34 ▪︎ Antes do casamento

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Vladimir

Ainda estava em choque. Não acredito no que acabei de ouvir.

— Peço que mantenha isso em segredo, Vladimir. Ninguém pode saber ainda. E como não sabemos sobre o propósito desses bruxos é bom que Montserrat fique resguardada.

Eu não assimilava.

— Como, Merlin? Como pode ser?

— A Mãe Natureza me revelou a poucos dias. Veio em forma de mulher. Ela vigia Montserrat de perto. Não interfere nas decisões dela, mas está sempre a vigiando. Orientando.

— Pensei... que a Mãe Natureza fosse um espírito.

— E ela é. Mas para estar entre os humanos teve que se disfarçar dentre eles. — Ele se aproximou e tocou em meu ombro. Eu fechava os olhos, resignado. — Volte agora. Seus familiares precisam de você. Os proteja. E a si também. Boa sorte, vampiro.

Abriu um portal. Atravessei e parei em meu quarto. Sentei na cama ainda sem raciocinar direito.

Montserrat

Levava o cesto de roupas limpas para o quarto de Vladimir. Tenho revezado entre ficar aqui com ele e em casa com Alina. Faltava exato um mês para o nosso casamento. Empolgação, nervosismo, alegria, tudo me consumia. E Vladimir é o homem que eu quero o resto da vida. Abro a porta de seu quarto e o encontro sentado na cama.

— Já em casa? Pensei que ficaria mais tarde no trabalho.

Me virei e coloquei o cesto na poltrona.

— Vlad, tudo está indo tão bem. Os preparativos para a boda estão lindos.

Me virei para olhá-lo. Quando vi que não reagia, fui até ele e sentei ao seu lado. Tirei as mechas de cabelo que caíam sobre seu rosto e arredei para trás. Seu olhar parecia perdido.

— Vlad? Vlad, meu amor, o que houve? — já estava ficando aflita.

— Eu... Por que nós...? Eu não entendo... Por que...? — falava sem nexo.

— Vlad, Vlad, olhe-me. — Virei levemente seu rosto. Seus belos olhos pareciam perdidos. — Diga-me, o que houve?

Ele suspirou. De repente me abraçou. Muito forte. Fiquei sem reação, mas retribuí. Passava a mão em suas costas.

— Ai, Vlad, não me deixe aflita. Sua aura me diz que algo não vai bem e a ligação transmite isso.

Nos separamos. Ele parecia mais recomposto.

— Não é nada. — Me olhou. — Só preocupação. — Fez um carinho no meu rosto. — És a mais bela de todas as rosas. Jamais quero te perder. E por mais que eu me arranhe em seus espinhos, sou capaz de me sacrificar para conservar suas pétalas. Prometo que te protegerei, meu amor.

Fiquei inerte o olhando emocionada. Ele era tão lindo se declarando. Beijei seus lábios suavemente, desfrutando de sua boca. Sua barba me causando arrepios e tremores.

— Eu amo tanto você, Vladimir. E por mais que passemos pelas dificuldades — minha testa estava grudada na dele —, jamais vamos nos separar. Prometo!

Nos beijamos de novo. Sei que ele estava preocupado com muita coisa. Mas eu estaria ao seu lado lhe apoiando.

             Três semanas e cinco dias depois

— Ah, Vlad, vai, vai! Vamos assistir um filme. Vamos, vamos!

Eu implorava com as mãos cruzadas em frente ao rosto e com olhos pidão. Ele me olhava sério, impassível, de braços cruzados. Erguia uma sobrancelha.

— Não. Você deveria descansar, nosso casamento é daqui a dois dias.

— Mas é assim que quero descansar — segurei seu braço e balancei. — Hum, hum, o que me diz? Um filme? Um filminho?

Ele revirou os olhos.

— Argh, tudo bem, insuportável.

— Eeee!

Nos deitamos na cama. Me aninhei em seus braços. Ele tinha acabado de chegar do trabalho. Era de noite. Estávamos prontos para dormir.

— Qual filme quer ver? — perguntou.

— Drácula!

— Não. Esse filme é uma calúnia e insulto a minha raça. Não passa de uma intrujice para que céticos acreditem. Nada daquilo é verdade.

— É uma o quê? — o olhei confusa. Ele me encarou de cenho franzido.

— Esqueça.

— Vai. Põe Drácula. É romântico. Mina e Drácula me lembra nós.

Ele apenas suspirou. Durante todo o filme resmungou das teorias que não eram certas. Reclamava dos efeitos e do quão antigo era o filme. Que Van Helsing nunca existiu, que caçadores de vampiros são rebeldes ou humanos revoltados. Quando terminou, me espreguicei. Ele ainda reclamava.

— Odiei! — falou estoico, arqueando uma sobrancelha.

— Ah, Vlad, deixa de ser chato. É só um filme.

— É uma calúnia!

Suspirei.

— Tudo bem. Desliga a TV. Vem, vamos nos deitar e dormir.

Ele desligou e a TV desceu, ficando embutida no solo. Nos endireitamos, deitei em seu peito.

— Está nervoso?

— Não. Sei que é o certo. Você foi a certeza mais concreta em minha vida. Não tenho dúvidas ou receios.

Fazia um carinho em meu cabelo. Sorri com sua revelação.

— Também não tenho dúvidas. Você foi a melhor coisa que me aconteceu.

Eu fazia um carinho em seu peito.

— Eu... — parecia hesitar. Relutante. Ouvi seu coração se acelerar — ...te amo!

E o meu errou uma batida. Como soava uma bela canção vindo de sua voz. Ergui para olhá-lo, com um sorriso. Beijei seus lábios desenhados, com todo o desejo e sabor.

— Um belo e longo destino nos aguarda, Vladimir. Viveremos felizes e certos de nossas decisões. Mal posso esperar para dizer sim naquele altar.

Me aninhei mais em seus braços. Eu parecia estar em um sonho. Que jamais queria acordar.



Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora