37 ▪︎ Ligação de corpo

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Montserrat

Era um sonho. Desperto ao lado do meu amado que ainda estava dormindo. Apoio o queixo em seu peito e olho para minha aliança. Não acredito que fui capaz. Ergo um pouco a cabeça para admirar os belos traço do meu marido. Tão belo.

— Irá ficar me admirando até quando? — perguntou, ainda de olhos fechados.

— Pela eternidade, se for preciso.

Dei um rápido beijo em seus lábios e levantei. Nada ainda aconteceu entre nós e só de pensar nesse momento me dá arrepios. Espero não ter tanta vergonha.

— Vamos sair? — perguntei. Ele já levantava.

— Sim. Vá se arrumar, enquanto eu peço seu café.

Tomei um banho e me vesti. Uma roupa casual. Calça jeans, botas e um casaco para o frio. Voltei para o quarto, Vladimir se servia com o banquete que estava posto. Sentei-me e o acompanhei.

— Te levarei à umas ruínas de um castelo que está aqui desde os primórdios da cidade. Já que gosta de arquitetura, creio que vá te interessar.

— Own, olha só você, já sabe dos meus gostos.

Saí de minha cadeira e sentei em seu colo.

— Já disse que te amo hoje? — perguntei.

— Não. Você não vai me dizer?

Beijei sua boca ferozmente, com lascívia.

— Eu te amo.

Ele sorriu. Um sorriso que jamais vou apagar da memória.

— Termine o café, enquanto eu me arrumo.

Levantei de seu colo, recebendo um tapa na bunda. Sentia que parecíamos dois adolescentes. Mas Vladimir com seu jeito autoritário parecia ter o controle.

Entramos em seu carro. Um esportivo. A cidade era tão bela, com seus ladrilhos típicos e casas tão marcantes. Vários pubs e pontos comerciais.

— Uau, esse lugar é lindo. Você acertou, Vladimir.

— E alguma vez eu errei? — franziu o cenho.

Revirei os olhos. Nossa, que convencido!

— Não, perfeito e exímio Vladimir Bathory, você nunca errou — ironizei.

Ele sorriu. Sua risada era contagiante. Acho que nunca o vi nesse estado.

Chegamos ao local. Era uma colina, em seu topo estava a ruína de um castelo. Caminhei alegre pelo campo, puxando Vladimir. O homem parecia não se empolgar com tal banalidade. Chegamos às ruínas. Era uma sensação tão estranha estar aqui. Tão único.

— Nossa! — falei baixo, observando ao redor. — E pensar que reis e rainhas moravam aqui.

— Sabe a história desse local?

Olhei para Vladimir que estava escorado na parede, com os braços cruzados. Estava com uma expressão neutra.

— Não faço ideia.

— Aqui viveu um rei muito ambicioso. Um certo dia, ele passeou pelo bosque e viu uma bela jovem banhando no rio. Ficou tão fascinado, fissurado, que não pôde esquecer a sua imagem. Voltou para casa, este castelo, sem que ela soubesse que ele a espionou. Dias se passaram e ele viu que ficava cada vez mais apaixonado. Para ter uma desculpa para se aproximar, pediu para seus generais subir os impostos de seu reino. Fazendo com que os aldeões dessem o triplo de seu salário. O que não foi possível para a família da jovem. Então o rei os ameaçou com exílio. A jovem, desesperada, disse que faria qualquer coisa para que o rei não o fizesse, então aí ele propôs casamento. Ele era conhecido por sua perversidade e maldade, mas a jovem sem escolhas aceitou. Vivendo dia após dia, cada vez mais ela o odiava. E quando foi para a guerra, teve que deixá-la só neste castelo. A jovem, como forma de se libertar, escreveu uma carta expondo seus sentimentos e logo em seguida se suicidou. Quando o rei retornou, encontrou o corpo de sua amada e chorou sobre ele. Frustrado e amargurado, usou da mesma adaga para tirar a própria vida e deixar que seu corpo caísse ao lado de sua esposa. Final feliz.

Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora