TOMÁSAcordo assustado com um barulho alto e tento me situar onde estou, olho pro lado e vejo meu filho deitado comigo numa manta que forramos, o barulho aumenta e eu me lembro que estamos na pedra da cachoeira olho pra cima e vejo a água aumentando assustadoramente. Que merda é essa? A água vem mostruosamente pro nosso lado e eu ainda grogue de sono só tenho tempo de gritar com meu filho que acorda chorando de susto.
_ BENII..
O empurro com força da pedra e ele cai no gramado, quando vou me jogar a água ja cobre a pedra com toda força me levando com ela, tudo isso em questão de segundos. Me agarro a um galho e avisto meu filho chorando e querendo entrar na água pra me ajudar e eu morro de medo que isso aconteça.
_ CORRE FILHO, BUSCA AJUDA..
Grito segurando firme no galho e engolindo água, ouço barulho de carro freando e algo parecido com casco de cavalo mas o barulho da água está tão alto que não tenho certeza de nada, minha única preocupação é sair daqui e acalmar meu filho. No instante que o galho quebra ainda consigo visualizar meu irmão e Henrique chegando correndo na beira da cachoeira, choro de alívio. Bato a cabeça em algo e quase perco os sentidos mas consigo me segurar novamente em alguma coisa que nem identifico o que é, sinto algo quente escorrendo de minha testa e tenho certeza que é sangue.
_ TOMMY.. SEGURA NA CORDA..
Quase me afogando e engolindo água vejo ele jogando uma corda, tento segurar mas não consigo.
_ SEGURA TOMMY..
Ele joga novamente e novamente não consigo, ele desesperado ameaça entrar na água mas é segurado por uns homens.
_ Não entra Henrique..
Eu tento gritar pedindo pra ele não entrar mas acho que só sai um sussurro, me sinto fraco.
_ PEGA A CORDA TOMÁS..
Ele a joga novamente e dessa vez eu tomo impulso e solto o mato que segurava e ainda bem que consigo agarrar a corda senão a correnteza me levaria. Henrique me pede pra passar o laço em volta do meu corpo mas juro que não consigo, nem tento na verdade pois me sinto fraco e acho que estou bem machucado por estar batendo meu corpo nas pedras, agora estou sendo puxado por eles e faço um esforço enorme pra não soltar a corda, não sinto dor apenas fraqueza e muito medo. Eles conseguem me tirar da água e meu filho, João e Henrique choram demais me olhando e eu me dou conta que devo estar horrível, estou tremendo e sentindo muito frio. Sinto Henrique me pegar no colo e só agradeço em pensamento por estar vivo e fecho os olhos apagando.
Acordo um tempo depois e pelo quarto branco e com cheiro de desinfetante sei que estou num quarto de hospital. Meu irmão entra no quarto com uma xícara na mão e sorri ao me ver.
_ Acordou Ton ton. Que susto nos deu hein.
_ Cade Benicio?
_ Está com a Fran em casa, não se preocupe, ele está bem.
_ O Henrique está aqui?
_ Está. E também o papai, sua mãe, seu padrasto e... e seu ex..
Eu arregalo os olhos me espantando. Minha mãe e meu padrasto tudo bem, apesar de eu achar que não tem necessidade eles estarem aqui. Mas o Eduardo? O que ele faz aqui?
_ O que? Quem chamou o Eduardo aqui?
_ Sua mãe. O papai ficou preocupado pois você bateu a cabeça, teve várias escoriações pelo corpo aí ele ligou pra ela, foi quando ela chegou aqui com o safado a reboque.
_ Eu não quero ver ele, diga pra ele ir embora.
Digo puto da vida e em pânico, ver esse cara me remete a uma coisa muito ruim que eu quero esquecer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O PEÃO DA FAZENDA
RomanceELES SE CONHECERAM AINDA CRIANÇAS, TIVERAM UM ROMANCE NA ADOLESCÊNCIA. ROMANCE ESSE QUE FOI INTERROMPIDO PELO PAI DO TOMMY QUE É O PATRÃO DO PAI DO HENRIQUE. ELES FORAM INCOMPREENDIDOS E SURRADOS, ISSO DEICOU UMA MARCA EM TOMMY QUE ELE DIFÍCIL IRA E...