CAPÍTULO 30

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TOMÁS

Acordo assustado com um barulho alto e tento me situar onde estou, olho pro lado e vejo meu filho deitado comigo numa manta que forramos, o barulho aumenta e eu me lembro que estamos na pedra da cachoeira olho pra cima e vejo a água aumentando assustadoramente. Que merda é essa? A água vem mostruosamente pro nosso lado e eu ainda grogue de sono só tenho tempo de gritar com meu filho que acorda chorando de susto.

_ BENII..

O empurro com força da pedra e ele cai no gramado, quando vou me jogar a água ja cobre a pedra com toda força me levando com ela, tudo isso em questão de segundos. Me agarro a um galho e avisto meu filho chorando e querendo entrar na água pra me ajudar e eu morro de medo que isso aconteça.

_ CORRE FILHO, BUSCA AJUDA..

Grito segurando firme no galho e engolindo água, ouço barulho de carro freando e algo parecido com casco de cavalo mas o barulho da água está tão alto que não tenho certeza de nada, minha única preocupação é sair daqui e acalmar meu filho. No instante que o galho quebra ainda consigo visualizar meu irmão e Henrique chegando correndo na beira da cachoeira, choro de alívio. Bato a cabeça em algo e quase perco os sentidos mas consigo me segurar novamente em alguma coisa que nem identifico o que é, sinto algo quente escorrendo de minha testa e tenho certeza que é sangue.

_ TOMMY.. SEGURA NA CORDA..

Quase me afogando e engolindo água vejo ele jogando uma corda, tento segurar mas não consigo.

_ SEGURA TOMMY..

Ele joga novamente e novamente não consigo, ele desesperado ameaça entrar na água mas é segurado por uns homens.

_ Não entra Henrique..

Eu tento gritar pedindo pra ele não entrar mas acho que só sai um sussurro, me sinto fraco.

_ PEGA A CORDA TOMÁS..

Ele a joga novamente e dessa vez eu tomo impulso e solto o mato que segurava e ainda bem que consigo agarrar a corda senão a correnteza me levaria. Henrique me pede pra passar o laço em volta do meu corpo mas juro que não consigo, nem tento na verdade pois me sinto fraco e acho que estou bem machucado por estar batendo meu corpo nas pedras, agora estou sendo puxado por eles e faço um esforço enorme pra não soltar a corda, não sinto dor apenas fraqueza e muito medo. Eles conseguem me tirar da água e meu filho, João e Henrique choram demais me olhando e eu me dou conta que devo estar horrível, estou tremendo e sentindo muito frio. Sinto Henrique me pegar no colo e só agradeço em pensamento por estar vivo e fecho os olhos apagando.

Acordo um tempo depois e pelo quarto branco e com cheiro de desinfetante sei que estou num quarto de hospital. Meu irmão entra no quarto com uma xícara na mão e sorri ao me ver.

_ Acordou Ton ton. Que susto nos deu hein.

_ Cade Benicio?

_ Está com a Fran em casa, não se preocupe, ele está bem.

_ O Henrique está aqui?

_ Está. E também o papai, sua mãe, seu padrasto e... e seu ex..

Eu arregalo os olhos me espantando. Minha mãe e meu padrasto tudo bem, apesar de eu achar que não tem necessidade eles estarem aqui. Mas o Eduardo? O que ele faz aqui?

_ O que? Quem chamou o Eduardo aqui?

_ Sua mãe. O papai ficou preocupado pois você bateu a cabeça, teve várias escoriações pelo corpo aí ele ligou pra ela, foi quando ela chegou aqui com o safado a reboque.

_ Eu não quero ver ele, diga pra ele ir embora.

Digo puto da vida e em pânico, ver esse cara me remete a uma coisa muito ruim que eu quero esquecer.

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora