CAPÍTULO 8

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TOMÁS

Benício como sempre se joga em meus braços e o aperto o erguendo.

_ Oi meu amor, papai estava com saudades.

_ Também papai, tia Cris fez bolo de bigadeio e trose pra você.

_ É? E cade?

_ Ta com tio Dã.

Vou a cozinha atrás de Danilo.

_ Você foi busca lo na Cris?

_ Fui. Imaginei que você se sentiria melhor ao ve lo. Chorou a noite toda que Deus deu hein? Fiquei sem saber o que fazer só te abracei e acordei com você com a cabeça em cima do meu ombro, ta doendo a beça.

_ Tio Dã ta dodói?

Eu coloco Beni num banquinho.

_ Não amor fica tranquilo.

_ Poque o tio fao que você choou papai?

Eu suspiro e olho pro meu filho enquanto Danilo faz a mesa de café da manhã com as coisas que ele trouxe da rua.

_ O papai ficou um pouco pra baixo filho, mas agora que você chegou ja estou melhor.

_ Tia Cris disse que tio Dudu tava aqui. Cade ele?

Danilo me olha.

_ Melhor falar pra ele Tommy. O garoto precisa parar de invocar esse nome.

Me sento na mesa com meu filho e Danilo senta também.

_ Eu e o tio Dudu não estamos mais juntos filho. Ele não virá mais aqui.

_ Ele foi imbóia?

_ Foi. A gente conversou e decidiu que era melhor assim.

_ Mas papai poque ele foi imbóia? Ele fao que é meu papai também.

_ Que filho da puta!

Danilo comenta baixo mas eu ouço. Fico com a voz embargada e o choro quase estourando pra sair pelo que meu filho fala.

_ Seu pai sou eu meu amor, você não precisa de outro porque o tanto que eu ti amo é maior que o universo inteiro, ta? O Edu foi embora mas você tem a Cris, seus avós, o tio Dan..

_ Eu ti amo carinha, você é como um filho pra mim.

_ Eu sei tio, você disse que eu e papai somo sua famiia.

_ Vocês são mesmo, meu porto seguro, minha exceção ja que eu sou o cara mais mal humorado do mundo inteiro. Agora me ajuda a convencer o papai a comer um pouquinho?

_ Ja bebi café Dan. Não quero mais nada, não desce.

_ Vai fazer desfeita com o bolo de brigadeiro? Que falta de consideração Tommy.

Olho Danilo o fuzilando com os olhos. Benicio pega um pratinho coloca um pedaço enorme de bolo que ja estava cortado e me serve, Danilo gargalha alto e eu fico sem saber o que fazer olhando pro bolo.

Ja tomamos café e Danilo está organizando a cozinha pra mim enquanto eu arrumo as coisas de Eduardo numa bolsa, não quero nem um fio de cabelo dele em minha casa. Benicio está aqui perto de mim bricando com o homem aranha que nesse momento está escalando as paredes e móveis do quarto.

Danilo aparece na porta do quarto.

_ Vamos tomar um banho campeão?

_ Ha tio.

_ Ha tio nada. A Cris disse que ainda não havia e te dado banho e eu ja estou sentindo cheirinho de jiló de longe.

_ Não sou jió.

_ Então não é você mas você continua sujo rapazinho, vem logo que hoje eu não trouxe a minha paciência.

_ Você nunca trais tio.

Meu filho comenta rindo.

_ Por isso mesmo você precisa me obedecer antes que eu transforme esse homem aranha numa aranha feia e asquerosa.

Benício sai correndo pra esconder o boneco e Danilo vai atrás me fazendo rir, não sei o que seria da minha vida sem meu amigo. Meu celular toca olho no visor e é meu pai.

_ Oi pai.

_ Oi Tom. O pai está saudades de você e do Benicio. Não tem dado pra eu ir ai.

_ Eu sei pai, também estamos com saudades. Eu e ele estamos bem não se preocupe, vem quando der. E o João está bem?

_ Ele está. Sonhei com você está noite, e agora estou te sentindo meio triste. Tem certeza que está bem?

Meu pai me conhece bem demais.

_ Eu não estou muito bem pai mas irei ficar, eu e o Edu terminamos.

_ Porque? Você estava tão empolgado com o aniversário de namoro.

_ Ele estava me traindo, a meses..

_ Como é que é? Você tem certeza filho? Porque você é ciumento pode ter interpretado mal alguma coisa  então...

_ Eu os peguei na cama pai.

_ Porra. Que filho da mãe. Eu vou ai com vocês... darei um jeito aqui..

_ Pai não precisa. Danilo está aqui comigo, tem sido meu porto seguro.

_ Eu sei que Danilo foi um achado mas eu quero te ver filho, quero ao menos te abraçar. Vem passar uns dias comigo na fazenda, eu ja te pedi perdão centenas de vezes por aquele episódio mas você nunca mais pisou os pés aqui, não sabe como me arrependo daquilo.

Minha voz embarga, pois apesar de eu ja o ter perdoado aquilo foi horrível mesmo, me marcou real.

_ E eu te perdoei pai, esquece isso.

_ Não tem como eu esquecer, eu te machuquei e foi a pior coisa que fiz na vida. Vem pra cá filho, trás o Beni pra conhecer a fazenda, meu neto irá gostar daqui.

_ Tenho o meu trabalho.

_ Até onde eu sei você tem funcionários que são muito competentes.

Meu pai ainda continua tentando me convencer e eu estou seriamente pensando em ir, preciso me afastar um pouco daqui.

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora