7 ▪︎ Início da verdade

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Montserrat

     Ainda não sabia como reagir. "Minha noiva", ele disse. Por quê? Isso seria uma mentira difícil de desmentir e seria bem problemático.

     Ele me afastou daquele grupo de pessoas que ficaram tão chocados quanto eu perante a notícia abrupta. Eu me apoiava nele para não cair desse salto. Estava muito desconfortável. Vladimir me levou ao barzinho e me deixou sentada.

     — Fique aqui. Vou falar com uma pessoa — falou e se afastou, indo até uma mesa no outro canto.

     Suspirei tentando me manter calma. Tudo parecia ser mais intenso nesse meio social. Parecia que tínhamos que seguir as regras para não sermos subjugados.

     — Uma bebida, madame? — perguntou o barman, chacoalhando o drink na garrafa.

     — Sim, um suco, por favor.

     Esperei ele me dar a minha bebida. Tomei em poucos goles e fiquei parada onde Vladimir me deixou. Não ousaria sair daqui.

     — Olá — uma mulher loira chega me cumprimentando. — Soube que você é a noiva do senhor Bathory. Gostaria de conhecê-la.

     O que eu faria?

     — Ah, oi. Sim... sou sim — hesitei.

     — Prazer. Sou Laura — me estendeu a mão.

     — Montserrat. Prazer! — estendi a mão e vi que ela era um pouquinho forte. Reclamei de dor.

     — Desculpe, não sei medir minha força às vezes.

     — Tudo bem.

     Vi em seus olhos uma sombra escura que parecia me devorar. Me senti acanhada e quis sair correndo pelo mal-estar que me causava.

     — Interrompo? — meu chefe chegou perto de nós, sério.

     — Olá, Vlad querido. Há quanto tempo não nos vemos.

     Levou a mão intimamente ao seu peitoral. Seu olhar sério sobre a loira era assustador. Nenhuma expressão ele esboçava e isso era intimidante. Estranhamente me incomodei com essa aproximação. Pareciam íntimos.

     — Sim, Laura. Muito tempo. E isso é passado que não quero relembrar. Saia daqui, sua presença me incomoda.

     Veio até mim e ficou ao meu lado.

     — Não acredito que está com essa humana. Por quê? Por ela se assemelhar a sua esposa morta? — senti como se fosse uma provocação.

     Mas pelo rosto fleumático do meu chefe, foi difícil decifrar.

     — Interprete como quiser, Laura. Esse é o seu modo de ver. Mas não vou tolerar tripúdios sobre mim ou a minha esposa. Ponha-se no seu lugar e tome cuidado ao se referir a mim. Não ouse me desafiar, senão, será pior para você!

     Essa ameaça me assustou. E pelo rosto da mulher, parecia raivosa. Olhando com desdém uma última vez, virou-se e saiu a passos pesados.

     — O que foi isso? — perguntei temerosa.

     — Não se moleste, foi um inconveniente. Laura não vai mais te perturbar.

     — Não, não só isso. Tudo isso! Por que disse que eu era sua noiva? Deixou claro que me apresentaria como sua assistente e é isso o que eu sou! — senti raiva.

     — Você não entenderia e é melhor não questionar.

     — Como disse? Senhor, me perdoe, mas isso está além de algo profissional. É claro que vou questionar.

Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora