Império - Trono de Sangue

10 ▪︎ Começo dos pesadelos

Um mês depois...

Montserrat

     Eu caminhava pela sala da casa de era medieval, vendo a decoração marcante do lugar. Eu vestia meu pijama que lembro de ter posto antes de deitar. O estranho é eu estar aqui. É um sonho. Sei que é. Porém, muito real. Ando mais um pouco, tocando nos móveis muito bem polidos. Espanto-me e olho para trás, quando ouço um barulho de porta se abrindo. Asseverei mais meu medo, ao ver a figura icônica parada como se fosse um monstro. Ele estava ensanguentado, com suas roupas negras e uma capa de gola alta simbolizando quem ele era. Vladimir parecia saciado com seu estado atual, já que passou a língua por seus lábios cobertos de sangue. E gemeu de satisfação ao engolir o líquido.

    — Meu amor, como foi a caçada?

     Parecia... a minha voz!

     Quando a vi se aproximar de Vladimir, e sem se importar, lhe dar um beijo nos lábios, pensei estar alucinando. Ela era idêntica à mim. Seus cabelos castanhos, longos e lisos. Pele branca. Mesma altura. Eu diria que era minha irmã gêmea. Fiquei ofegante perante a imagem.

     — Maravilhosa, posso dizer — falou Vladimir, lhe dando um sorriso.

     — Que bom!

    Eu me tremia de pavor com o que eu vira. Como pode essa mulher ser idêntica a mim? Me assustei mais ainda quando tudo ficou em completa escuridão. Como se as luzes repentinamente tivessem desligado. Mas uma claridade quase me cegou logo em seguida. E um novo cenário apareceu. Dessa vez, estávamos em um campo de guerra. Várias pessoas, ou melhor, vampiros, estavam destruindo uma cidade inteira. Me surpreendi ao ver a minha cópia, de longe, lançando algum tipo de poder para imobilizar as pessoas. E Vladimir destruindo, matando, sem piedade. Quando acabou, ambos foram de encontro um ao outro e deram-se um beijo, como se comemorassem. Dei passos para trás, até cair em um buraco de forma infinita. Parecia que não teria fim, até eu sentir uma perfuração no meu peito. Devagar olhei para o lado e vi minha cópia sorrir sarcasticamente de uma forma monstruosa. Sua aparência era horrível. Parecia uma bruxa de verdade. Era o que ela era; Morgana, a pior bruxa que existiu. Ela ergueu a mão em minha frente a fim de me lançar algum feitiço. A única coisa que fiz foi fechar os olhos e gritar com toda a minha alma.

    Acordo desesperada. Ofegante, assustada e muito suada. Sentei rápido na cama e liguei o abajur. Pus os pés para fora, tentando me acalmar. Esses sonhos têm me perseguido. Desde o dia em que Vladimir me fez beber o seu sangue. É horrível, assustador, doloroso. Ele me alertou que aconteceria. Que é consequência de eu ter bebido seu sangue. Isso significa que a ligação está meio completa. Mas o que de fato significa esses sonhos?

    Levanto da cama e vou à cozinha. Aperto o interruptor para ascender as luzes e a decoração vibrante do apartamento se faz ver. Eu escolhi tons frios da palheta de cores. Aluguei aquele apartamento que vi com Alina. Bom, Vladimir alugou para mim.

     A nossa relação... Ainda continua a mesma. Digo... Ele é muito protetor, não me deixa muito tempo sozinha. Me explicou tudo sobre esse novo mundo. Sobre o que ele é e o que de fato temos. Uma ligação. Uma magia que acontece com seres sobrenaturais. Acabei descobrindo que sou a reencarnação da poderosa bruxa lendária Morgana, e que ela foi esposa de Vladimir séculos atrás. Talvez um motivo para eu ter esses sonhos? Disse que ainda não completaria a ligação porque não era viável. Concordei em deixar tudo como está. Nossa relação é apenas de funcionário e chefe. Eu voltei para a empresa e continuei como sua assistente pessoal. Os funcionários não imaginam que somos companheiros e não deixamos transparecer. Até porque, ambos evitamos falar que temos uma ligação e ignoramos isso. Apenas sigo minha vida como se esse fato nunca houvesse ocorrido.