35 ▪︎ Matrimonio

53 9 8
                                    

Montserrat

Um dia. Um dia faltava. E pensar que amanhã eu estaria no altar, de branco, dizendo sim ao meu noivo, me dava frio na barriga, tremores e pavor. Eu estava muito nervosa.

Estava no quarto junto de Melina, Olivia, Linda e Sonja. Eu andava para lá e para cá muito nervosa.

— Filha, sente-se, vai ter um ataque. — Sonja ajeitava o meu vestido no manequim.

— Fiquei nervosa na minha vez, mas quando cheguei no altar e vi meu noivo, me tranquilizei mais — disse Melina. — Parece assustador, mas é mais tranquilo do que parece.

— Não fiquei nervosa na minha vez, mas meu esposo sim. Enrico ficou igual a Montserrat — disse Olivia.

— Mãe, como a senhora é insensível. Coitado do papai! — exclamou Linda.

— É amanhã. O que eu faço? E se Vladimir pegar fogo assim que pisar na soleira da igreja? E se ele desistir? Ai, meu DEUS! Ele pensa em desistir?

Sentei entre Olivia e Linda. Todas riam do meu nervosismo.

— Calma. Vai dar tudo certo. Também não vamos deixar que ninguém impeça esse matrimônio, nem os inimigos — disse Olivia.

— Não. — Levantei. — Eu preciso falar com ele!

Saí do quarto e fui ao dele. Ele estava de costas, bebendo algo. Parecia tão tranquilo, sereno. Nada o abalava. Vestia uma calça e camisa social preta. Seus lisos cabelos caíam pelos seus ombros.

— Vlad — fui até ele e o virei —, me diz que não desistiu. Me diz que ainda quer ficar comigo, diz que não vai dizer não, fala que ainda me ama!

Ele me olhava divertido.

— Calma, Montserrat. Está tendo um ataque de pânico.

Comecei a soltar ar continuamente pela boca e balancei as mãos, nervosa. Sentei na cama, ofegante.

— Você não me quer! Você não me quer! — fechei os olhos e involuntariamente lágrimas saíram.

— Meu amor. — Sentou-se em minha frente. Segurou minhas mãos e eu as apertei. — Calma, Montserrat. Calma. Olhe-me — ele pegou em meu queixo e ergueu minha cabeça. — Está tudo bem. Se eu não quisesse você, jamais teria deixado esse casamento ir adiante. Não tem mais volta. Já decidimos isso. Agora vem. — Estendeu os braços. Abracei seu tronco forte, bem apertado. Como se fosse meu alicerce. — Amanhã será o nosso dia. E ninguém vai impedir isso. — Me fez olhá-lo. — Eu já disse que a amo. Que é muito importante em minha vida, que jamais vou deixá-la ir, então se tranquilize. Estou aqui com você.

O abracei mais forte. Ele passava a mão em minhas costas.

— Me abraça forte, Vlad. Quero sentir o calor de seu corpo.

— Vai sentir na lua de mel — disse em um tom perverso.

Imediatamente enrubesci. Me separei dele, enxugando as lágrimas e lhe dando um tapinha. Sorrindo mais aliviada.

— Não seja cínico! Isso só resolveremos amanhã. Cada coisa no seu tempo.

Ele deu um beijo no topo de minha cabeça e levantou.

— Tente relaxar com minha mãe. Ela vai te distrair.

Levantei e fiquei de frente a ele.

— Estou ansiosa por amanhã. — Dei um beijo em sua bochecha. — Eu amo você, sempre saiba disso.

Saí do quarto e voltei com Sonja. Amanhã! Sim. Estou pronta.

★★★

Eu rezava internamente. Meu Deus, meu Deus, meu Deus. É HOJE! Me olho uma última vez no espelho. Conferindo o belo vestido branco, com o longo véu e o buquê de rosas brancas. Optei por um vestido mais discreto, colado ao corpo, estilo sereia, com uma longa cauda. Com mangas de renda e um pequeno decote no busto. O que mais se destacava era o colar de rubis.

— Está tão linda — disse Sonja. — Pronta?

Respirei profundamente.

— Sim — assenti.

Todos já estavam na igreja. Eu e Sonja entramos na limusine. Alina participaria, não teria nada de sangue ou algo suspeito. Eu e ela seríamos as únicas humanas.

Hoje estou realizando o meu sonho. Sempre sonhei com esse momento, de casar com alguém que me amasse e eu a ele. De ter, enfim, a minha família e construir uma história. Vladimir veio na hora certa e quando pensei que daria errado, o universo conspirou ao meu favor e provou que era o certo. A Mãe Natureza nunca errou sobre nós. De um jeito diferente nos disse que somos os pares perfeitos. Não me arrependo de nada até aqui. Apenas quero seguir em frente.

Ao chegar na imensa e imponente igreja, uma tremedeira se apoderou de meus nervos. Engoli em seco e respirei fundo.

— Vamos? — Sonja chamou.

Saímos da limusine e caminhamos até a entrada. Ela foi na frente. Malthus veio até mim. Me levaria até o altar.

— Está preciosa. Meu filho é um homem de sorte.

Sorri, ainda nervosa.

Andamos devagar até pisar na soleira. Caminhamos pelo tapete vermelho e os convidados levantaram. A música clássica tocou. Olhei a todos, nervosa. Mas me acalmei quando o vi ali, tão calmo, confiante, elegante. Seu terno escuro exalando sua magnífica beleza. Olhava cada passo meu e não desviava. Quase perto, olhei para Alina e sorri. Ela estava emocionada. Malthus passou minha mão para Vladimir, que a pegou e a beijou.

— Está linda — falou.

Sorri tímida.

O padre mandou todos se sentarem e começou a cerimônia.

— Caros irmãos e irmãs, estamos aqui reunidos para celebrarmos a união de Vladimir Bathory e Montserrat Versace. — Eu apertava forte a mão de Vladimir e o buquê. — Esse casal teve a benção de Deus para estarem aqui. E eu com muito prazer os uno pelo poder a mim investido. Agora, recitem seus votos e troquem as alianças.

Peguei a aliança da almofada vermelha. Vladimir também. Ficamos de frente e olhamos em nossos olhos. Ele posicionou a aliança e antes de colocá-la, recitou:

— Montserrat Versace, minha doce dama de ouro, receba-me como seu esposo, para te amar, proteger e cuidar. Que sejamos felizes e que tenhamos um destino sublime a nossa espera. Que eu viva ao seu lado os melhores momentos de minha vida. E que você seja feliz em minha companhia.

Encaixou a aliança que ficou junto ao anel de noivado. Chegou a minha vez.

— Vladimir Bathory, aceite-me como sua esposa, para te amar, proteger e cuidar. Para que te faça sorrir, se emocionar, amar. Sei que não foi fácil até aqui, que enfrentamos dificuldades, mas sempre estivemos juntos cuidando um do outro. Aceite-me para provar o quanto o amo. O quanto sou feliz ao seu lado. Para que nosso amor seja eterno e nunca morra. Que perdure até que a morte nos separe. — Coloquei a aliança. — Eu amo você, Vlad.

Olhei sorrindo.

— Eu vos declaro casados — disse o padre. — Pode beijar a noiva.

Vladimir me ergueu pela cintura para eu ficar de sua altura e me beijou. Todas as pessoas aplaudindo sumiram. Era só nós e aquele esplendoroso beijo. O beijo que selava nossa união e que testemunhava o início da nossa vida conjugal. Tão doce, arrebatador, perfeito. Não queria que parasse.

Porém, ele me desceu e enfim olhamos para as pessoas. Quando saímos recebemos uma chuva de arroz. O dia de hoje foi inesquecível. O guardarei em minha lembrança com carinho e saudades. Agora, eu finalmente era a senhora Bathory.







Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora