CAPÍTULO 16

444 44 0
                                    


TOMÁS

Quando acordo ja passava um pouco das oito horas, me levanto devagar pra não acordar Danilo e vou ao banheiro. Faço minha higiene e tomo um banho, visto um shorts jeans rasgado, uma camisa azul básica e só calço chinelos, vou ao quarto de Benicio mas o encontro ainda dormindo, acho um pouco estranho mas depois me lembro do quanto ele se cansou no parque ontem a noite e dou um sorriso.

Vou a cozinha onde encontro Fran e mais uma moça.

_ Bom dia.

_ Bom dia Tom. Dormiu bem?

_ Dormi Fran. Bom dia moça.

_ Bom dia.

Ela diz tímida.

_ Essa é a Goreth, ela vem me ajudar na lida da casa algumas vezes na semana.

_ A sim.

_ Vai querer café?

_ Sim por favor. Com leite, ovos mexidos, e um pedacinho desse pão caseiro, ta com uma cara boa.

_ Hum gostei de ver.

_ E o meu pai e João?

_ Foram pra roça desde cedo, hoje é dia de colheita de milho.

_ Danilo e Benicio ainda estão dormindo, eu vou tomar café e trabalhar um pouquinho pelo computador, assim que Beni acordar você me chama por favor?

_ Pode trabalhar tranquilo, eu amo cuidar daquela fofura.

_ Mas você está cheia de coisa pra fazer Fran, não quero te atrapalhar.

_ Não se preocupe, só faltam os quartos pra limpar e o almoço ja está adiantado, deixa eu fazer meu papel de vó.

_ Ta bom teimosa, mas me chame se precisar.

Ela me entrega meu café da manhã e eu como tudo milagrosamente, em seguida vou ao quarto pegar meu notebook e vou trabalhar no escritório do meu pai. Fico entretido com os negócios e só percebo que se passaram horas quando Danilo e Benicio entram no escritório.

_ Achamos o papai Beni.

_ Oi meu amor.

_ Papai.

Benício se senta em meu colo e eu vou encerrando as abas pra dar atenção a eles.

_ Está corado, o passeio realmente te fez bem, só faltou o beijo pra finalizar com chave de ouro.

_ Que bejo tio?

_ Beijo que seu pai e seu pa...

_ DANILO! Esse beijo aqui Beni.

Encho meu filho de beijinhos e ele ri com aquela gargalhada gostosa de neném.

_ Para pai.

_ Seu pai é lerdo demais Beni.

_ E você é besta demais.

_ Papai, vovô chamou pa almuçar.

_ Ja? Que horas são?

_ Provavelmente hora de café da manhã, sua família almoça na hora que o galo canta.

_ Faz tempo que acordou senhor mal humorado?

_ Não. Um certo rapazinho foi te procurar e me acordou.

Pego na mão do Benicio e saímos do escritor.

_ Está explicado o mal humor.

_ Amanhã to indo pra São Paulo. Você me leva na rodoviária?

_ Pensei que iria ficar mais uns dias.

_ Eu queria mas de quarta em diante o movimento aumenta no bar e meu gerente fica sobrecarregado, mas eu volto na segunda-feira.

_ Então vai com meu carro, eu não sei quando volto pra São Paulo mas não será por esses dias.

_ Eu aceito. Odeio andar de busão.

Chegamos na cozinha e a mesa está cheia, vejo que tem alguns dos peões que pegaram o prato e foram comer na mesa de fora, tem o refeitório pra todos eles também mas esses deviam estar trabalhando no estábulo hoje que é ao lado da casa. Cumprimento a todos e meus olhos param em Henrique que me olha também.

_ Oi.

Digo especialmente a ele que responde com um sorriso e uma piscada que me desconcerta. O que foi isso Henrique?

_ Tava trabalhando meu filho?

_ Estava pai, tenho funcionários competentes mas gosto de ficar sempre por dentro de tudo.

_ E você está certo.

Fran pega Benicio pra sentar perto dela e quando eu vou sentar perto do meu pai Danilo praticamente se joga na cadeira me restanto somente uma cadeira ao lado de Henrique, João da risada sem disfarçar. Eu fico sem graça mas me sento ao lado dele fuzilando Danilo com os olhos mas ele nem se abala. Vejo que Fran serve Benicio e o ajuda a comer, então me sirvo de arroz e um frango com quiabo que só com o cheiro me fez salivar.

_ Fui ao seu quarto hoje cedinho filho, vi que estava dormindo com o Danilo. Vocês dormem juntos?

Meu pai solta essa informação de um jeito que parece uma granada e Henrique se engasga ao meu lado, precisando eu o outro cara que estava sentado do outro lado dele o acudir.

_ Seu Miguel eu e o Tommy dormimos juntos desde a primeira vez quando nos conhecemos, eu o encontrei em meu bar praticamente em coma alcoólico e o levei pra minha casa, como minha casa é menor que uma lata de sardinha, só tem uma cama e o sofá é duro pra um cacete, eu o coloquei pra dormir comigo. Desde então pra eu e ele é super normal dormirmos junto mas é dormir mesmo, literalmente. Até porque eu sou hétero. Ontem quando o Tommy chegou em casa eu fui ao quarto dele conversar porque estava sem sono e acabei dormindo com ele.

_ Ta bom. Só achei estranho, vocês jovens são muito modernos.

Não comento nada e continuo comendo minha comida. Não devo nada pra ninguém mas me senti mal, com receio que o Henrique pense que eu fico com o Danilo. Não que isso seja da conta dele, mas sei la não sei explicar.

Terminamos de comer, Henrique ficou calado quase o almoço todo, só interagiu um pouco com meu pai e Benicio. Que merda.

Meu pai pai levou Benicio pra deitar com ele pós almoço e eu resolvo colocar um tênis pra caminhar um pouco na fazenda, Danilo me acompanha.

_ É gostoso aqui Tommy, lugar fresco, bonito.

_ É sim.

_ Vai até aonde?

_ Na cachoeira.

_ Vai ficar assim respondendo feito um robô.

Eu bufo.

_ Porque meu pai foi falar aquilo na mesa?

_ O que? Que a gente dorme junto?

_ É. Henrique ficou estranho depois disso.

_ Ficou com ciúmes e foda se. Nem ele e nem ninguém tem nada com isso.

_ Não é questão disso é que me fez parecer um cara promíscuo que fode aleatoriamente por ai.

_ E daí se fosse? Seu irmão e Henrique até onde eu sei não são santos deixa ele pensar o que quiser, você sabe de sua verdade e é o que importa. Eu expliquei la na mesa que a gente não tem nada, e se vocês vierem a namorar e ele pedir pra você se afastar de mim você o fará?

_ Claro que não.

_ Ótimo, você ja está pensando em namoro com ele ao invés de estar pensando naquele merda de traidor, isso é pra comemorar.

_ Danilo você não presta, eu pensei que fosse uma pergunta retórica seu imbecil.

Seguimos pra cachoeira conversando e ficamos mais de uma hora deitados sob uma rocha na sombra, voltamos pra casa só quando eu achei que Benicio teria acordado.

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora