29 ▪︎ Inimigos à espreita

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Vladimir

Nos reunimos em uma mesa para falar sobre o reino.

— O rei Dreux está cada vez mais diferente — disse Enrico. — Não aceita nossas opiniões e faz tudo o que quer. Está agindo estranho.

— O mais estranho é o entra e sai de uma bruxa. Muito bonita, de longos cabelos negros e olhos cinzas. Veste roupas medievais. Parece que vai exclusivamente falar com o rei — revelou Benjamin.

O quê? Não creio que ele esteja recebendo bruxas em seu castelo. Mas sua descrição bateu com a que vi outro dia. O que está havendo?

— Acredito que ele esteja fazendo acordos com ela. Sempre conversa em particular e parece que a rainha Cassandra aprova — disse Enrico.

— Quando ela passou por mim, senti uma energia estranha. Como se me amaldiçoasse. Aquela bruxa não tem boas intenções — Benjamin explicou.

A cada dia que passa, mais raiva Dreux me faz.

— Estranhei não ter participado das duas reuniões de líderes que teve, Lorde Bathory — disse Enrico. — Estava indisposto?

Como?!

— O que disse? — ergui uma sobrancelha. — Não recebi nenhuma convocação. Ele não me chamou ou a meus pais. Ah, entendi. Ele está me excluindo. Deve ter medo de eu desvendar seus planos.

— Será isso? — indagou Benjamin.

— Sei que teve um infortúnio com ele, mas não é motivo para afastá-lo, Vladimir. Ele esconde algo, certamente. Dreux pode nos levar ao desastre.

O que ele quer? O que planeja contra mim? Se é certo de que está aliado às bruxas, poderá trazer uma guerra. Porque fui EU quem fez o acordo de que vampiros e bruxos jamais seriam aliados novamente, depois de tudo que aconteceu com Morgana. Eles se sentiram ameaçados e desde então nos tem como inimigos. Sugeri que o melhor seria bruxos e vampiros não se envolverem. Mas se Dreux está se comunicando com uma bruxa, quem sabe quais são seus planos. Ele é tão ganancioso que é capaz de vender a todos os originais por poder. Mas algo ele tem contra mim. Sinto-me irritado por não me chamar nas reuniões nas quais eu sou indispensável. Por que ele faria isso? Tenho que descobrir seus planos e se eu sou o alvo deles.

— Nesse sábado terá uma nova reunião. Sei que ele não o chamou. Mas o questione sobre isso, Vladimir. Resolver de uma vez suas diferenças para viverem em paz.

É claro que vou questionar. Se esse rei pensa que pode passar por cima de mim, está muito enganado. Pois, mostrarei quem é o verdadeiro rei.

Montserrat

Estava num canto, tomando vinho e observando a todos. Vladimir parecia entretido em sua conversa. Já estava cansada. E toda essa energia me causava aflição. Decido sair e respirar ar puro. Sento no banco do jardim. Esse vestido era sufocante. O frio em meus braços nus me fez arrepiar.

— Eu falei para ficar longe dele e o que você faz? Fica noiva e deixa ele te marcar. É estúpida ou o quê?

Levantei e olhei para o lado, assustada. Aquela velhinha de bengala de novo.

— O... O que você quer? Quem é você?

— Ora, bela. Isso não lhe convém. Mas digo que sua estupidez atrapalhou meus planos. Como vou conseguir com o lorde lhe protegendo?

— Do que está falando?

— Por que não foi até Merlin e deixou que ele te protegesse? Seria mais fácil assim. Você já estava no Mundo Mágico!

— Espera, do que está falando, sua velha maluca? Não tinha como eu me proteger de Vladimir, ele foi atrás de mim. E não tinha porquê também. Eu o amo, ele é o meu companheiro.

— Tola! Um ser do Mundo Físico não pode machucar um do Mágico. Vladimir não poderia machucar Merlin ou Mordred!

Olhei abismada.

— E como eu ia saber disso! Olha, não sei quem é você, mas sugiro parar de me perseguir. Senão, será pior. Ele fará algo que não vai gostar. Então, saia daqui!

Eu estava nervosa.

— Menina tola, ele te fará sofrer. E quando menos esperar, estarei de volta para cumprir com meu propósito.

Senti a presença de Vladimir logo atrás de mim, me virei.

— Você está bem? Senti uma estranha energia.

— Sim, eu...

Me direcionei para a velha, mas ela havia sumido.

— Ela te persegue também — afirmou.

— Você também?

— Vem. Vamos embora. A festa acabou.

Saiu me puxando pela mão. Entramos no salão de festa.

Vladimir foi até Malthus e olhou em seus olhos. Pareciam se comunicar telepaticamente.

— Então vamos embora antes que aconteça algo. Vá para a limusine, vou anunciar o fim da festa — disse Malthus.

Ele me arrastou de novo. Entramos no carro. Parecia calmo, apesar de tudo.

— Vai me dizer o que está havendo? — questionei.

Ele estava com a cabeça encostada e olhos fechados. Parecia sereno. Malthus e Sonja entraram e logo o motorista dirigiu.

— Não é importante. Tudo se resolverá.

— Como pode dizer isso? Como pode estar tão calmo? Vlad, aquela mulher me persegue. E pelo visto você também. Me fala, eu quero ajudar!

Ele me olhou.

— No que uma simples humana pode me ajudar? Pelo o que sei, você não quer ser vampira, não? Então não se intrometa em assuntos que não pode lidar! — falou sério e rude.

— Já falamos sobre isso, você sabe o que penso. Agora, aqui, o assunto é outro. Se você deixar seu egoísmo de lado por um segundo, vai perceber que as pessoas podem te ajudar, Vladimir.

— E como você me ajudaria? — ergueu uma sobrancelha. — Vamos, me diga!

— Eu... — balancei a cabeça.

— Está vendo? Não consegue nem raciocinar direito. No seu momento de agonia fica tão absorta que não consegue resolver nada com clareza. Você deixa sua emoção falar mais alto. Então, não se envolva porque eu sei o que faço.

— Você é tão grosseiro que não consegue enxergar além do seu ego, Vladimir. Eu e seus pais estamos aqui, mas o que você faz? Nos deixa de lado e pensa que pode tudo sozinho.

— E não é assim? Diga-me o que uma tola e fraca humana pode fazer?

Suas palavras vieram como flechas flamejantes. Meus olhos marejaram, mas evitei chorar.

— Filho, não seja assim — Sonja tentou argumentar.

— Não, mãe. Ela precisa entender e vocês também. Estamos em guerra, vocês queiram ou não. E isso não é tão simples assim, Montserrat. — Olhei em seus olhos, angustiada. — Entenda que você não pode fazer nada!

Seu tom rude me machucava.

Não falei mais nada. Terminamos o trajeto em silêncio. Quando chegamos, subi para o quarto. Tirei a roupa e tomei um banho, tentando não chorar e assimilar tudo.






Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora