CAPÍTULO 12

353 37 13
                                    


HENRIQUE

Estou no estábulo com João cuidando dos cavalos mas de olho na entrada do casarão.

_ Ei Rique acorda?

_ Hã? Que foi?

_ Ta ai parecendo um psicopata olhando pra minha casa. Ta sondando o Tom?

_ Ele acordou?

_ Acordou Rique, mas ele está bem baqueado com o olhar triste, mais magro.... acho que ele gostava mesmo daquele doutorzinho de merda que o traiu..

_ Filho da puta!

_ Isso ele é, mas o que eu quero que você entenda é que não deve ter esperanças com ele. Tom só veio aqui descansar a cabeça e logo voltará pra vida dele.

Eu dou risada.

_ Não miro tão alto assim João.

_ Como assim?

_ Você entendeu. Eu e ele tivemos nossa história no passado mas éramos adolescentes, éramos inocentes. Hoje não, hoje ele é um empresário cheio da grana, dono de uma marca de relógios. Filho do dono de uma das maiores fazendas do estado de São Paulo, filho de uma granfina que é casada com dono de banco..

_ Está falando merda? Tom nunca ligoi pra isso.

_ Ele pode não ligar mas a mãe dele?

_ Aquela cobra de salto alto, não sei como meu pai se casou com aquela uma, unica coisa boa que fez na vida foi o Tom.

_ Cobra ou não é a mãe dele e me escuraçou da portaria do condômino quando fui atrás dele a anos atrás, eu praticamente um moleque fui só com passagem de ida com a cara e a coragem atrás dele pra chegar la e a granfina nem deixar eu falar com ele, se não fosse você eu teria virado morador de rua.

_ Que merda Rique, não fala isso nem de brincadeira. Pelo menos ela teve a decência de me ligar e eu te achei plantado na frente daquele condômino.

_ O ex do Tom é dono de clínica, um doutor e eu um funcionário do pai dele. Não tenho pretensões com ele, só quero ve lo.

_ Você precisa tirar essas merdas da cabeça isso sim. Meu irmão foi criado com os melhores valores, ele não tem essas frescuras de classe social. Além do mais é rico o suficiente pra não precisar que ninguém sustente a ele e o filho.

De repente ouço risadas e olho novamente pra entrada da casa, reconheço ele descendo correndo as escadas com um rapaz loiro como ele correndo atrás, meu coração acelera e eu não consigo tirar os olhos dele, eles se aproximam do estábulo onde estamos ainda rindo e correndo.

_ Aquele é o amigo dono do bar?

Pergunto com um certo ciúmes, se estou assim pelo amigo imagina pelo namorado.

_ O próprio.

Eles entram correndo no estábulo e João os repreende.

_ Parem com isso, vão assustar os cavalos seus putos.

_ Pensei que eles estavam no pasto. Cade...

Ele para abruptamente de falar ao me ver e eu não consigo tirar os olhos dele também.

_ Oi gente.

O amigo dele quebra o silêncio.

_ Oi.

Desvio meus olhos rapidamente pra ele.

_ Esse é o Henrique e esse é o amigo enfezado do meu irmão, o Danilo.

Nos comprimentamos com as mãos.

_ Enfezado nada, você que interrompeu meu sono, não faça mais isso e não teremos problemas.

Tom desvia os olhos de mim e ri voltando a me encarar.

_ Oi Henrique.

_ Oi Tom.

Pego na mão dele e a porra da corrente elétrica está presente mais forte que nunca, eu achei que com os anos ela teria perdido a força mas me enganei.

_ João, o Benício foi pra onde?

_ O pai saiu de caminhonete com ele, está todo bobo exibindo o neto. Ja deve estar voltando pois logo a Fran bota a comida na mesa.

_ O trevor está por ai?

_ Aquele preto atrevido ja está no pasto. Está cada dia mais desobediente.

_ Ta nada, não fala assim do meu cavalo.

_ A sorte é que é o Henrique que cuida dele como um filho senão eu ja teria o vendido.

_ Obrigado Henrique. Tem um cavalo manso pra o meu amigo aqui?

O amigo o olha assustado.

_ Pra que? Pra eu o montar?

_ Claro que não espertão. Ele é quem vai te montar.

_ Hahaha que engraçado. Eu não sei montar seu idiota, não quero quebrar o pescoço.

_ Ele é bem manso Danilo. E esse pescoço é inquebrável, sei que muitos, inclusive eu, ja tentaram o quebrar e não conseguiram.

João vai mostrar a eles os cavalos e eu fico de longe ainda admirando o Tom, como ele conseguiu ficar ainda mais lindo com os anos? Quem foi esse otário que o traiu? O cara tinha nas mãos tudo que eu sempre sonhei e simplesmente jogou fora, um namorado lindo e um filho. É o que dizem, a carne só cai no prato do vegano mesmo. Antes dele dar as costas ele me da uma olhada e um pequeno sorriso, ha uma grande chance de eu me apaixonar denovo ou talvez nunca deixei de estar apaixonado.

O PEÃO DA FAZENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora