O PEÃO DA FAZENDA

CAPÍTULO 10

TOMÁS

No outro dia Benício me acorda cedo e eu me levanto feito um zumbi, dormi muito pouco essa noite pois não paro de pensar no meu ex. Ele realmente nem se importou com o nosso término, aparentemente está bem feliz por ter se livrado de mim, ja eu estou vivendo mecanicamente porque tenho um filho pra criar, senão nem da cama teria me levantado por esses dias. Dou banho nele e depois café da manhã, depois deixo ele brincando e ligo pro vice presidente da minha empresa explicando que ficarei ausente por uns dias mas trabalharei home office.

Faço strogonoff de frango, arroz, salada e suco de laranja e espero Danilo acordar pra almoçarmos, ele logo acorda e me elogia por ter reagido, se o Eduardo está feliz e de namorado "novo" eu tentarei não ficar tão mal pelos cantos, não posso dar a eles esse gostinho.

Ficamos descansando um pouco antes de pegar a estrada, não temos presa pois não avisei o meu pai, quero fazer uma surpresa. Pegamos a estrada por volta das dezessete  horas, Danilo e eu nos revezamos pois nem ele e nem eu dormimos bem a noite.

Chegando na fazenda ja estava escuro, me identifiquei na portaria e foi só atravessar os portões que lembranças boas e também dolorosas se fizeram presentes, aqui vive minha infância e parte da adolescência, aqui eu tive meu primeiro amor, daqui eu saí muito magoado e machucado.

Danilo e Benício ficam encantados com a fazenda, isso porque está um pouco escuro e não da pra ver direito, quando tudo clarear irão literalmente cair pra trás tudo aqui é muito lindo e pra mim nostálgico. Chego em frente ao casarão e estaciono buzinando. Logo meu pai e Francisca aparecem no topo da escada, eles descem rapidamente.

_ Não acreditei quando Marcos me interfonou da portaria meu filho...

Ele se joga em meus braços me abraçando apertado.

_ Oh meu filho que alegria te ver aqui..

Me solta me dando um beijo na bochecha e abraça Danilo, o Benício está nos braços de Francisca.

_ Oi Danilo, que bom que veio também.

_ Eu não perderia por nada senhor Miguel.

_ Sem senhor rapaz, amigos de meus filhos são meus amigos também.

_ Que lindinho seu filho Tomás, parece com você.

Francisca comenta e meu pai pega Benicio dos braços dele o abraçando no colo.

_ Oi amor do vovô.

_ Oi vovô.

Francisca me abraça e logo estamos entrando na casa da Fazenda.

_ Deixem as malas que logo elas estarão em seus quartos.

_ Que chique!

Danilo comenta.

_ Estávamos indo jantar meus amores, nos acompanhem.

Lavamos nossas mãos e sentamos a imensa mesa com eles.

_ Se eu soubesse que viriam teria preparado algo mais gostoso Tomás.

_ Está tudo perfeito como sempre Fran.

A mesma está farta, meu pai sempre a deixou assim para que os peões e funcionários da casa se sentissem a vontade pra comer também.

_ Cadê o João?

Pergunto ao meu pai que está servindo o Benício.

_ O João e uns peões foram numa feira na cidade, ficaram de voltar cedo mas nunca se sabe né?

Meu pai quis ligar pra ele mas não permiti, estava cansado da viagem e só queria jantar, tomar banho e me deitar.

Jantamos e conversamos bastante, ainda bem que ninguém comentou nada sobre o meu ex, estou pagando de superado mas ainda está doendo bastante.

Depois meu pai nos mostrou nossos quartos, Francisca se ofereceu pra dar banho em Benicio e coloca lo pra dormir, eu aceitei pois estou exausto. O quarto dele fica ao lado do meu, achei bonitinho meu pai ter um quarto preparado pro Benicio com vários brinquedos, mesmo ele nunca ter vindo a fazenda meu pai tinha esperanças e acertou em cheio.

Tomo um banho, vou ver Benicio e ele ja tinha tomado um banho e Francisca lia uma história pra ele, dou um beijo e boa noite nele e vou ao quarto de Danilo, vejo que ele ja está deitado e com sono só dou boa noite e vou ao meu quarto. Ainda rolo na cama com saudades de Edu mas ainda bem que consigo dormir.

Acordo o que parece ser minutos com alguém me abraçando.

_ TomTom que saudade cara..

Identifico que é o sem noção do meu irmão e apesar da saudade desejo que ele suma do meu quarto.

_ Deixa eu dormir João...

_ Deixo não. Ja amanheceu faz tempo, levanta preguiça.

Descubro meu rosto e percebo que realmente está muito claro.

_ Que horas são?

_ Quase dez.

Levanto assustado correndo procurando algo pra vestir aos atropelos.

_ Meu Deus, meu filho.

_ Calma cara, a Fran ja cuidou dele, o pai até ja levou ele pra conhecer o celeiro, ele andou de cavalo e ja fez amizades por la.

_ Claro que ele fez, não seria o Benício se não as fizesse.

_ Quem gostou bastante dele foi o Henrique.

Paro meus movimentos e olho pra João.

_ Ele está aqui?

_ Lógico, ele é o capataz.

Sigo pro banheiro com meu coração desconfortável batendo acelerado. Desde o que nos aconteceu na adolescência eu não o via.

_ Vou tomar um banho. Pode acordar o Danilo pra mim?

_ Posso. Mas depois quero conversar contigo sobre o doutorzinho da cidade.

Ele sai do meu quarto e eu tomo um banho rápido, depois escovo os dentes e passo protetor. Vou até minha mala pego uma camisa, cueca e calça jeans quando João entra denovo em meu quarto.

_ Depois dos trinta desaprendeu a bater na porta antes de entrar?

_ Estou fugindo do seu amigo que ameaçou me matar porque o acordei.

Não me contenho e dou uma gargalhada sincera.

_ Ele odeia que o acordem.

_ E você pediu pra eu o fazer?

_ Claro, sou novo demais pra morrer.

Entro no banheiro pra trocar de roupa e bato a porta, ouço João resmungar.

_ Filho da puta.