12 ▪︎ Dubai

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Vladimir

    Quando me chamou como minha mãe costuma me chamar, Vlad, uma sensação estranha me ocorreu. Parecia que era tão íntima de mim. Que me conhecia perfeitamente. Nem Morgana era tão próxima para me dirigir pela abreviação de meu nome. Montserrat ficou nervosa ao me ouvir sugerir que jamais ficaria com outro homem. Isso de fato me irrita. Não suportaria ver minha companheira com outro. Mas, tampouco, consigo assumi-la. Egoísmo. É, eu estou sendo egoísta e prepotente. Mas não me sinto culpado e continuo convicto de minha decisão. Ela será somente minha, por mais que eu não a assuma.

     Vê-la dormir tranquilamente, me fez querer fazer-lhe um carinho. Não. Isso não é do meu feitio! Não aceito o fato da ligação, aos poucos, fazer efeito. Sei que ela se aperfeiçoa com o tempo, principalmente quando os companheiros estão juntos. Tenho que impedir que ela avance. Uma magia de contenção? De impedimento? Será que o bruxo é capaz de enganar a magia feita pela natureza? Tenho que dar um jeito de voltar ao Mundo Mágico e pedir orientação à Merlin. Estou começando a me desconhecer. E pelo visto, o feitiço de Morgana enfraquecer, já que estou começando a ter sentimentos. Depois de tantos anos.

    Tomo mais do uísque. Não preciso dormir durante a noite. Apenas quando necessito estar mais descansado. Montserrat parecia tão serena. Seu rosto angelical enganava qualquer um. Embora eu aparentasse ter quarenta anos humanos, Montserrat com seus vinte e cinco parecia ter vinte. Tão pequena e delicada. Não era uma mulher de vaidades ou que se preocupava estar nos padrões. Era tão... única.

    Suspiro e levo a cabeça até o encosto da poltrona, fechando os olhos. Eu devo ter enlouquecido com essa humana. Não posso ter sentimentos por ela. Eu me recuso!

     De repente, sinto uma energia forte me percorrer. Como se meu sangue fervilhasse. Sinto a energia de Montserrat e a ligação através dela, se intensificarem. Como se ela estivesse agoniada. Como se estivesse sufocada.

    — Não! Não! Não!

    Ouvi ela falar. Abri os olhos e a vi se remexendo na poltrona, agoniada. Levava as mãos na cabeça e bagunçava os cabelos. Sem esperar, invadi sua mente tentando entender seu desespero. Respirei fundo ao ver o sonho que tinha. E já soube o que era. Montserrat bebeu do meu sangue, e isso deixou a ligação parcialmente completa. Pelo menos da parte dela. O sonho que ela estava tendo, era uma lembrança minha do meu passado. Onde Morgana ainda era minha esposa. Isso significa que temos uma ligação, até onde dá para entender, de mente. Montserrat consegue, através de sonhos, ter acesso à minha memória. Agora faz sentido. Nas primeiras vezes que a vi pensei ser meu dom telepático, mas era a ligação que fazia eu ter acesso livre à mente dela.

    Ela não parava de se remexer e grunhir agoniada. Se assustava com as imagens que eram fortes. Assassinato, chacina, terror.

    Levantei da poltrona e fui para seu lado. Segurei seus pulsos evitando que se machucasse. Ela estava ofegante e suada.

    — Montserrat, acorde! — falei baixo.

    — Não! Não! Não façam isso, por favor! Isso não! Isso não!

    Lagrimas começaram a escorrer de seus olhos. Ela estava vermelha, parecia que realmente estava em seu sonho. Fazia força tentando se soltar. Tive que medir a minha para não machucá-la.

    — Montserrat, Montserrat! — a chamei, mas não me ouvia.

    Cada vez mais ela se movia e o sonho ia piorando. Seu coração estava muito acelerado. Estava em um pico de adrenalina. Tive que usar meu poder e invadir sua mente para interrompê-lo. Só assim ela abriu os olhos. Me olhou apavorada e tentou se afastar.

Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora