Império - Trono de Sangue

14 ▪︎ O verdadeiro Rei

Vladimir

    Isso não podia ser real. Eu não posso acreditar.

    — Merlin — ainda estava inconformado —, sabe que se eu ter esse poder em minhas mãos, o mundo entrará em desordem. Porque eu não vou deixar que ninguém me pise. E sabe o quão mau sou, eu não aceitaria ser questionado por ninguém. Também, minha família seria alvo de muito ódio, eu seria alvo. Muitos me odeiam, querem a minha morte. O próprio rei pensa assim. O que Dreux acharia? Na primeira ordem mandaria me matar, aos meus pais e também — olhei para Montserrat que parecia confusa e assustada — a minha companheira.

    — Entendo a sua preocupação, filho — Merlin tenta me convencer. — Mas é algo que não pode ser mudado.

    — Vladimir, você não precisa necessariamente aceitar o trono — Montserrat falou. — Deixe tudo como está!

    — Infelizmente, não será assim por muito tempo — explicou Merlin. — O trono o chama. Você foi o escolhido para estar nele. Você que possui o poder absoluto para comandar os vampiros. Todos eles. O último rei que foi escolhido pela Natureza, foi Drácula. Porém ele está morto. E como tens as mesmas virtudes que o homem possuía, ela o elegeu, Vladimir. Não pode fugir disso.

   — Então você diz que sou a reencarnação de Drácula?

   — Não. Ele ainda estava vivo quando você nasceu. O que ambos têm em comum é o sangue puro que corre nas veias. São originais por linhagem. Por carregarem o sangue verdadeiramente vampírico. Isso é algo que poucos têm.

    — É basicamente questão de DNA — aleguei.

    — Já se perguntou, vampiro, o porquê de ser tão forte?

    Foi aí que eu tive um choque de realidade. Sempre pensei que fosse por Elizabeth, mas...

    — Você é o mais poderoso de todos os vampiros, Vladimir. Justamente por ter este sangue. É uma virtude que a Natureza te deu. Eis o motivo!

     Fechei os olhos negando tudo isso. Primeiro, uma companheira humana. Segundo, sou o mais poderoso vampiro, que significa ter uma responsabilidade que não quero ter. Isso não podia ficar pior.

     — Apenas isso posso revelar aos dois. Não se precipitem a nada — disse Merlin. — Deixem que tudo será como deve ser. Ainda há mais coisas a serem reveladas.

     — Eu vou achar uma solução para esse problema — falei, já preocupado. — Você sabe, Merlin, que se Dreux souber disso, eu serei perseguido e aí se iniciaria uma grande batalha entre os vampiros. Porque há muitos do lado dele. E sabe que eu os mataria sem pestanejar, isso reduziria muito da minha espécie. É claro que se o trono fosse algo benéfico, eu não pensaria duas vezes e o tomaria para mim, porém penso em minha raça que poderia ser extinta... pelas minhas próprias mãos!

     — Isso é o que temo, vampiro. Mas eu vejo agora que entendi o motivo da Natureza escolher você. És sábio! Sabe muito bem o que fazer para não levar a sua espécie ao declínio. E com isso me tranquilizo mais, sabendo que não haverá desordem no Mundo Físico, e que prejudique, principalmente, os humanos. Sei que resolverá essa questão. Está em suas mãos agora — olhou de mim para Montserrat, aliviado. — Querem que eu revele a ligação que vocês têm?

    — Sim, Merlin, por favor — pedi.

    — Tudo bem. Fiquem de frente um para o outro e deem as mãos.

     Fizemos exatamente isso, Merlin lançou a magia dele em nós. Sentia a presença de Montserrat como se ela estivesse dentro de mim. Não demonstrei ou esbocei reação. Continuava impassível. Isso era o meu menor problema agora. Observei um brilho roxo rodear nos dois, logo uma lembrança me veio à memória. De quando eu dei meu sangue à Montserrat. Eu vi o brilho se intensificar e circular de ela até mim.