43 ▪︎ Cair da noite

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Montserrat

Atravesso o portal e paro bem no meio da minha sala. Corro até Alina que está presa a uma cadeira. Sacudi pelo ombro, mas ela estava grogue.

— O que fizeram com ela?

Perguntei para Estefânia. Uma outra bruxa estava mais no canto observando tudo.

— Ela deu trabalho, tivemos que imobilizá-la — Estefânia falou. — Não se preocupe, a velha ficará bem.

Olho para a escada quando ouço palmas. Uma bela mulher, com roupas medievais, longos cabelos negros e olhos cinzas, descia elegantemente os degraus. Parou no meio deles e me observou com maldade.

— Ora, ora, se não é a prometida.

Ela me transmitia um certo desconforto.

— O que você quer? Quem é você? — perguntei séria e segura.

— Ora, bela. Me conheces muito bem. Me chamo Margareth. Estive te alertando todo esse tempo.

Logo sua feição muda, por míseros segundos, logo voltando ao normal. E não acredito no que vejo. Era a velha.

— Não pode ser! — exclamei surpresa.

— Agora que está aqui e tudo está de acordo com o plano, vamos iniciar.

Em um piscar de olhos ela veio e ficou cara a cara comigo. Tocou em meu peito e senti uma pontada no coração. Caí ofegante e trêmula. O que ela fez? Eu sinto... Sinto um vazio.

— O... que... você fez? — perguntei com a voz entrecortada.

— Para esse plano funcionar temos que tirar do caminho seu companheiro. O imperador não pode intervir até que concluamos. Temporariamente sua ligação está cortada.

O quê?! Não, não pode ser. Vladimir!

— Não faça nada que possa se arrepender, Margareth.

Pela primeira vez, ouvi a voz de Alina. Mas ela estava diferente. Estava séria. Olhava a bruxa fixamente.

Margareth foi para onde Alina. Rodeou sua cadeira e parou bem atrás dela. Se abaixou um pouco para ficar da altura de seu ouvido.

— Eu sei quem você é, Alina — enfatizou bem o seu nome. — E digo que todos os seus planos serão esvaídos ao vento. Porque eu criarei as novas regras. Será do nosso jeito. — Voltou a postura normal e colocou as mãos em ambos os lados do rosto de Alina. — Pena que não verá nosso triunfo, mas tenho que tirá-la da jogada, assim como o lorde.

Olhei atentamente. Quando percebi o que faria, implorei.

— Não, por favor! Ela não tem nada a ver com isso — comecei a chorar. — Não. Não.

— Tudo bem, filha. Sempre estarei ao seu lado lhe guiando. Não tema ou se amedronte. E confie sempre em seu companheiro.

Deu um sorriso terno, amigável. Olhei para a bruxa com os olhos fixos e temerosos. Mas nada lhe fez ter misericórdia. E como algo insignificante, torceu o pescoço de Alina e fez com que seu corpo caísse no chão.

— NÃAAO!

Engatinhei até ela e segurei seu corpo. Balancei, derramando as lágrimas e não acreditando que aquilo acabara de acontecer.

— MALDITA! O que você fez?! O QUE VOCÊ QUER?!

Eu gritava com a bruxa. Ela me olhava com superioridade, banalizando o caso.

Quando olhei para o lado, Estefânia abaixou-se e estendeu a mão. Saiu uma fumaça negra e entrou em minhas narinas. Lutei contra a sonolência que me dava, mas não fui forte. Logo desmaiei e a última coisa que vi foi o cadáver de Alina.

Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora