CAPÍTULO 15

435 43 0
                                    


TOMÁS

Ele para o carro num acostamento e se volta pra mim.

_ A pior coisa que me aconteceu na vida foi ver você ser espancado em minha frente Tom, saber que foi expulso daqui então foi horrível... eu não me conformava de jeito nenhum. Peguei seu endereço em São Paulo com o João e pedi pra ele não contar nada ao seu pai, tive medo dele te levar mais longe ainda. Ai no meio da noite enquanto meu pai dormia eu arrumei uma mochila, eu tinha algum dinheiro que dava pra eu ir a São Paulo de ônibus. Fui e chegando la peguei um ônibus pro seu endereço, não foi fácil, São Paulo é grande demais.. cheguei no seu condomínio no meio do dia pois demorei demais na estrada, estava meio que perdido... com uma fome danada pois havia esquecido de levar algo pra comer... eu não tinha nada, só meia dúzia de moedas no bolso e um amor infinito dentro do peito, eu era louco...

Ele para e ri um pouco.

_ Onde é que eu tava com a cabeça né? Pra onde eu ia te levar? O que seria da gente?

Eu rio e choro ao mesmo tempo.

_ Como eu nunca soube disso? Porque o porteiro não interfonou?

_ Ele ligou pra sua mãe, ela foi até a portaria e mandou que eu voltasse embora.

_ Ela te mandou embora sem ao menos te mandar entrar pra conversarmos ou te dar uma água, comida?

Pergunto incrédulo. E ele só confirma com a cabeça.

_ Ela ligou pra João e ele foi me buscar. O danado chegou la umas duas horas depois e me levou pra comer num lugar. A fome nem estava me incomodando tanto, eu queria te ver, cuidar de você, fugir com você... sei la, eu só queria fazer meu papel de homem e cuidar do meu amor, eu estava com tanto ódio do seu pai.

_ Porque você voltou a trabalhar na fazenda?

_ Ele me pediu perdão Tom...

Ele diz me olhando nos olhos.

_ ... relutei muito em aceitar mas eu não queria sair daqui, além de gostar desse lugar tinha esperança de você voltar.

_ Henrique eu...

_ Eu sei Tom. Sei que tem um outro alguém que você ama, não estou te cobrando nada, a gente foi separado de uma forma abrupta e ja se passaram anos.

Eu suspiro sem ter o que falar.

_ Você também não ficou sozinho pelo que eu sei.

Ele ri e balança a cabeça em negação.

_ Distrações Tom. Eu precisava, mas ninguém nunca preencheu o lugar que você deixou.

Ele falando e olhando dos meus olhos pra minha boca é um convite a insanidade.

_ Henry... eu não sei, eu..

Ele sorri.

_ Henry... era assim que você me chamava. Eu te chamava de Tommy. Confesso que fiquei com ciúmes ao ver seu amigo te chamar assim.

Eu dou risada.

_ Ele disse que combina mais do que Tom.

_ Concordo com ele, mas esse apelido quem te deu fui eu. Mas deixa eu te falar, confesso que me surpreendi quando soube que você é pai.

_ Nem me fale..

Olho com orgulho e amor pro meu filho.

_ Olha o que uma foda pode fazer.

_ Mas você curte mulher?

_ Não. Eu estava bebado Henry. O Benicio foi o erro mais certo que cometi na vida, eu o amo tanto, ele é meu mundo inteirinho.

Ele sorri olhando pra Benicio também.

_ Ele parece com você. Só é mais corajoso.

_ Nem é pra tanto vai, eu ainda sei pegar um touro no laço.

_ Será?

Ele pega em minha mão me pegando desprevenido e me arrepiando inteiro.

_ Essa mão lisa e sem calo, mãos cuidadas, mãos moço da cidade.

Eu tiro minhas mãos dele.

_ Existem luvas pra isso e minhas mãos não são delicadas. Vamos pra casa?

_ Vamos. Você está bem? Valeu a pena sair um pouco?

_ Valeu Henry. A meses eu não me divertia tanto.

_ Nossa. Mas só fomos ao parque.

_ Por isso mesmo, eu gosto de coisas simples e quando incluem meu filho ficam melhor ainda.

Ele liga o carro e logo chegamos a casa da Fazenda. Ele pega meu filho na cadeirinha e eu os ursos e brinquedo que ganhamos.

Coloca Benicio na cama dele e eu o acompanho pra fora da casa.

_ Obrigado Henry de verdade.

_ Eu que agradeço, me diverti bastante também. Você e seu filho são especiais.

Engulo um seco com a intensidade do olhar dele sobre mim e entro pra dentro com o coração saindo pela boca. Entro no quarto do meu filho e começo a tirar a roupa dele pra colocar o pijama e passar um lenço umedecido em suas mãozinhas mas ele está tão melecado de algodão doce e maçã do amor que não vejo outra alternativa a não ser dar um banho nele. O pego com cuidado e levo pro chuveiro, é claro que ele acorda e fica bem manhoso mas dou banho rapidinho, escovo os dentes dele e visto um pijama, depois ele volta a dormir como se nada tivesse acontecido.

Pego meu urso e deixo o dele na cama com ele. Deixo ele seguro na cama e sigo para o meu quarto, entro tomo um banho rápido também, visto um pijama e quando vou me deitar me assusto com Danilo entrando em meu quarto.

_ Me conta tudo bonitão.

Ele diz se jogando em minha cama.

_ Seu eu fofoqueiro não te deixou dormir?

_ Não. Meu eu fofoqueiro está com a corda toda.

Me deito perto dele e conto tudo, inclusive a parte que Henry foi a São Paulo atrás de mim e também sob ele querer reinvidicar o apelido que me deu. Conversamos até altas horas e é claro que Danilo dormiu comigo, eu dormi com o coração quentinho como a tempos não dormia.

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora