CAPÍTULO 21

417 47 4
                                    


TOMÁS

Acordo um pouco cedo pois passei parte da madrugada pensando no beijo de Henrique e tenho certeza que é muito mais melhor do que me lembrava, como eu posso pensar no beijo de outro sendo que eu ainda amo o Eduardo, será que Danilo tem razão em dizer que não amo o Eduardo e sim a idéia de um relacionamento que eu idealizei? Não, eu não seria louco a esse ponto. Cansado de divagar e tentar entender meus sentimentos me levanto faço minha higiene e tomo um banho, visto cueca, camiseta preta de manga longa e calça jeans, hoje está frio e pretendo caminhar um pouco pela fazenda entes de trabalhar, calço um tênis e saio do quarto.

Vou ao quarto de Benicio e me surpreendo ao ver sua cama vazia, meu filho tem acordado cedo na fazenda, em casa faz uma manhã danada pra ir pra creche. Abro devagar a porta do quarto de Danilo e me surpreendo mais ainda ao ver sua cama vazia mas ouço um barulho de chuveiro ligado e dou dois toques na porta do banheiro antes de entrar mas mesmo assim sou recebido por seu mal humor matinal.

_ Estou pelado viado sai daqui. Posso ter privacidade ao menos no banheiro?

_ Bom dia pra você também senhor mal humorado.

Digo me sentando na privada fechada de costas pra ele.

_ Não vou olhar pro seu belo traseiro, vim ver se você está bem, estranhei você ja ter acordado. Nunca vi você acordar nesse horário.

_ Hoje estou um pouco mais mal humorado do que normalmente pois nem dormi direito. Cochilei no início da noite e acordei com meu gerente me ligando, nessa madrugada houve uma briga no bar.

_ Foi sério?

_ Quebraram mesas, garrafas, copos e algumas cadeiras.

_ Nossa. Mas alguém se machucou?

_ Pelo que eu saiba ainda não. Pelo menos não sério, mas estou indo pra la e vou atrás desses putos pra quebrar um por um. Prejuízo do caralho, uma par de gente saiu sem pagar.

Ele sai do box enrolado na toalha.

_ Cuidado com essas coisas.

_ Sei me cuidar Tommy. Foram uns estudantes que sempre frequentam meu bar, um bando de riquinhos metidos e mal educados mas comigo vão se foder, porque eu vou cobrar cada centavo do meu prejuízo.

_ E você vai agora?

_ Vou e não sei se volto na segunda, tenho que limpar essa merda pois pretendo abrir o bar ainda hoje pro prejuízo não ser maior. Pode me levar na rodoviária?

_ Mas você não vai de carro?

_ Não, eu quero descansar a cabeça até la e dirigindo ja chego em São Paulo estressado atirando pra todo lado.

Super concordo com ele e o ajudo arrumar a mala, ele deixa algumas peças de roupa por aqui mesmo. Tomamos café da manhã e eu pergunto a Fran sobre Benicio, ela diz que meu pai havia levado ele pra andar de cavalo, fico com o coração na mão, eu sei que fui criado praticamente em cima de um cavalo desde bebê e meu pai tomava bastante cuidado comigo mas olhando de fora parece muito perigoso, enfim agora entendo as aflições que minha mãe tinha naquela época.

Levo Danilo na rodoviária e fico la com ele até ele embarcar. Depois volto pra fazenda, Fran vem me encontrar na porta de casa com uma cara nada boa e eu praticamente perco o chão, fico apreensivo pensando ter acontecido algo com meu filho. Minhas pernas falham mas subo a escada da entrada de casa correndo.

_ Que foi Fran? Cadê Benicio?

_ Calma Tom, desculpa se te assustei, Benicio está bem. Vim te avisar que sua mãe ligou e estava bem alterada, me disse um tanto de desaforo mandou que você retornasse a ligação dela assim que chegasse.

_ Mas o que aconteceu?

Fran só da de ombros e sai. Vou ao meu quarto pego meu celular ja carregado e o ligo, ele liga ja chegando um monte de notificação que eu ignoro e ligo pra minha mãe que me atende quase que imediatamente.

_ Mãe?

_ Tomás Colin, como é que você me some assim sem avisar pra onde foi?

Eu me dou conta que realmente não a avisei e ainda deixei meu celular desligado.

_ Desculpa mãe é que você estava viajando e eu deixei a Cris, o porteiro do prédio e a minha empresa avisados que eu estou na fazenda do meu pai. Mas que bom que ligou, eu estava com saudades.

_ Se estivesse mesmo com saudades teria me ligado não é?

Eu não entendo o porque de minha mãe estar alterada e falando assim comigo.

_ Desculpa mãe, eu não estava bem e não queria te preocupar você estava viajando, iria conversar com você assim que retornasse.

_ Eu ja cheguei de viagem, seu celular só dava desligado então liguei pra Eduardo ele me disse que você terminou com ele, tenho certeza que foi seu pai e essa gente da Fazenda que fizeram a sua cabeça.

Fico até atordoado com o monte de absurdo que ela fala.

_ Ele te contou o que ele fez? Ele me traiu mãe, ele vinha me traindo a meses e...

_ E isso é desculpa pra terminar com o seu namorado?

_ O que?

Olho pro celular pra conferir se estou falando com a minha mãe mesmo. Estou chocado com o que ela disse.

_ Você acha que o Jonas nunca me traiu? Você acha que o seu pai nunca me traiu? Vocês homens são assim e isso é completamente normal, é apenas sexo. Volte pra São Paulo imediatamente Tomás, o Eduardo disse que te aceita de volta.

Me sento na cama assimilando o que ela disse e torcendo pra ter entendido errado.

_ Que merda é essa que você está me dizendo mãe? Eu não sei nem por onde começar a te questionar... você só pode estar sob efeito de alguma medicação e nem assim explica o tanto de absurdo que falou.

_ Eu estou perfeitamente lúcida Tomás e é por isso que não te quero nessa Fazenda, não esqueci o crime que cometeram com você no passado.

_ Que crime? A surra? Meu pai ja...

_ A surra não, estou falando daquele peão pedófilo que vivia atrás de você, se você teve algum contato com ele nesses dias que esteve por ai diga ao seu pai que irei cumprir a ameaça que fiz a ele a anos atrás.

_ Que ame...

Ela desliga o celular na minha cara e eu o deixo emcima da casa e sigo a passos largos atrás di meu pai. Que merda de ameaça é essa que eu nunca fiquei sabendo?

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora