51 ▪︎ Consequências dos atos

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Montserrat

Eu estava ao lado dos meus sogros. Estávamos basicamente encurralados. Todos os originas do salão estavam contra nós. Apoiavam a rainha.

— Não precisamos lutar entre nós — Malthus falava. — Somos a mesma espécie. Nunca cometemos traição. Dreux se aliou às bruxas. Ele sempre foi o culpado de toda essa desgraça. Vejam o que ele fez. Condenou os Barone e os Castellanos por puro capricho. É esse o rei que querem defender?!

Todos prestavam atenção nele. E com dúvida muitos ficaram. Olhavam a rainha em busca de respostas.

— Rainha Cassandra, isso é certo? Dreux se aliou às bruxas? Justo nosso inimigo! — um questionou.

— Isso é incabível! Se for verdade... Se o rei assassinou os Barone e os Castellanos, quem cometeu traição foi ele! — outro entrou na defesa.

— Não se deixem influenciar pelos Bathory. Lembrem-se que Vladimir assassinou minha filha Laura por causa de uma humana. Isso é incontestável! — o pai de Laura exaltou. — Como podem fazer vista grossa diante disso?

— Como podemos fazer vista grossa diante da morte de duas famílias nobres? — uma mulher questionou. — Se há culpados, tanto os Bathory quanto os Vasilescu são culpados.

Nossa atenção foi tirada perante o grito estrondoso da rainha. Caiu de joelhos e parecia inconsolável. Chorava e gritava.

— NÃAAO! O MEU REI, NÃO! O QUE ELE FEZ?! O QUE AQUELE MALDITO FEZ?

Seu peito parecia doer muito. Levou a mão ali e fazia careta de agonia. Seu rosto estava inundado por lágrimas.

— Não viverei sem ele — sussurrou num resmungo. — Muito menos deixarei que o Bathory me condene!

Retirou uma adaga da manga do belo vestido medieval e surpreendeu a todos apunhalando o próprio peito. Olhávamos estarrecidos.

— Rainha, o que está...

Alguém tentou interceder. Mas antes que qualquer um pudesse fazer algo, a mulher se autoincendiou, deixando que as chamas a consumisse. O grito agudo preencheu meus ouvidos. E logo seu corpo se tornou um amontoado de pó. Ela se foi.

— O que ela fez? — Sonja questionou.

— Dreux era seu companheiro. Isso quer dizer... — Malthus diz.

Olhamos para a porta do salão, onde Vladimir estava parado e em sua mão... estava a cabeça de Dreux.

Estava irreconhecível. Numa expressão malvada. Caminhou a passos lentos, subiu os degraus e sentou-se no trono. Olhou a todos atentamente. Despejou a cabeça do vampiro nos pés de uns originais a frente. Ninguém ousou dizer nada. Pois sua aura sombria recobria a todos e acuava. Assustava até o mais bravo homem. Ele era o mais forte.

— Sei que estão assustados com a minha presença e pela morte repentina de Dreux. Mas fiquem tranquilos. Se não são uma ameaça à minha família não farei nada contra vocês — dizia olhando a todos, numa expressão dura e impassível. — Muitos estão se perguntando por que estou no trono. Não é difícil deduzir. Sou o escolhido para estar aqui. Pela Mãe Natureza. Por Merlin. Acostumem-se a isso, pois agora eu sou o novo rei!

Permaneceram o olhando, duvidando. Cochichavam e pareciam aterrorizados. Vladimir então ergueu a sobrancelha e expandiu mais a aura, fazendo as luzes tremerem. Os originais entenderam e por temor se curvaram. Ele levantou e alto disse.

— O juramento vem depois. Agora quero que saibam que eu farei as regras da sociedade vampira. Ditarei as leis e se alguém ousar quebrar alguma delas... Vão querer nunca ter nascido. — Olhou os pais de Laura, que estavam furiosos. — Não farei nada ao resto dos meus inimigos. Sou o supremo dos vampiros e eles não ousarão me desafiar. — Ele sorriu ladino, sabendo do que dizia. — Podem ir em paz. No dia da coroação, me reconhecerão oficialmente como rei, pois Merlin virá e a Aliança das Raças irá aprovar-me. Dispensados.

Pareciam fantasmas. Vários vultos. Em questão de segundos estávamos só os Bathory naquele castelo. Vladimir nos olhou... me olhou. Sorri aliviada que tinha acabado. Malthus e Sonja caminharam lentamente até o filho. E deram um abraço apertado.

— Sinto muito. Não cheguei a tempo de salvar meus amigos — Vladimir lamentou.

— A covardia de Dreux foi imperdoável. De alguma forma ele tinha que te atingir. Sabia que eu e Sonja não seríamos fácil de matar. Então foi nos mais fracos. Ouvimos os gritos da cela ao lado. Estou em completa tristeza por nossos aliados — Malthus expressou com pesar.

— E Mordred? Foi liberto?

— Sim. Imediatamente partiu. Teve que ver Merlin e analisar tudo. Filho... — Sonja o olhava aliviada. — Que bom que acabou. Mas vai mesmo assumir o trono? Quer isso?

— Não é questão de querer, mãe. Fui indicado a ele. Terei que assumir.

Ela olhou com compreensão.

— Minha nora, aproxime-se. Não há mais o que temer — ela disse.

Eu tinha muito o que temer. Pois não era o fim. E sim o início.

— Eu...

Parei quando ele se aproximou mais. Ficando diante de mim.

— Minha dama. Melhor... Minha rainha. Não se preocupe com mais nada. Prometo que não vou deixar nada do que te aconteceu, ocorrer novamente. Vou proteger você e meu filho.

— Eu sou forte agora. Já posso me defender sozinha.

Sorrimos. Nunca pensei que eu diria isso, mas... até que estou gostando de ser vampira.

— Eu ouvi direito? Estamos esperando um neto?!

A empolgação de Lady Sonja era espantosa.

— Oh, minha nossa. Não acredito! Meu filho realizou meu sonho de me dar um netinho.

Ouvi Vlad recriminar mentalmente pela ligação da mente.

— Mãe, por favor. Sem exageros.

— Parabéns, meu filho. Será tão forte quanto você — parabenizou Malthus.

— Ser for menino, quero que se chame Damian. Se for menina... Eveline — Sonja disse.

— Por que esses nomes? — Vlad questionou.

— Damian era o nome do pai de Elizabeth. Uma excelente homenagem.

— Mãe, quem decidirá o nome será Montserrat.

Vlad soou rude e deixou sua mãe chateada.

— Tudo bem, querido. Gosto dos nomes. Mas gostei mais de...Eveline.

Toquei em meu ventre. Embora fosse um feijãozinho, eu pude saber. Seria tão forte quanto nós.

— Eveline Bathory. A princesa vampira e dos seres elementais — concluí.







Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora