Três semanas depois
Montserrat
Que frio na barriga, meu Deus. Amanhã. Seria amanhã nosso baile. Não consigo parar quieta, não consigo me conter.
— Filha, por que está agitada assim? Já roeu as unhas, anda de lá para cá. O que você tem? — Alina perguntou, bastante confusa.
— Nada. É que amanhã eu tenho um encontro com Vladimir. Estou nervosa.
— Venha. Sente-se aqui.
Fui até ela. Pegou minhas mãos e me consolou.
— Filha, você tem dúvidas?
— O quê? Não, não, Alina. Eu gosto de Vladimir, mas — fiz um gesto com a cabeça — aquele homem me deixa nervosa — sorri e ela acompanhou.
— Você está apaixonada. É normal sentir tudo isso. Borboletas no estômago, arrepios, nervos alterados. Ainda mais quando se é a primeira vez. É mais intenso.
— Sim. Eu me sinto tão... boba. Por um lado bom. Não sabe o quanto espero o dia do nosso casamento.
— Estou tão feliz por você. — Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Espero que você seja muito feliz ao lado dele. Vocês se merecem.
— Obrigada, Alina. Agradeço por tudo o que fez por mim. Se não fosse por você, sabe-se lá Deus onde eu estaria agora. Você é muito importante na minha vida.
Nos abraçamos e ficamos desfrutando da companhia uma da outra. Mais tarde iria para a casa de Vladimir onde me arrumaria para o baile.
Vladimir
Caminhava ao lado de meu pai pelo salão onde aconteceria a festa. Estávamos analisando o local.
— Esse rei me preocupa. Temos que lidar com ele — disse ele.
— Ele já errou uma vez. Não creio que seja tolo e imprudente para vir de contra mim. Dreux sabe que sou mais forte que ele. O que Elizabeth fez no passado assombrou a todos. Ela mesmo destruiu o reino passado, com sua psicose descomunal. Ele sabe da dimensão dos poderes dos Bathory. E a melhor solução que vê é nossa eliminação. Mas não vou deixá-lo que cruze nossos caminhos e acabe com nossas vidas. Antes de acontecer já terei acabado com a vida dele.
— Temo você assumir o trono. Você sendo o rei dos vampiros, de acordo com a profecia de Merlin, é algo a se preocupar. A maioria nos odeia e nos querem ver mortos. Se caso você assuma, seria possível acontecer uma rebelião.
— Essa é minha última opção. Tampouco quero assumir o trono. Mas caso não haja saída, terei de fazê-lo. Não se preocupe com nada, pai. — Parei de andar e me virei para olhá-lo. — Nossa família não sofrerá nas mãos do rei nem de ninguém.
— Sei disso, filho. E é justamente esse meu temor. Sei que fará de tudo por nós. Mas quero que sempre lembre que nem tudo depende de você.
Ele tinha razão. Eram muitas responsabilidades. Muitas vidas. Uma raça. Tinha que ser cauteloso ao lidar com tudo isso.
Saímos do lugar e voltamos para a mansão. Minha mãe já tinha tudo em ordem.
— Aqui, filho.
Ela vem em minha direção com uma roupa em um saco. Abri o zíper e vi um terno preto com uma capa vampírica.
— O que é isso?
— Seu traje de amanhã. Quero que seja perfeito.
— Mãe...
— Psiu... Não diga nada, apenas obedeça. — Me calou. — Mais tarde sua noiva virá. Não quero que a veja antes da cerimônia.
Apenas suspirei.
— Querida, ainda não é o casamento.
— Mas um baile de noivado é tão importante quanto. Ah, Malthus, eu quero falar com você...
Eles foram para um canto e eu subi para meu quarto. Joguei o terno na poltrona e fui para a varanda ver a noite cair. Amanhã. Seria amanhã. Torço para que nada aconteça. Só quero pedir a mão de minha noiva e me livrar da maldição. Marcá-la para mostrar a todos que ela me pertence. Sem restrições, sem dúvidas ou receios. Apenas nossas vontades se concretizando.
Ouço meu celular tocar e o retiro do bolso interno do blazer. Era ela. Atendi, ouvindo sua doce voz.
— Olá, Vlad. Como está?
— Bem, Montserrat. Espero que não esteja ansiosa para amanhã.
Já sabia que sim, pelo seu jeito.
— É inevitável, não? Imagino que você também esteja.
— Não, eu não estou. Não é como ir para a forca.
Sua risada soou como uma doce melodia.
— Que horror, Vlad. — Deu uma pausa. — Eu só liguei para dizer que estou convicta disso. E espero que você também. A partir de amanhã tudo será mais intenso para nós. Estaremos completamente ligados.
Sentia o nervosismo em sua voz.
— Sim. Estaremos. E nada irá impedir isso. Nada.
— Eu... — parou de falar. — Então, até mais.
Desligou.
Talvez o medo a consumisse. Por estar selando sua vida a um ser das trevas, que não teria mais como voltar atrás. Compreendo sua preocupação. Embora eu estivesse mais atento que o normal, desejo que tudo dê certo amanhã. Que os inimigos não vejam o baile como uma oportunidade de nos atacar. Montserrat não merece isso. Precisa de um momento inesquecível comigo. Lembrar que ao meu lado não é apenas dor e sofrimento, mas também, bons momentos.

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Império - Trono de Sangue
Vampire"Nunca imaginei que minha vida fosse mudar tanto. Da água para o vinho. Pois, foi quando ELE apareceu... Aquele vampiro que me fez temer e pensar que eu não viveria mais. Sua aura hipnótica fazia-me vê-lo como o pior monstro. Suas ações e maldades e...