2 ▪︎ Novo Alvorecer

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Montserrat

     Ouço o despertador tocar e logo me levanto. Foi inevitável o frio na barriga. E o nervosismo também me pegava. Era o meu futuro. Eu dependia disso. Espero que um anjo de Deus me contrate.

    Vou ao banheiro e faço todas as minhas higienes. Coloquei a calça legging e um sobretudo que ia até acima dos joelhos. Não estava tão ruim. Penteie meus cabelos e os deixei soltos mesmo.

    Fui até Alina, que já estava acordada, e falei para ela se podia ficar com a minha mala por uns instantes. Antes de eu sair, ela me deu um pouco do mingau que sobrou de ontem. Como o endereço era mais ao centro, daria uns vinte minutos de caminhada. Fui caminhando devagar e desfrutando do café da manhã. Pensei em tudo o que poderia acontecer e já me preparei psicologicamente caso eu receba um não. Mas espero de coração que dê certo.

   "Ai, Jesus, como estou nervosa!"

     Parei um pouco na praça e sentei em um banco. Respirei fundo e terminei rápido o mingau, antes que ficasse mais frio. O telão na praça indicava hora, data e temperatura. Seis e quarenta da manhã, catorze de março, -1 graus. Ainda tinha muito tempo, então esperei.

    Tentei me acalmar para eu não fazer besteira ou estragar tudo. Eu não me perdoaria.

     Levantei a fim chegar ao meu destino. Enquanto andava, ia admirando os monumentos daquele lugar maravilhoso.

     Faltando uma quadra do enorme prédio que já era bem aparente, me preparo mentalmente pronta para encarar meu destino. Cada vez que vou chegando perto, mais nervosa vou fincando. E quando chego na fachada, um frio na barriga e uma tremedeira me dominaram ao sentir a imponência que o grande arranha-céu transmitia. Alto, muito alto. E com janelas espelhadas até o último andar. Eu mal conseguia ver o seu topo.

     Asseverei certa de que ia dar certo, apesar de tudo, e entrei.

     O enorme hall daria umas cinco casas juntas. Enorme, espaçoso e claro. Com o teto em uma pintura rústica de anjos desenhados em branco e azul celeste. Admirei maravilhada que por milhes segundos esqueci o que vim fazer aqui. Me recompus e fui até uma recepção. Uma loira muito bem vestida mexia freneticamente no computador e não percebeu minha chegada.

     — Com licença, senhorita — chamei-lhe atenção.

     — Pois não, em que posso ajudá-la? — falou, mas sem parar o que estava fazendo.

      — Eu vim para a entrevista de secretária.

      Com uma mão, levou até uma caixinha que continha vários crachás, pegou um e me deu. Ainda sem me olhar.

      — Quadragésimo quinto andar. — Me entregou o crachá.

      — Okay... Obrigada.

      Parecia que eu estava falando com um robô. Peguei o elevador e apertei o botão. Conforme ia subindo, mais pessoas iam entrando e ia ficando mais apertado. Quando parou no meu andar, tive dificuldade para sair. Mas enfim, me surpreendi mais uma vez com o luxo do lugar. O chão de porcelanato branco e impecavelmente encerado. As paredes de vidro que davam uma visão privilegiada de Bucareste. E as pessoas muito bem vestidas. Me senti um pouco incomodada por minhas roupas serem velhas e desgastadas.

     Andei um pouco tentando encontrar o lugar da entrevista, até que encontrei um local onde algumas mulheres estavam sentadas em um sofá, e uma recepcionista atrás de um balcão.

     — Olá — cumprimentei com um sorriso. — É aqui o local da entrevista para o cargo de secretária?

     A mulher me olhou por uns segundos, me medindo, e depois falou, com certa arrogância.

Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora