CAPÍTULO 23

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TOMÁS

Henrique muda de posição e olha pra frente.

_ E você vai?

Pergunta sem me olhar.

_ O que? É claro que não, eu nunca irei voltar com Eduardo, não quero nem mais o ver em minha frente.

_ Você ainda o ama.

Ele afirma e eu não sei o que responder.

_ Eu ja nem sei mais o que sinto, eu te disse que estou confuso..

Digo baixinho e ele baixa a cabeça, ficamos um tempo em silêncio só escutando o barulho das águas ai eu me lembro do que minha mãe falou e comento com ele.

_ Ela disse também uma coisa que me deixou assustado...

Ele me olha e eu continuo.

_ ... falou sobre uma ameaça que fez ao meu pai, disse pra eu avisar pra ele que se eu continuasse aqui e me envolvesse com você dessa vez ela irá cumprir a ameaça.

_ Ameaça?

Ele me pergunta de olhos tão  arregalados que até me assusto. 

_ Pelo menos foi o que entendi, por isso eu disse ao meu pai que queria conversar com ele.

_ Então foi por isso... porra foi isso..

_ Isso o que Henrique?

_ Foi por causa de uma ameaça que seu pai nos bateu e te expulsou daqui daquela forma.

_ O que? Não. Minha mãe jamais pediria pro meu pai me bater ainda mais daquela forma. Ela quase chamou a polícia quando me viu naquele estado e além do mais ela mesma nunca me bateu, isso não faz sentido.

_ Do que se trata essa ameaça então? Tommy eu sempre desconfiei que seu pai por mais que ele não entendesse na época uma relação homoafetiva ele nunca iria te bater daquele jeito, não em você. Ele ama você e o João mas você é o garotinho da cidade dele como ele sempre diz, você sempre foi mais delicado e mais dependente que o bronco do João. Você acha mesmo que seu pai iria te bater daquele jeito sem um motivo muito contundente? Este homem até hoje embarga a voz ao comentar sobre isso.

_ Como minha mãe iria o obrigar a me dar uma surra? A me expulsar daqui? Se bem que...

_ O que Tommy?

_ Ela ficou possessa por eu estar aqui e como se eu fosse uma criança me ordenou que voltasse imediatamente pra São Paulo. Ela estava tão alterada que nem perguntou pelo neto.

Agora que me dou conta deste fato.

_ Converse com seu pai Tommy. Tenho certeza que se tiver alguma coisa ele não conseguirá esconder de você.

Passo as mãos pelo rosto ja ficando com dor de cabeça.

_ Uma coisa deu pra perceber com essa ameaça de sua mãe.

_ O que?

Pergunto pra ele e ele volta a se sentar de frente pra mim.

_ Que ela me odeia e o medo dela é que você se envolva comigo.

_ É sério Henrique? Porque ela iria te odiar?

_ Talvez não odiar mas ela não quer nosso envolvimento e eu posso apostar que é porque eu sou só um peão pobre, um caipira bronco que não tem onde cair morto.

_ Para de falar besteira Henrique. Meu pai é peão, é caipira e ela foi casada com ele por oito anos.

_ Olha a sua volta Tommy. Seu pai é dono disso tudo, é terra farta de produção a perder de vista, o homem pode ser caipira mas é milionário, isso se não for bilionário, não tem comparação.

Eu não tenho o que dizer porque reconheço que ele tem razão, pelo menos nesse ponto de vista.

_ Eu não ligo pra isso Henrique, nunca fiquei com alguém pela quantidade de zeros em sua conta bancária.

Ele me olha intensamente.

_ Sua mãe não pensa assim.

Eu ja tinha reparado isso em minha mãe pois o ciclo de amizades dela é só a burguesia mas eu não sou assim.

_ Se ela pensa é coisa dela, eu não compartilho desses pensamentos e me espanta você pensar que sou assim.

_ Não Tommy, eu não disse isso, é só que sua mãe...

_ Eu sou maior de idade Henrique. Sou dono de mim, pago as minhas contas, crio meu filho e não dependo de minha mãe pra nada, a amo mas isso não interfere em minhas escolhas.

_ Sempre com essa boquinha afiada e esse nariz empinado, adoro isso em você.

Ele se aproxima de mim sorrindo e me da um selinho. Esquecendo de todas minhas defesas o agarro pela nuca e aprofundo nosso beijo que ele prontamente retribui me puxando pro colo dele. Enroscamos nossas línguas com urgência e muito tesão, não sei como mas vou parar deitado de costas na pedra com ele por cima de mim entre minhas pernas sarrando nossos paus, quase enlouqueço com a intensidade de nosso desejo e gemo em seus braços, nos falta fôlego e ele me olha com olhos vidrados.

_ Você é lindo Tommy.. nunca esqueci o gosto dessa boca que é o melhor do mundo...

Sem me deixar falar ele me beija novamente e foi quando ouvimos barulho de casco de cavalo e paramos de nos beijar mas ficamos deitados na pedra de frente um por outro nos olhando e sorrindo.

_ Eu quero você Tommy...

Ele diz de repente e eu perco o ar.

_ ... não aqui, não numa rapidinha no horário de almoço, poderia ser assim também afinal ja fizemos isso a anos atrás e era bom demais, mas é que estou a tanto tempo sonhando em ter você que pra começar uma noite inteira não seria suficiente...

Solto o ar que segurei pra ouvir o que ele iria falar, ouço e concordo com ele porém não verbalizo pois meu lado inseguro ainda se lembra da moça que ficou na casa dele ontem a noite quando saí.

_ E a tal Gorete? Conversou com ela?

Ele até muda a fisionomia pra me responder.

_ Conversei...

Ele diz num tom meio brabo.

_ .... agora te garanto que ela não aparece mais de supetão em minha casa.

_ Brigou com a moça?

_ Não mas fiz ela entender de uma vez por todas que pra ela desse mato aqui não sai coelho.

_ Como?

Pergunto rindo.

_ Tommy eu não quero nada com ela e não é de hoje que eu procuro deixar isso claro. Ela foi em minha casa sabendo que você estava la e depois quando levou um fora,  insinuou que eu só queria você porque você é filho do patrão, fiquei puto e botei ela pra correr.

A minutos atrás ele deixou claro o quanto esse assunto o incomoda então procuro amenizar o clima.

_ Devo me preocupar ao comer algo preparado por ela?

_ Para de graça que ela é inofensiva.

Coversamos mais um pouco mas logo temos que sair de nossa bolha pois o horário de almoço dele havia acabado, ele me deixa onde deixei meu carro e se despede, não sem antes me empressar na lataria do meu carro tomar minha boca com desejo e me deixar completamente sem fôlego e duro.

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora