CAPÍTULO 13

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TOMÁS

Eu e meu irmão conseguimos convencer Danilo a montar num cavalo manso e eu o levo a uma cachoeira aqui da fazenda, no caminho encontramos meu pai e Benício na caminhonete do meu pai mas ele prefere ir pra casa almoçar com ele, meu pai com certeza está o mimando tanto que ele não irá querer sair de perto dele tão cedo. Paramos na cachoeira e eu amarro os cavalos perto da árvore pra eles tomarem água.

_ Cara, aqui é o paraíso. Como é que você conseguiu passar tanto tempo sem vir aqui?

_ É lindo né? Eu fui muito magoado aqui Dan, meu pai me humilhou na frente de todos, fiquei com vergonha de voltar.

_ Vergonha de que? Tu também é dono daqui, aliás quer casar comigo?

Olho pra ele sem entender.

_ Porque eu me casaria com você?

_ Porque tu me ama e também porque seu melhor amigo se tornaria um dos herdeiros desse paraíso.

_ Interesseiro.

_ Aquele que estava no estábulo é o seu Henrique?

_ Meu não, mas ele é o Henrique pelo qual fui apaixonado sim.

_ Tu dava conta de um homem daquele? Cara que homão da porra.

_ Éramos bem novos Danilo, hoje ele está diferente, a lida na fazenda deu aqueles músculos a ele.

_ Parece rato de academia, eu se fosse tu pegava ele pra mim.

Eu dou risada.

_ Nem se ele quisesse. Estou fugindo de relacionamento por enquanto.

_ E quem falou em relacionamento? Uma boa trepada com um homem daquele e tu nem se lembra mais do finado.

Eu tiro minha camisa, sapatos e calça e entro na cachoeira.

_ Era o que eu deveria estar fazendo mas sei lá, é constrangedor falar isso mas parece que nunca irei esquecer o Eduardo.

_ Vai encarar essa água fria? Tu é doido.

_ Fria nada, vem ca Danilo a água está gostosa.

_ Gostosa é uma boa chupada.

Ele se senta perto da árvore e eu nado um pouco e quando começo a ficar com frio saio da água e me sento na grama perto dele.

_ Parece que o tempo não passou por aqui sabe? Tudo está no mesmo lugar.

_ É difícil transportar uma cachoeira de lugar.

_ Você entendeu seu puto.

Ele da uma risada.

_ Voltando ao assunto sobre o Henrique, meu irmão me disse algumas vezes que o Henrique é o pegador das redondezas, pega todos e todas sem exceção.

_ Ele é bi?

_ Sim. Perdeu a virgindade com uma mulher, eu fui o primeiro homem que ele ficou, eu o amava sabe. Doeu muito ficar longe dele.

_ Quem sabe esse amor está adormecido dentro de você.

_ Eu era um adolescente Danilo, e nessa fase tudo é muito intenso.

_ Pode ser e pode não ser.

Ele muda de posição e se senta de frente a mim.

_ Você ja parou pra pensar que talvez o que sinta pelo Eduardo não seja amor?

Eu rio de Danilo.

_ Antes não fosse.

_ Para pra pensar comigo. Quando nos conhecemos você tinha dezenove anos e fodia pra caralho mas sem compromisso, ok essa fase é de rebeldia mesmo, mas até então seu único namorado tinha sido o Henrique que você disse que o amava, ai vem seu filho e você aquieta o facho, até porque convenhamos que um filho trás limitações. Ai você conhece o Eduardo, começam de cara a namorar e porra, eu sempre notei que vocês não estavam na mesma página você sempre reclamava dele e eu me perguntava porque você não metia o pé e parando pra pensar eu tenho essa resposta. Você não se livrava dele porque você tinha medo de ficar sozinho, tinha medo de outra pessoa não te aceitar com filho porque sua alto estima despencou achando que a pessoa ao seu lado estava te fazendo um favor em ficar e por isso você aceitava as migalhas daquela desgraça, você queria um companheiro que te amasse e compartilhasse com você suas noites solitárias...

_ Não era bem assim..

_ Era e você sabe, espero que você descubra logo que não ama aquele cara. Você amava um companheiro que você idealizou, você buscou nele uma pessoa pra dividir uma vida de casado com você mas ele não é essa pessoa, ele é digno de pena por não ter enxergado a pessoa especial que você é.

_ Você falando parece um poeta.

_ Você não faz idéia das coisas que ouço no balcão daquele bar, a gente acaba aprendendo alguma coisa.

Ficamos conversando mais um pouco na cachoeira e depois voltamos pra casa. Todos da família ja haviam almoçado, Benicio estava dormindo e Danilo foi almoçar. Eu fui pra sala conversar um pouco com meu pai.

_ Não vai almoçar filho?

_ Não estou com fome.

_ Precisa se alimentar. Fran comentou que você mal tomou o café da manhã e Danilo disse que você não tem comido nada depois do término.

_ Danilo é exagerado, não é bem assim também.

_ Você precisa se distrair também, tem um parque novo que abrimos aqui, seria bom se você fosse e levasse o Benicio...

_ Seu Miguel... desculpe não sabia que estavam conversando..

_ Que isso, pode entrar Henrique. Eu só estava dizendo pro Tommy sobre o parque que inauguramos mês passado, seria bom ele ir com o Benicio e o Danilo.

Eu fico calado e Henrique pigarreia.

_ Se quiser posso acompanha los.

_ Imagina Henrique, você acorda cedo todo dia, não quero te atrapalhar.

_ Não irá me atrapalhar em nada, estou acostumado a dormir tarde. Se quiser acompanho você, Benício e seu amigo de boa.

_ Nos acompanha aonde?

Danilo entra na sala e pergunta

_ Ao parque Danilo. Eu estava dizendo ao Tommy sobre ele e Henrique se ofereceu para os levar, topa?

_ Eu terei que recusar, estava almoçando com dois peões e ele me convidaram pra uma moda de viola no final da tarde.

_ Isso é bom também.

_ Mas o Tommy vai com o Henrique né Tommy? Será ótimo pra você e o Beni.

Eu os olho e sem saída só confirmo com a cabeça. É só uma simples ida ao parque né.

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora