CAPÍTULO 22

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TOMÁS

Pego o carro e saio atrás de meu pai pela fazenda, no caminho pergunto do paradeiro dele a alguns peões e acabo o encontrando sentado numa cerca de um pasto com uns peões, paro o carro e olho mais a frente e vejo meu irmão e Henrique de cavalo tentando laçar um bezerro mas o que me deixa puto é ver Benicio no cavalo junto com Henrique, e se ele derruba meu filho? Ja desço gritando do carro.

_ Henrique... Henrique...

Todos me olham assustados e meu filho para a gargalhada na hora.

_ Que foi meu filho?

Meu pai desce da cerca e vem ao meu encontro.

_ Que foi Tom?

Ele pergunta novamente pois minha cara não está boa.

_ Que foi? Vocês não tem juízo? E se meu filho cai daquele cavalo?

_ Você acha que alguém aqui é irresponsável de deixar o garoto cair? Acho que sei cuidar de uma criança emcima de um cavalo, você e o João são exemplos disso, se está bravo com alguma coisa não desconte em Henrique e muito menos no meu neto que está radiante andando de cavalo.

Fico até envergonhado com a minha explosão pois sei o quanto meu pai ama Benicio e nunca seria irresponsável com ele.

_ Desculpa..

_ Pai...

Meu filho chega correndo abraçando minhas pernas com Henrique também correndo atrás dele.

_ Pai eu joguei laço no boi, tio rique e tio João me ensino.

_ É meu filho? Que bom.. depois o papai quer ver..

João se aproxima da gente também.

_ E aí Tom, Fran disse que seu amigo foi embora.

_ Ele foi. Deu uma confusão no bar dele e ele precisou ir, mas ele volta.

_ Espero que não seja sério.

_ Você me chamou Tommy?

Fico sem graça pois quando o chamei estava puto e só iria descontar nele, ainda bem que meu pai me abriu os olhos a tempo.

_ Não era importante só fiquei apreensivo pelo Beni.. desculpa..

Ele fica sem jeito mas não diz nada. Eu pigarreio e olho pro meu pai.

_ Pai, a mamãe ligou..

_ Isso explica seu mal humor.

Eu não tenho como a defender pois ele está com a razão.

_ O que ela queria?

_ A gente conversa depois do almoço pode ser? Quero te fazer umas perguntas.

_ Ta bom. Eu vou pra casa almoçar, antes darei um banho nesse mocinho.

_ Deixa que eu dou pai.

_ Deixa eu cuidar do meu neto um pouquinho Tom? Você ja o faz sempre.

Eu concordo e ele pega Benicio no colo.

_ Thau pai.

Benício da thau todo sorridente no colo do avô. Ficamos eu, João e Henrique.

_ Acho que essa é a minha deixa.

João fala e sai com a sutileza de um trator.

_ Desculpa se não gostou que eu estava no cavalo com seu filho Tommy mas quero que saiba que em nenhum momento eu me descuidei dele..

_ Eu sei Henry me desculpa. Minha mãe me deixou bastante nervoso no celular, acho que só quis descontar em alguém e me envergonho disso, por favor me desculpa de verdade.

_ Quer conversar?

Eu suspiro querendo aceitar o convite pois Danilo não está e eu preciso desabafar com alguém.

_ Você precisa ir almoçar.

_ Eu comi um pedaço de pão caseiro quando fui na casa dar uma espiada em você, foi quando a Fran disse que você tinha ido levar seu amigo na rodoviária, enfim.... não estou com fome..

_ Dar uma espiada em mim?

Pergunto achando engraçado e ele baixa a cabeça sem graça.

_ É... eu meio que sonhei com você..

Fico bastante envaidecido com a revelação dele e não consigo esconder meu sorriso.

_ Só você mesmo henry...

Balanço a cabeça em negação.

_ Vamos dar uma volta?

Ele pergunta sorrindo.

_ Vamos ué. Pra onde?

_ Tava pensando num passeio de cavalo até a cachoeira.

Olho em volta e só ai percebo que os peões foram almoçar e levaram os cavalos pra outro pasto.

_ Só tem a sua preta aqui, eu te sigo de carro.

_ Deixa seu carro aqui depois você o pega, vem comigo.

Não digo mais nada, só aciono o alarme trancando o carro e vou com ele até a preta, subo na frente e ele sobe em seguida sentando atrás de mim. Engulo em seco quando sinto seu peito em minhas costas, sua pélvis em minha bunda e nossas coxas coladas, sinto o respirar acelerado dele na minha nuca e não comento nada enquanto ele pega as rédeas e a égua começa a trotar. Sentir o ventinho gelado em meu rosto e esses braços em volta do meu corpo é bom demais, me sinto no melhor lugar do mundo. Vamos num silêncio confortável e logo chegamos na cachoeira, eu desço e ele desce em seguida amarrando a preta numa árvore na sombra perto da água. Eu me sento numa pedra enorme na sombra e ele me acompanha.

_ Gostoso aqui.

Eu comento com ele pra puxar assunto e ele não responde, então eu olho pra ele e ele está me olhando, só aí ele me responde.

_ Muito gostoso.

E do jeito que ele está me olhando eu sei que ele não está se referindo ao lugar e dou mais um sorriso cheio de encorajamento a ele. O que eu estou fazendo? Não sei. Só sei que estou gostando muito disso.

_ O que a gente está fazendo Henry?

_ Vivendo Tom.

Essa fala dela faz eu me lembrar de uma coisa que minha mãe falou e eu fico sério.

_ Falei com a minha mãe hoje.

_ Eu ouvi você comentando com seu pai. Ela falou alguma coisa que você não gostou.

_ Várias. Minha mãe estava estranha, estava grossa e alterada comigo, nem parecia ela.

Henrique da um sorriso sem humor.

_ Desculpa Tommy mas você me descreveu ela exatamente como a conheço, só foi um pouco generoso na descrição.

_ Olha Henry, eu sei que minha mãe errou quando te deixou pra fora do condômino a anos atrás mas ela não é uma má pessoa, hoje ela me demonstrou ser bastante sem noção e autoritária mas para por aí.

_ Ta. Entendo que ela é sua mãe e não vou discutir isso com você. Mas o que ela falou que você ficou brabo daquele jeito.

_ Além de outras coisas falou pra eu voltar imediatamente pra São Paulo e não só voltar pra São Paulo, ela disse pra eu voltar com o Eduardo.

Henrique arregala os olhos e me olha apreensivo.

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora