Vladimir
— Lordes e damas. Essa reunião nada mais é para celebrarmos mais um ano em que o reinado da família Vasilescu está no comando dos vampiros originais e transformados — anunciou o rei, em pé ao lado do seu trono. — Um brinde a isso. — Ergueu a taça com sangue e brindou. Todos fazem o mesmo.
Eu não aguentava mais ficar aqui. O reino dos vampiros não era mais o mesmo. Tudo mudou. E o rei que está no comando há um século sempre muda as regras. Algo que já tenho dificuldade em seguir.
— Filho — meu pai se aproxima —, eu e sua mãe iremos sair de viagem para o Caribe. Espero que se controle e não saia matando pessoas aleatoriamente por aí.
Ergui uma sobrancelha e pus um semblante fleumático. Meu pai era muito diferente de mim. Mais descontraído, sorridente e alegre. Enquanto eu sempre tento me manter calmo e neutro para tudo. Demonstrar sentimentos é para os fracos.
— Pai, parece que desconhece o filho que tem. Sabe que eu não sou descontrolado e só mato quando é preciso.
— Eu sei, meu filho. Mas na última guerra sua obra ficou irreconhecível. Por que teve que pegar o costume de Drácula e sair empalando as pessoas? Você fez isso com os cidadãos de um condado inteiro!
— Pai, isso já fazem dois séculos — eu disse calmo.
Minha mãe se aproxima de nós e se junta ao meu pai.
— O que os meus dois cavalheiros tanto conversam? Posso me incluir?
— Querida, conversamos sobre nossa viagem. Não queria falar em cima da hora. — Meu pai olhava para a minha mãe com paixão.
Mesmo que tivessem milênios de vida, ainda se desejavam tanto e isso eu admirava. Eles não só se amavam, mas também tiveram uma ligação que os une a alma. Esse fenômeno é comum entre os seres sobrenaturais. A ligação de alma, corpo e mente. E peço para isso nunca acontecer comigo. Sentimentos assim, não são para mim.
— Se algum humano visse todos vestidos com essas capas e nesse castelo medieval, pensaria ser algum tipo de ritual macabro — gracejou minha mãe, olhando ao redor.
— Sonja, meu amor, é a tradição — meu pai explicou. — Temos que mantê-la.
— Sim, e isso já está me cansando — expressei meu tédio. — Vou embora. Tenho muito o que fazer na empresa amanhã pela manhã.
Suspirou meu pai, rendido.
— Sim, filho, vá. Pelo menos você veio. Seria um grande desrespeito com os soberanos.
— Daqui a pouco voltaremos para a mansão — disse minha mãe. — Não vamos tardar.
— Tudo bem, com licença.
Retirei-me daquele enfadonho lugar. O rei dos vampiros parecia mais interessado no poder que tinha nas mãos do que com a própria raça.
Andando pela floresta escura e barulhenta com as criaturas da noite, concentrei meu poder e me teleportei até o meu quarto, na minha mansão em Bucareste. O castelo do rei ficava na Romênia, porém na cidade menos suspeita; Brasov, região da Transilvânia.
Como eu estava farto, me pus a relaxar na banheira quente com espumas. Teria de encarar um dia cheio amanhã. Papéis para assinar, ações para comprar, acordos para fechar, tudo isso e ainda se disfarçar dentre os humanos. Essa parte era irritante. Sempre fomos seres das trevas, ficando nas sombras e se alimentando dos despercebidos e fracos. Mas o problema é que não podemos de forma alguma sermos descobertos, e com isso, a regra mudou. Não podemos transformar qualquer um, não podemos matar humanos, e se puder, nos alimentarmos de sangue já retirado da veia. Contudo, eu... eu não sigo essas regras tolas inventadas pelo rei apenas para demonstrar que está no poder. Antigamente forçávamos os humanos à nossa vontade e eu ainda sigo isso. E o rei não pode me questionar porque sabe que sou muito mais forte. Deve ser por isso que ele me odeia e à minha família. Sem contar que a minha tia, Elizabeth Bathory, fez estragos entre os vampiros e nossa família ficou conhecida como a mais sangrenta de todas.
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Império - Trono de Sangue
Vampire"Nunca imaginei que minha vida fosse mudar tanto. Da água para o vinho. Pois, foi quando ELE apareceu... Aquele vampiro que me fez temer e pensar que eu não viveria mais. Sua aura hipnótica fazia-me vê-lo como o pior monstro. Suas ações e maldades e...