Montserrat
— Ele fará o mesmo com você — disse Morgana, próxima a mim.
Seu rosto estava manchado de sangue e havia um buraco em seu peito. Seu coração não estava ali.
— O que ele te fez? — perguntei.
— Eu o amava. Mas ele me matou. Ele nunca soube me amar — falou, em meio as lágrimas. — Ele não saberá te amar também. Fuja! Fuja enquanto pode.
Evaporou como se fosse névoa. Logo vi, Vladimir bem à frente, banhado de sangue, com sua feição vampiresca. Me olhava com ódio.
— Vladimir... — sussurrei seu nome.
O homem, com sua velocidade sobre-humana, avançou em mim e me atravessou a mão, arrancando meu coração. Quando o olhei, seu rosto era normal, mas cheio de arrependimento. Caí em seus braços e a última coisa que ouvi, foi seu grito de dor.
Acordei assustada. Abri os olhos e vi os raios de sol iluminarem o quarto. Sentei-me na cama com um peso na cabeça. Que sonho foi esse? Sempre são perturbadores.
Olhei ao redor e não vi Vladimir. Outra vez havíamos dormido na mesma cama. Bom, eu dormi. Já ele... Ficou a noite toda no notebook, resolvendo coisas da empresa.
Agora eu era a sua namorada. No baile que teria, eu seria oficialmente sua noiva e ele concordou em fazermos o casamento para daqui há quatro meses. Já estávamos há dois dias aqui na chácara.
Ele tem se mostrado muito prestativo. É muito eficiente e rápido no que faz, porém é tudo do jeito dele. De vez em quando consigo tirá-lo do escritório apenas para dar uns beijinhos na vinícola, meu lugar preferido.
Saí preguiçosa da cama. Tomei meu banho e vesti um macacão jeans. Desci para a cozinha e tomei meu café acompanhada de Malthus. O homem era adorável, nada hostil.
Quando terminei, andei pela casa em busca de Vladimir. Eu tiraria aquele homem daquele escritório. Bati na porta, mas não obtive resposta. Entrei. Ele falava ao telefone em uma língua que não pude identificar. Mandarim?... Esperei que terminasse. Quando se virou, parecia estressado.
— Quer ajuda com os negócios? — perguntei. — Lembra que ainda sou sua secretária.
Sentou-se na cadeira, estralando o pescoço. Fui até ele e tentei fazer uma massagem em seus ombros.
— Ex-funcionária. Não será mais — falou, levando a cabeça até o encosto.
Sentei em seu colo, olhando em seus olhos.
— Vlad, se eu não te ajudar na empresa, farei o quê? Não pense que vou ficar de braços cruzados. Quero me ocupar sempre.
— O que você gostaria de fazer? — rodeou os braços na minha cintura. Abracei-o pelo pescoço.
— Hum, deixe-me ver... Que tal, uma lojinha de artesanato e cerâmica? Poderia ser atrelado a uma pequena cafeteria também. Quero que seja um lugar bem aconchegante, onde as pessoas apenas se sintam à vontade.
Ele olhou em meus olhos e riu de forma terna. Um sorriso que não vou apagar da memória.
— O que foi? Sei que parece ridículo para você, mas são as coisas minimalistas que me fazem felizes.
— Você... é diferente de tudo que já vi — falou calmo, sua voz suave. — A natureza me presenteou? Por que ela faria isso?
— Ai, Vladimir! Está exagerando!
— Não estou. Só não quero ser contagiado pela sua humanidade.
— Eu não quero ser contagiada pelo seu vampirismo, isso sim! Já pensou? Eu vampira, saindo na calada da noite e mordendo pescoços inocentes? — imitei presas com meus dedos indicadores na minha boca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Império - Trono de Sangue
Vampire"Nunca imaginei que minha vida fosse mudar tanto. Da água para o vinho. Pois, foi quando ELE apareceu... Aquele vampiro que me fez temer e pensar que eu não viveria mais. Sua aura hipnótica fazia-me vê-lo como o pior monstro. Suas ações e maldades e...