17 ▪︎ Envolver

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Vladimir

Voltei para o quarto. Montserrat estava deitada, porém, acordada. Retirei as roupas de cima, ficando apenas de calça. Ela não parava de me olhar.

— Você... é bem musculoso — falou. — Além de ser muito alto.

— É genética — respondi. — Afaste-se um pouco. Deixe-me deitar ao seu lado.

Ela parecia um pouco tensa.

— Não precisa mais ter medo — eu disse. — Não vou mais deixar ninguém machucar você.

— É o que eu espero, Vlad — virou-se de costas para mim. — Boa noite.

Permaneci de peito para cima e com as mãos debaixo da minha cabeça. Deixando o cansaço me vencer.

— Boa noite.

Montserrat

Sentia minha cabeça pousada em uma superfície macia e bem dura. Aos poucos o sono ia embora e eu ia acordando. Tateei, ainda de olhos fechados, e senti como se fosse uma pele. Passei a mão e senti-a bem definida e rígida. Abri meus olhos devagar e demorei para raciocinar onde eu estava. Olhei para onde minha cabeça estava pousada e fiquei estática na hora. Estava deitada no peitoral de Vladimir.

— Bom dia — disse ele, com sua voz bem grossa e mais rouca.

Levantei devagar e sentei-me ao seu lado, morrendo de vergonha.

— Bom... dia. Eh... Dormiu bem?

Não ousei olhá-lo.

— Não — levantou-se. — Você se mexeu a noite inteira. E quase caiu da cama. Tive que ficar acordado para ver se não virava sonâmbula também.

Entrou no banheiro e fechou a porta. Depois de minutos, ouvi o chuveiro ligar.

Que vergonha, meu Deus! Eu dormi em cima do homem e ainda devo ter revirado a noite toda. E no estado que estou... Meus cabelos estavam pedindo socorro. Passei a mão por eles, estavam um emaranhado. Tentei fazer um coque para ficar melhor. Eu não sentia mais dor alguma. O sangue de um vampiro é mesmo milagroso.

Eu não posso acreditar que estou vivendo tudo isso. É bem difícil cair na realidade. Mas já comecei a me conformar, então decidi que realmente tenho que ficar ao lado de Vladimir. Ele já provou que não quer me machucar e é a segunda vez que salva a minha vida. Tenho certeza que se eu ficar ao seu lado, nada vai me acontecer.

Ouvi a porta se abrir e Vladimir sair de lá, apenas com um roupão. Fiquei vermelha ao pensar que ele não estaria com nada por baixo. Senhor, o que estou pensando? Isso é muito devasso. Não posso pensar em algo assim. Tenho que lembrar que fui criada em um orfanato de freiras.

— Eu adoraria te mostrar o que tem aqui debaixo, Montserrat — disse, me olhando com malícia. — Mas você iria se assustar.

Se tivesse um buraco para me lançar, eu não pensaria duas vezes.

— Pelo amor de Deus! Como pode dizer uma coisa dessa? — expressei minha indignação. — Eu sou pura, não pensaria em algo tão depravado.

— És uma péssima mentirosa, raposinha. Tome um banho e desça! Vou pedir um café da manhã para você.

Saiu do quarto de roupão mesmo. Fui até o banheiro e tomei um banho bem demorado. Lavei os cabelos e passei sabonete por todo o meu corpo, tirando a sujeira e o sangue.

Tinha uma roupa em cima da cama. Peguei e vi que era um vestido amarelo de bolinhas brancas. Muito fofo. Ficou perfeito.

Saí do quarto e me senti perdida ao passar para o corredor. Agora que me dei conta que não sei onde estou. Fui andando até encontrar escadas. Cheguei a uma enorme sala de estar. Ouvi sons de pássaros cantando. Não parecia ser na cidade. Escutei vozes vindo da esquerda. Segui até encontrar uma cozinha. Vladimir e um homem parecido a ele, conversavam sentados à mesa.

Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora