15 ▪︎ Maldito seja o rei

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Vladimir

     Não consegui nem ao menos me deitar. Tentei ocupar minha mente com o trabalho, mas sempre dava voltas e voltas no assunto. Amanheceu o dia e fui tomar um banho de água fria para me despertar. A água escorrendo pelo meu corpo, tirando – ou tentando tirar – o estresse. Lavei meus cabelos e tentei massagear a cabeça.

     Essa humana me desestabiliza. A melhor solução seria eu me livrar dela. Mas não posso fazê-lo.

     Desligo o chuveiro e saio do box.

    Já dei a ordem para prepararem o avião. Assim que sairmos do hotel que vamos vistoriar, iremos direto para Bucareste.

    Coloco um terno escuro como de costume, meu anel cravado com ônix, que me foi dado por meu pai.

    Saio do quarto e vou à sala. Montserrat já estava de pé. Arrumava a mala que eu havia lançado ontem.

    Sempre era elegante. Vestia um conjunto social, uma saia preta e uma blusa azul. Seus cabelos presos em um coque. Arrumava a mala com uma mão. Isso ia demorar.

     — Te dou quinze minutos para organizar todas as suas coisas — falei sério. — Não vamos mais voltar para o hotel. Vamos voltar para a Romênia hoje mesmo.

     Passei por ela e fui à cozinha. Retirei uma bolsa de sangue da geladeira, coloquei na taça e tomei. Isso era tão revigorante. Me fazia sentir vivo, me lembrava o que realmente sou. Um vampiro cruel e sem piedade. Jogo a bolsa vazia no lixo e lavo a taça.

     Peguei o celular de cima da mesa e perguntei à Montserrat:

     — Já está pronta?

     — Sim, eu tinha arrumado tudo ontem à noite. Podemos ir.

     Deixamos o apartamento e fomos para o estacionamento. Dispensei o motorista. Dei partida e fomos para o hotel em construção. Sentia os sentimentos de Montserrat intensos. Ela ainda estava receosa. Não sabia como reagir. Talvez eu entendesse o seu lado. É uma humana que jamais imaginou que seres místicos existissem. Que agora se vê em uma realidade que jamais imaginou. Mas ela deverá aceitar. Não tem como fugir.

     — Creio, senhor, que a obra está correndo bem — disse, olhando para a estrada. — Não há com o que se preocupar.

     — Quero ter certeza de como meu dinheiro está sendo usado. É um projeto milionário. Certamente será um dos melhores, se não o melhor, hotel daqui. Quero que tudo saia perfeitamente bem.

     — Entendo, senhor.

     Não falamos mais nada. Seguimos viagem até chegar na construção. Fomos recebidos pelo arquiteto que explicou todos os procedimentos da obra. Estava do meu agrado, certamente. Então não havia mais nada a se fazer aqui.

      Saímos do local a caminho do aeroporto. Não aguentava mais esse lugar. Chegamos na pista de pouso, fui direto para o avião sem dar atenção à mulher. Sentei-me na poltrona, ela sentou longe de mim. Esperamos a descolagem e depois de vinte minutos já estávamos no ar. Apenas tentei não pensar em mais nada. Certamente a loucura me possuiria.

★★★

     Não consegui dormir. Já era meia-noite. Montserrat dormia tranquilamente.

     Levantei e fui na pequena área de bebidas ao fundo. Bebi umas doses de conhaque e voltei para minha poltrona. Eu estava inquieto. Me sentia preso. Tinha que sair daqui. Acho que sei o porquê dessa minha reação. O feitiço que Morgana me lançou estava em conflito com a ligação. Ela tentava expelir o feitiço de mim, isso me causava aflição. Olho para Montserrat decidido a fazer o que devo. Eu não suportava mais a agonia. De uma vez por todas eu tinha que assumi-la.

Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora