. – Quando digo isso, Saphira me encara com seriedade e uma certa angústia. Engulo em seco novamente e continuo. – Eu tentava falar com você, te tocar, mas... não conseguia... eu... – Tento falar, mas, ao lembrar da cena e das sensações que senti, meus olhos marejam. Droga, detesto chorar na frente dos outros. Tenho que me mostrar forte, mas é inevitável.
De repente, num gesto inesperado, ela levanta sua mão do meu ombro e apoia em minha nuca, acariciando de leve. Uma sensação que causa uma corrente elétrica por todo meu corpo.
- Tudo bem, eu tô aqui. – Ela sorri para mim e é como se todas as estrelas juntas perdessem para o brilho de seus olhos e de seu sorriso. De repente me sinto seguro, porém minhas mãos ainda tremem.
- No sonho... eu tinha partido, Saphira, e você estava... destruída. Me lembro de acordar depois desse maldito pesadelo e pensar no quanto podia te ferir deixando você se apegar a mim, o quanto você podia sofrer se eu tomasse a iniciativa e iniciasse algo com você, então me afastei, quando, na verdade, o que mais queria era você perto de mim, o tempo todo. Me desculpe por te fazer sofrer, me desculpe por mentir dizendo que não te queria, quando, na verdade, é o que eu mais quero. Por favor, me perdoe. Eu me sinto o cara mais egoísta desse mundo por querer você para mim, afinal, você sabe, não sei quanto tempo tenho, mas...
- O que quer dizer com isso? – Ela pergunta, franzindo as sobrancelhas. Respiro fundo.
- Descobri que os tratamentos não são mais eficazes, e minha única opção é uma... cirurgia. – Tento sorrir, mesmo sentindo dor ao falar. – E eu decidi fazê-la. Na verdade, já comecei com alguns procedimentos de preparação.
Saphira me encara com os olhos arregalados, obviamente atônita. Tanto que ela para de dançar, apenas congela no lugar enquanto a música continua tocando. Fico em silêncio, esperando-a digerir tudo o que acabou de ouvir. Como ela não diz nada, decido continuar falando.
- Preciso ser muito sincero com você. O risco da cirurgia é grande e talvez... Não sei, é possível algo acontecer comigo. – Tento sorrir, mas a angústia é grande demais para isso. – Quero deixar claro que não sei como será minha vida daqui pra frente, mas se você aceitar estar comigo, prometo que vou tentar ser o melhor pra você. Até onde eu conseguir.
Colo os lábios, sentindo algumas lágrimas vencerem. Então solto sua cintura e pego em suas duas mãos, juntando-as.
- Então me diga, Saphira. Me diga o que eu preciso fazer, porque eu juro que vou fazer. – Olho em seus olhos, sentindo toda a emoção. – Me diga o que é necessário para que você me dê uma chance e prometo que vou fazer tudo o que quiser. Faço tudo pra você ser minha.
- Não... – Ela começa a dizer, e a interrompo, sentindo desespero ao ouvir essa palavra.
- Saphira, por favor... – Imploro, olhando em seus olhos.
- O que eu quero dizer é que não precisa fazer nada disso, Bruno. – Ela diz, séria demais. Então sorri e leva uma mão até meu rosto, acariciando-o. Um gesto que me faz chorar um pouco mais. – Eu sempre fui sua. Desde que te vi naquela sala de testes, desde aquele jantar... eu sempre fui sua, Bruno.
Como nunca, sinto como se meu coração fosse explodir. Pisco forte, imaginando se ouvi corretamente. É isso. Eu consegui. Consegui reconquistar Saphira. Porra, eu consegui. Ela sorri para mim, e o que eu vejo em seus olhos me dá... paz. Vejo esperança e... carinho. Tanto que mais algumas lágrimas caem de meus olhos.
- Eu te amo, Bruno. Sempre te amei.
Quando ela diz isso, arregalo meus olhos e meu coração acelera. Saphira nunca disse isso para mim, não com essas palavras, e percebo agora que ouvir um "eu te amo" dela é a melhor coisa que já ouvi na vida. Ela nota minha surpresa e ri um pouco, agora suspendendo os braços nos meus ombros e encontrando suas mãos atrás da minha nuca. Apoio minhas mãos em sua cintura e estamos muito perto um do outro. Tanto que consigo analisar todos os seus traços. Olho para seu rosto iluminado pela luz do quarto, seus olhos brilhando tanto quanto uma estrela cadente, seus cabelos voando com o pouco vento que faz hoje entrando pela sacada e seu corpo perfeito no vestido. Eu poderia tirar uma foto dessa cena e olhar para o resto da minha vida que não cansaria.
- Preciso me desculpar com você, acho... – Ela diz. Há pura sinceridade em seu olhar, e a confusão toma conta de mim.
- Se desculpar? Por quê?!
- Porque, bem... Porque eu falhei em não te entender antes. – Ela dá de ombros. – Agora sei por quê você se afastou de mim, e, bem, eu nunca imaginei a situação dessa forma. Sempre quis acreditar que você é um cretino que adorava brincar comigo.
- Uau. Sincera... – Digo, fazendo uma careta, o que a faz rir.
- Estou falando sério. Me desculpa por não ter compreendido, talvez não ter insistido, ou talvez enxergado a situação de outra forma. Você já sofreu tanto, teve e ainda tem que passar por tanta coisa... – Ela sorri, e uma lágrima cai de seu olho. – Me desculpe, Bruno.
- Agora sei o porquê. – Digo, olhando em seus olhos, mudando de assunto, cortando seu pedido de desculpas que, para mim, é totalmente desnecessário.
- Porque o quê? – Saphira franze as sobrancelhas, não entendendo.
- Sei por que seu nome é Saphira, afinal... – Sorrio e seus olhos brilham, esperando a resposta. – Eu deduzia que tinha a ver com a pedra, mas nunca entendia... Mas agora eu sei. – Tiro uma mecha de cabelo de seu rosto, e a admiro. – Seus olhos. Eles são castanhos claros com risquinhos quase imperceptíveis em azul, mas, dependendo da iluminação e talvez de suas emoções, eles ficam com um aspecto mais nublado, quase azul escuro totalmente. Eles são... intensos, assim como uma safira. Não sei explicar, só sei que... cara, você tem duas cores de olhos!
Quando digo isso, Saphira ri alto. Ela me olha de volta e seus olhos estão marejados enquanto ela sorri, parecendo emocionada.
- Exatamente isso. Quando eu era criança, tinha os olhos azuis, sabia? Mas eu cresci e eles escureceram, mudaram para uma cor castanha... Porém, às vezes, refletem um pouco o que eram, quando estou muito triste, ou muito feliz, ou quando a luz do dia bate de um certo ângulo, mas é quase imperceptível, quase ninguém percebe. – Ela sorri ainda mais antes de continuar. – Só duas pessoas nesse mundo perceberam esses detalhes em meus olhos: minha mãe e você.
Quando Saphira compartilha isso comigo, parecendo ser algo tão íntimo, sinto que meu coração irá explodir de felicidade. Sim, eu reparei isso nela, como reparo em cada detalhe seu, talvez detalhes que ela mesma não tenha reparado.
- Nem mesmo Jaqueline reparou? – Pergunto, revirando os olhos intencionalmente para fazê-la rir. E funciona.
- Não. Nem mesmo Jaqueline. – Ela diz, rindo e olhando para mim.
Rio também. Então encosto nossos narizes quando pergunto.
- E agora? Eles estão quase azuis por quê?
Saphira sorri largamente, me fitando com seus grandes olhos.
- Por que estou muito, extremamente, exageradamente e imensuravelmente feliz. – Ela separa nossos rostos e lágrimas de felicidade descem de seus olhos. Ela me dá o sorriso mais lindo que já vi na vida. Deus, estou completamente apaixonado. – Eu aceito correr o risco e ficar com você. Não me importa se tem muito ou pouco tempo de vida. O que importa é que eu quero você na minha. Irei te ajudar e vamos superar tudo isso, juntos. – Ela diz, acariciando minha nuca de uma forma carinhosa e sorrindo enquanto chora. – Eu te amo tanto, Bruno. Te amo tanto...
Como se sentindo aliviada em dizer isso, ela continua sorrindo e ri enquanto diz as palavras. Nunca senti tanta alegria em toda a minha vida. Meu coração está acelerado, e é como se ele sorrisse dentro de mim. Me sinto... no céu. Tão, tão feliz.
Então volto a observar Saphira e aquela atração tão forte que temos um pelo outro dá as caras. O clima romântico-dramático está indo embora, e, no lugar dele, sinto desejo e fogo. Saphira parece sentir o mesmo, já que sua risada cessa e seus olhos brilham, mas de outra maneira. Minhas mãos, que agora já estão em sua cintura, a puxa mais para perto, colando seu corpo ao meu, e já estou excitado somente com seu olhar. Saphira percorre os olhos pelo meu rosto, parando em minha boca. É quando não consigo mais esperar. Como em uma explosão de sensações, minha boca encontra a dela, e nunca senti nada tão incrível como o que estou sentindo agora. Sua boca macia me devora, como quem sente falta disso, e meu corpo reage totalmente, correspondendo à sua urgência. Como sempre, seu hálito e seu gosto são um misto de doce e refrescância. Suspiro, sentindo o êxtase em beijar Saphira. Deus, como eu senti falta disso. Não consigo controlar meus movimentos enquanto nossas línguas se exploram, assim como nossos lábios, matando a saudade e se conhecendo ainda melhor. Uma corrente elétrica toma conta de mim, me fazendo perder totalmente o controle. Sempre foi assim com Saphira, mas, agora, é diferente: dessa vez, eu posso perder o controle, e, melhor que isso, eu quero perder o controle.
Minhas mãos levantam a barra de seu vestido enquanto sinto sua pele arrepiada, e, num movimento rápido, levanto-a completamente e a pego pelas coxas, enquanto ela prende as pernas em volta de minha cintura. Ainda beijando-a, a prenso na parede, grudando meu corpo ao seu. Minha respiração já está descompassada e meu coração acelerado. Quero tanto Saphira que nem sei por onde começar. Somente com meu toque ela perde o fôlego, o que me deixa ainda mais louco. Exploro seu pescoço de forma faminta, mas ainda cuidadosa.
- Penso tanto em você, Saphira. Nem imagina o quanto. – Minhas palavras saem sem que eu pense, e Saphira parece gostar disso. De repente, ela solta as pernas de minha cintura e fica em pé, na minha frente. Seu rosto demonstra tanta sensualidade que perco o fôlego, e, quando penso que ela não pode ficar mais sexy, Saphira vem e sussurra na minha frente, olhando para mim.
- "There's no place I'd rather be in this world, your eyes are where I'm lost in. Underneath the chandelier, we're dancin' all alone. There's no reason to hide what we're feelin' inside right now". ("Não há outro lugar nesse mundo onde eu preferiria estar, nos seus olhos é onde eu me perco. Sob a luz do lustre estamos dançando sozinhos. Não há razão para esconder o que estamos sentindo, agora").
Sinto cada pelo se eriçar enquanto um arrepio perpassa todo meu corpo. Saphira está cantando Versace On The Floor para mim, de uma forma tão sexy que penso não ser possível. Me afasto um pouco para ver seu vestido que, no caso, é realmente um Versace, e entro no jogo. Entendo o que ela quer, e adoro a ideia.
- "So baby let's just turn down the lights and close the door. Oh I love that dress but you won't need it anymore, no you won't need it no more. Let's just kiss 'til we're naked, baby." ("Então, querida, vamos apagar as luzes e fechar a porta. Oh, eu amo esse vestido, mas você não vai precisar mais dele, não, você não vai precisar mais dele. Vamos nos beijar até ficarmos nus, querida"). – Canto em seu ouvido, sentindo seus pelos eriçados e sua respiração um tanto descompassada.
- "Versace on the floor...." – Saphira completa a frase da música, com um sorrisinho malandro que me faz delirar.
Eu entendo por que sempre fui louco por ela. Saphira é uma mulher irresistível, que te faz perder a cabeça e o juízo em questão de segundos. Seu corpo é cheio de curvas, totalmente valorizado nesse incrível vestido que está usando e, ao perceber o que estou pensando, ela solta um risinho cheio de inocência, que faz minha imaginação voar. A viro de costas, seguro em seus ombros e beijo seu pescoço e sua nuca lentamente, exatamente como a música sugere, e sinto sua pele arrepiada sob meus dedos e minha boca. Ela vira e revira a cabeça, sentindo o clima e as sensações. A puxo com força para mim, novamente unindo novamente nossos lábios num beijo. Sinto nossos corações acelerados, a respiração ofegante, fora de controle. Subo minha mão pela sua cintura e chego em um dos seios, que estão tão irresistíveis nesse decote. Mesmo que por cima do vestido, ela geme somente pelo meu toque, e penso que irei ficar louco se não tê-la, agora.
Saphira, ainda com uma expressão de desejo, segura em minha mão e me puxa para sentar na cama. Me sento na ponta e começo a observar. Ela anda lentamente para frente, de costas para mim, e, quando vejo o que está fazendo, sinto meu coração acelerar infinitas vezes mais. Sua delicada mão pousa sob o início do zíper de seu vestido, nas costas, e, lentamente, ela o puxa para baixo, quase de forma teatral. A cena é absolutamente surreal, me fazendo delirar, e penso mais uma vez no quanto Saphira é incrível, absolutamente irresistível. Ela vira a cabeça, olha para mim com um sorriso por sobre o ombro e abaixa as alças de seu vestido. É, ao mesmo tempo, um martírio e uma delícia observá-la se despir. Então, devagar, o vestido de Saphira cai, e o que vejo me tira o fôlego durante vários segundos.
As costas de Saphira e sua cintura fina estão totalmente despidas, e sua bunda, grande, está vestida somente com uma calcinha fio-dental, preta e aparentemente de renda. Seu cabelo, solto e ondulado, recai pelas suas costas, contrastando com sua pele. O corpo de Saphira é perfeito, sedutor, e totalmente, absurdamente, irresistível. Meu coração está acelerado, muito mais que do pensei ser possível. Ela se vira lentamente para mim, tentando desviar de seu vestido, que, agora, está no chão, como formando uma nuvem em seus pés. Quando ela finalmente se vira totalmente, penso que irei desmaiar.
- Mas que porra... – É a única coisa que consigo dizer.
Seus seios estão totalmente à mostra, e em toda a minha vida, em todos os sonhos que já tive e tudo o que imaginei, não poderia chegar à perfeição deles agora. Como sempre pensei, são fartos, grandes, firmes e extremamente convidativos, mas muito melhores que em minha imaginação, que agora parece ser tão ínfima. A luz de fora reflete neles e na pele de Saphira, fazendo tudo parecer surreal, como um sonho. Minha respiração nunca esteve tão descompassada, totalmente fora do normal. Me sinto... atônito, extasiado, paralisado. Ao perceber minha reação, Saphira solta um risinho e morde o dedo enquanto caminha para mais perto de mim. Pisco várias, temendo ser realmente um sonho tudo o que estou vendo. Ela chega perto, deposita suas mãos em meus ombros e senta em meu colo enquanto olha diretamente em meus olhos. Penso que irei infartar ao ver suas coxas nuas sobre mim, sua cintura tão modelada, fazendo uma curva, e seus seios totalmente despidos, em minha frente, enquanto agora seu cabelo recai e cobre um deles. Saphira parece algo bom demais para ser verdade. Algo como uma... deusa. Como um sonho.
Depois de olhar todo seu corpo, me volto para sua face e penso nunca estar tão apaixonado na vida. Seus olhos brilham, refletindo nossa química, enquanto sua boca se abre num sorriso totalmente sincero. Estou em transe, extasiado quando ela encosta sua boca em meu ouvido e sussurra.
- Quer me ajudar a terminar, senhor Mars?
Sinto cada pelo, cada parte de meu corpo se arrepiar de uma forma absurda. A adrenalina está correndo pelo meu sangue, e sinto-o ferver. Como saindo do transe, quase bruscamente, pego Saphira pela cintura e a jogo na cama, enquanto ela ri. Seu cabelo se estende pelo lençol dourado, que contrasta perfeitamente com sua calcinha preta. A olho com selvageria, provavelmente com os olhos brilhando. Passo um dedo na perna dela, subindo até a virilha, e ela treme sob mim. Agacho na ponta da cama e, com suavidade, roço os dedos nas alças da calcinha e a puxo lentamente, torturando a mim mesmo. É quando realmente não me controlo mais. Sinto... urgência. De uma vez, puxo o tecido, o que faz rasgar a calcinha. Saphira parece se assustar um pouco, mas ao vê-la sorrindo entendo que gostou. Ao finalmente jogá-la no chão e ver Saphira totalmente nua a minha frente, não consigo respirar.
- Caralho... – Apoio a mão em meu peito, sentindo o coração disparar tanto que chega a doer.
Como nunca, perco o fôlego, e em toda a minha imaginação, todos os meus pensamentos eu poderia pensar em Saphira nua, mas nunca, em hipótese alguma, chegaria perto da perfeição que estou vendo à minha frente agora. Nunca pensei que sentiria prazer intenso em somente ver uma mulher nua. Minhas mãos estão tremendo, e sinto o coração acelerar tanto que temo infartar, aqui e agora. Minha reação chega a ser patética, como a de um adolescente vendo uma mulher nua na sua frente pela primeira vez, mas é inevitável.
- Saphira... – Tento dizer algo, tento dizer qualquer coisa que signifique sua perfeição, mas nada sai, a não ser seu nome.
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Too Good To Say Goodbye
FanfictionO amor é fácil. Deve ser fácil. Mas o caminho até ele pode ser difícil. Postagem da fanfic Too Good To Say Goodbye. Trabalho original e de autoria privada. Não será tolerado nenhum tipo de plágio.