CAPÍTULO 3

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TOMÁS

Hoje é quinta-feira, fim de expediente dia dois de março, mais precisamente aniversário de um ano de namoro meu e de Eduardo e não nos falamos o dia todo, nem por mensagens. Ele me mandou boa noite ontem a noite e eu não respondi, estou magoado e muito decepcionado com ele, prefere passar um dia que é importante pra nós com os amigos no futebol, como se eu não fosse nada.

Chego em meu apartamento, dispenso a Cristina e ela estranha.

_ Mas você havia me pedido pra passar a noite com o Benício hoje.

Pego meu filho no colo o beijando.

_ Oi meu amorzinho. Então Cris, o Edu teve um imprevisto hoje e eu precisarei que passe a noite com o Bení sim mas só amanhã, pode ser?

_ Claro que pode. Mas está tudo bem? Você me parece meio abatido.

Cristina me conhece desde criança quando começou a trabalhar pra minha mãe, temos um carinho enorme um com o outro, confio nela demais por isso a pedi pra ser a baba do meu filho.

Me sento numa banqueta no balcão da cozinha com meu filho no colo, ele segue entretido com seu tablet.

_ É complicado Cris. Edu está um pouco distante, eu esperava que hoje a gente tivesse um tempo só nosso, saísse sem hora pra voltar pois a vida de pai me impede muitas vezes de fazer isso, eu queria uma noite especial, sei la... balada, restaurante, motel... algo bom pra nós dois e ele preferiu ir jogar bola, estou me sentindo um nada, um ficante qualquer. Acho que ele irá terminar comigo e não está longe disso acontecer.

Ela puxa uma banqueta e se senta perto de mim.

_ Se ele terminar com você é ele quem irá perder querido. Você é uma pessoa carinhosa, bom caráter, lindo...

_ Para Cris, você me vê como uma mãe..

_ Te vejo como você realmente é.

_ Você não me acha um mimado egoísta como muitos acham?

_ Mimado sim, egoísta jamais.

_ Não fala assim Cris, você deveria me defender.

_ Te defendo sempre, mas a verdade tem que ser dita, mas também tenho uma boa parcela de culpa em você ser mimado, mas mesmo no meio do luxo e tendo tudo nas mãos, você foi criado com os melhores valores, isso eu sei.

_ Obrigado Cris, mas falando sério, eu entendo que não seja fácil para o Edu. Eu tenho um filho, querendo ou não nossas saídas são limitadas, não quero te deixar constrangida mas você sabe que filho pequeno interfere e muito na intimidade do casal , ainda mais pra ele que é apenas meu namorado e não pai do Beni.

_ Sim você está certo, mas ele sabia que você tinha filho quando o conheceu e o Bení é um amorzinho, quase não da trabalho, dorme bem, vocês saem sempre quando querem, por esse motivo ele não tem do que reclamar, sem contar que você é lindo, um namorado dedicado e é uma pena que você parece pensar que o Eduardo está fazendo um favor namorando você e você precisa se valorizar, seu filho não é um empecilho você merece e pode ter ao seu lado alguém que te ame e mereça estar.

 _ Você não gosta do Edu não é?

_ Não é que eu não goste dele, não gosto da maneira que ele te trata. Vamos fazer assim, dividindo seu namoro numa escala de cem por cento, eu diria que você mesmo com filho se dedica setenta por cento a esse namoro e ele apenas trinta. Isso não me parece justo e...

Nesse momento o interfone toca a calando e ela vai atender.

_ Seu Marcos? ... a sim, pode pedir pra subir...

_ Quem é?

_ Um entregador. Acho que o seu namorado fez o minimo e te mandou algum presente.

Eu não consigo disfarçar o meu sorriso. Ela vai até a porta da entrada receber o entregador e eu espero. Logo ela volta com um buque de rosas vermelhas e uma sacola de uma joalheria que eu sempre frequento, isso tira a atenção de Benício de seu joguinho.

_ Flor papai?

_ São rosas meu amor. O tio Edu mandou pro papai.

Coloco meu filho sentado no balcão e pego as coisas da mão de Cristina.

_ Eu quéio rosa papai.

Pego uma rosa tiro os espinhos e a dou pra ele.

_ Não coloca na boca filho.

_ Bigado papai.

_ Esse é manhoso como o pai, olha como ficou derretido com a rosa.

_ Não sou manhoso e nem estou derretido Cristina, só gostei do gesto dele, não prometeu nada e entregou ao menos alguma coisa.

_ Como eu disse, fez o minimo.

_ Deixa de ser implicante sua rabugenta.

Tiro o cartão do buque e o leio. ( Parabéns pelo nosso dia amor. Que essa data se repita por muitos anos. Te amo muito)

Leio o cartão e me decepciono um pouco, não pelas palavras mas pela letra nem ser dele, mas procuro não demonstrar minha decepção pra Cristina e meu filho.

Abro a sacola e pego a caixinha da cartier e a abro me decepcionando ainda mais com a pulseira que eu ja tenho e Lucas sabe disso pois é uma das que eu mais uso no dia a dia, inclusive eu a estou usando neste momento. Com certeza foi a secretária dele que a comprou, ele só deve ter pedido que comprasse alguma jóia de valor relevante. Ja eu fui pessoalmente a joalheria comprar mais um rolex pra coleção dele que eu sabia que ele amava. Meu desagrado não é nem pelo valor do presente, posso me mimar com artigos de luxo sempre quando quero, não me importaria se ele não tivesse condições financeiras de me dar nada isso não á o problema, o problema é o descaso, o desleixo dele comigo.

_ Pusera bonita papai.

_ É filho. É bonita.

Olho pra Cris e ela está reparando na pulseira na caixa e na que está em meu pulso.

_ È bonita mesmo querido, pelo menos se você perder uma ja tem outra.

_ Claro. Olha como meu namorado é atencioso. 

Digo sarcástico, ela ri e coloca as flores num vaso.

_ Mas também você tem tantas, ele pode ter se confundido.

_ Tenho tantas e conheço todas e essa diga se de passagem, essa que ele me deu é da coleção passada, pelo menos tivesse pedido pra quem fez a gentileza de comprar que comprasse da coleção nova.

_ Você é bem exigente também né? Quer que eu fique pra jantar com vocês?

_ Não precisa Cris. Eu vou pedir uma comida pra eu e o Bení e improvisar uma sessão de desenhos.

_ Oba. Quéio pitisa papai.

_ Pedido aceito meu bebê. 

Dou um beijo nele e o tiro do balcão.

_ Você ja está de banho tomado, muito cheiroso. Agora é a vez do papai.

_ E eu vou indo. Thau pra vocês meninos, até amanhã.

Ela da um beijo em cada um de nós e vai embora. Eu resolvo assistir no quarto mesmo, deito meu filho em minha cama, ligo a televisão no bob esponja peço pizza e vou tomar banho enquanto a pizza não chega.

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora