CAPÍTULO 25

424 42 2
                                    


TOMÁS

Meu pai vai fazer seus afazeres na fazenda e eu vou atrás do meu filho que com certeza ja acordou, o encontro na cozinha comendo bolo com a Fran, dou um beijo na cabeça dele e vou pro quarto pegar meu celular. O pego e vejo dezenas de notificação ignoro algumas e respondo outras, tem ligações de minha mãe, meu padrasto, meu vice presidente, Danilo e um número que não está em meus contatos. Com minha mãe eu ja falei, com meu padrasto deve ser o mesmo assunto, mando uma mensagem pro vice presidente de minha empresa, o número desconhecido ignoro e retorno a ligação de Danilo que atende depois de três toques.

_ Oi Tommy.

_ Oi. Agora que vi sua ligação.

_ Tava aonde?

_ Cara nem te conto, aconteceu um monte de coisas hoje, várias revelações.

_ Que revelações?

_ Te conto quando você voltar. Quero saber se chegou bem e se conseguiu resolver aquele problema.

_ Fui atrás do pai de um dos caras, mostrei as imagens da briga e ele entrou em contato com os outros e me fizeram um depósito que acho que é o suficiente.

_ Que bom cara.

_ Mas me conta o que aconteceu.

_ Não Dan...

_ Nunca me conte uma fofoca pela metade com a intenção de deixar o resto pra depois Tommy. Vai, desembucha.

Conto pra ele tudo desde a ligação de minha mãe e pro meu espanto ele não fica surpreso.

_ Vindo de sua mãe não me surpreende Tommy. Desculpa falar.

_ Meu Deus até você Dan? O Henry me disse umas coisas dela e agora você, será que eu estive minha vida toda cego?

_ Sua mãe é uma boa pessoa até você não fazer as mais vontades dela Tommy. Ela é rodeada de gente podre de rica, você acha mesmo que ela deixará o único filho dela se relacionar com um pobre? Ela só me tolera porque ao menos eu sou classe média mas mesmo assim quando você morava com ela e eu ia em sua casa, percebia os olhares atravessados dela pro meu lado, ela mede o caráter das pessoas pela conta bancária. Agora sobre ela te encorajar a voltar com Eduardo me deixou de cara mesmo...

_ Pai.. pai quero sai papai..

_ Oiii carinha.. ja estou com saudades de você e dessa fazenda..

Coloco no viva voz pra Benicio conversar com Danilo enquanto troco de roupa e coloco um tênis e depois disso saio um pouco com ele pra andar a cavalo. A noite jantamos e Henrique e meu irmão não aparecem pois os bois derrubaram uma cerca e eles e outros peões tiveram que consertar. Sou convidado pra roda de viola que acontece perto daqui e me arrumo com meu filho pra ir com ele, vamos a pé mesmo pois segundo eles é perto. Levo Benicio no colo e não acho tão perto assim mas tudo bem, uma caminhada nunca fez mal a ninguém e eu ando sedentário mesmo.

Chegando la tava uma galera animada, todos cantando em volta de uma fogueira e assando milho pra comer, o som da viola rolava solto. Meu irmão logo chegou e me chamou pra sentar com ele, Benicio ficou num canto brincando com os filhos dos peões.

_ Tom, vou aproveitar que você está aqui pra fazer um jantar em família no sábado, quero apresentar uma pessoa a você e ao nosso pai.

_ E quem é? Alguma namorada?

_ É sim, não era sério mas estou gostando dela de verdade.

_ Que bom meu irmão, é a primeira vez que irei conhecer uma namorada sua pessoalmente.

_ Primeira e última espero, com essa eu quero me amarrar, chegou a hora sabe? Gosto dela e estou chegando aos quarenta, porra você é oito anos mais novo que eu e ja tem até filho.

_ Mas você vai casa por amor ou porque acha que está ficando velho?

_ Pelos dois motivos Tom. Eu e a Josi nos gostamos de verdade.

_ E você pretende casar e sair da Fazenda?

_ Ainda não sei, mas se eu sair o pai não fica só, tem a Fran.

_ Sim mas a Fran é uma funcionária apesar de morar com a gente.

Ele da risada.

_ Você é que pensa, ja vi o velho saindo sorrateiro do quarto dela algumas vezes de madrugada.

Eu dou uma gargalhada sincera.

_ Ela não estava brincando quando chamou o beni de neto.

_ Não mesmo, espero que papai assuma esse romance deles, mas falando em papai, ele me contou que vocês tiveram uma conversa hoje sobre a sua mãe.

_ Tivemos João, só não entendi porque ele ainda não havia me contado isso, ficou anos levando a culpa sozinho.

_ Ele não queria te botar contra sua mãe Tom.

_ Eu tinha o direito de saber João, e você como meu irmão deveria ter o convencido a me contar.

_ Você acha que eu não tentei? E pra falar a verdade demorou um tempo pra ele me contar também, só contou a uns dois anos atrás quando viu o Beni pela primeira vez e da um desconto pra ele, por que ele iria te contar naquele momento?

_ E o Henrique? Porque não contou pra ele?

_ Me contou o que?

Como se esperasse sua deixa, Henrique surge do nada.

_ Ta galã hein safado. Ta querendo conquistar quem?

Meu irmão pergunta pra ele que fica sem graça porém realmente está bonito e cheiroso, não exagerado mas bem diferente do dia a dia, Benicio chega pra o salvar da gracinha de João, ja chega pedindo colo pra Henrique que prontamente o recebe, eu fico feliz que eles se deram tão bem.

_ Tio Rique.. vamo laça boi?

Meu filho arranca uma gargalhada de todos nós, Henrique se senta perto de mim com Benicio no colo.

_ Agora de noite não da carinha, mas amanhã a gente laça mais um bezerro, você foi ótimo hoje.

_ Hum... ta bom mas o que a genti vai faze hoji..

Meu filho inclui Henrique em seus planos pra se divertir e me deixa surpreso.

_ Essa noite linda me remete a acampamento.

_ Obaaaa.

Meu filho da um grito de felicidade e João da dois pulinhos caindo na farra.

_ Eu vou matar vocês dois, onde eu arranjo um acampamento pra hoje? Esse garoto não vai me deixar dormir.

_ Hoje realmente não da...

Meu irmão fala.

_ Ha tio Jão e tio Rique, não da pra faze nada.

_ ... você não espera eu terminar. Eu estava dizendo que amanhã seu pai e o seu tio Rique irão providenciar um acampamento pra você.

_ Vamos?

Pergunto pra João.

_ Vão e eu irei ajudar pois aqui na fazenda tem várias lugares pra acampar. Agora vem comigo garotão que seu pai e tio Rique precisam conversar.

_ Oba. Acampa e joga laço amanhã.

_ Agora ele não dorme mesmo João, está ansioso e eufórico.

_ Dorme sim que o tio vai cuidar dele, teremos uma noite de tio e sobrinho e vocês juízo não façam nada que eu não faria.

João pega Benicio e vão pra casa conversando empolgadissimos parecendo duas crianças. Eu olho pra Henrique e ele está me olhando.

_ E ai? Vamos la pra minha casa? La a gente conversa mais a vontade.

Só confirmo com a cabeça e ele pega em minha mão entrelaçando nossos dedos, pegamos o caminho oposto a João e Benicio e fomos pra casa de Henrique.

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora