42 ▪︎ Bruxas das Fossas Malignas

47 8 6
                                    

Vladimir

Estávamos reunidos na sala, nos preparando para ir ao local do ataque. Lorenzo já estava mais recomposto.

— Não devemos deixar que o rei saiba — disse Benjamin. — Se ele de fato estiver junto a elas, não vai ficar parado. Irá querer revidar.

— Tudo o que sabemos é que ele tem contato com aquela bruxa em específica que vai ao seu castelo — alegou Enrico. — Não sabemos se está envolvido realmente.

— Eu creio que sim — falei os olhando e ajeitando minha capa. — Tentei ler sua mente, mas uma forte magia me repelia e impedia de acessar. O rei estava enfeitiçado. Deve ter feito algum tipo de acordo com elas para ter proteção. Certamente para ficar perto do meu nível.

— Nesse momento — iniciou meu pai — devemos focar em capturar essas bruxas. — Nos olhou. — Prontos? — Acenamos. — Então, vamos.

Fomos para a frente da mansão e nos dissipamos com teletransporte e nossa velocidade. Me teleportei para a floresta e em segundos ela estava à vista. Andei devagar pelo lugar escuro. Mas minha visão me possibilitava ver todos os detalhes. Parei quando senti uma presença atrás de mim. Sem me virar, falei:

— Então, de fato esse era seu plano? Nos atrair até aqui de alguma forma, usando Lorenzo de isca.

— Não, malvado vampiro. Vocês não. Você. Lorenzo foi um meio de aviso para lhe dizer que estávamos a sua espera. E inteligente como eres, sabíamos que decifraria o enigma.

Enfim, me virei. Olhei suas feições. Uma jovem mulher, com malícia e maldade transmitidas pelos seus olhos negros. Seus longos e lisos cabelos castanhos lhe moldando o rosto. Roupas de época remetiam de que não eram dessa atual era. Então estão aqui há séculos.

— Me chamo Monelise Magna. Sou bruxa oradora da Casa Magna. Vim a pedido da  Bruxa Mor, a que atende a todos nós. Ela mandou dizer — me olhou sombria e deu um sorriso de lado —: Morgana vivit.

Fúria junto de meu poder recobriu a floresta. Mas em questões de segundos ela havia evaporado deixando sua maléfica risada como eco pelo ambiente. Com qual propósito ela disse aquilo? O que significa isso? "Morgana vive". O que ela quis dizer com isso?

Montserrat

Eu passava bastante tempo conversando com Merlin ou Adaara. Eram bons ouvintes, Merlin me dava bons conselhos. Em pensar estar longe do meu amado rei, fico melancólica. Saí um pouco do castelo e vim dar uma volta na floresta ao fundo. Aqui no Mundo Mágico existia cada tipo de ser. Inimagináveis. Tinha uns bichinhos que grudava em nós quando os tocávamos, pareciam bichinhos de pelúcia. Diversos tipos de plantas existia nessa floresta. Uma mais mágica que a outra. Parei de andar e me agachei para cheirar uma flor de um azul muito bonito. Seu aroma forte me lembrava meu lindo vampiro. Que nesse momento deve estar lutando ao meu favor. Espero que fique bem e que não se deixe levar pelas trevas que o cerca. Ele está melhorando tanto. Uma recaída não seria bom.

Loctus Auquenidea. Uma flor muito perigosa encontrada apenas no Mundo Mágico.

Ouvi uma voz feminina e rápido levantei. A olhei assustada. Era uma bela mulher loira, de longos cabelos. Olhos verdes. Olhava profundamente em meus olhos, me transmitindo um certo incômodo. Vestia um vestido de época. Parecia ser má.

— Ah, claro.

Me virei para ir.

— Montserrat, aquela prometida.

Me virei quando falou. Franzi o cenho.

— Não sabe da dimensão do seu poder, mulher.

— Quem é você? — perguntei, séria.

— Me chamo Estefânia. Vim em sua busca. Preciso que venha comigo.

A olhei nervosa.

— Não. Você é uma das bruxas que estão atrás de nós. O que você quer? — desafiei. Eu deveria contar à Merlin.

— Se vier, verá.

Insinuei virar. Mas ela me parou.

— Se for até Merlin, aquela que você considerou como mãe morrerá.

Paralisei na hora. Alina! Me virei lentamente.

— Venha comigo e ela será poupada.

— Como vou saber que não está blefando?

Ela se virou. Mexeu as mãos no ar e como se fosse um telão, vi a imagem de Alina amordaçada e amarrada a uma cadeira. Estava muito ferida.

— Essa imagem acontece agora.

Estefânia me olhou com cinismo e maldade.

— Venha comigo e eu lhe digo tudo! — falou com deboche.

O que eu faço?! Não posso deixar que Alina se machuque ou... morra. Engulo em seco. Vladimir vai me esganar, Merlin vai me dar uma bronca, mas o que faço?

— Tudo bem. Prometa que a deixará ir.

— Tem a minha palavra.

Ela abriu um portal que causou uma ventania. Atravessamos e logo chegamos à minha sala de estar. Engoli em seco ao ver mais duas bruxas... Aquela em específica parecia me conhecer... e eu a ela.

Vladimir

Voltei para casa frustrado, mas com uma sensação ruim. Não saber com quem estou lidando, quais objetivos do oponente e não saber como fazer para resolver a situação, me deixa com uma raiva descontrolada.

Deixo a capa jogada na cama, retiro o blazer e o jogo em qualquer canto. Vou à varanda e ascendo um cigarro. Maldita noite. Se tudo isso gira em torno de Morgana, minha raiva aumentará. Não acho possível ser um grupo de fanáticos por ela querendo algum tipo de atenção. Mas por que fazer tudo isso? Por que envolver o rei? Pode existir a possibilidade de elas terem o posto contra mim. E se foram elas que me delataram a ele sobre a morte de Laura? Estão atrás de Montserrat por ela ser a reencarnação de Morgana?

MALDIÇÃO!

Jogo longe o cigarro e fecho os olhos respirando fundo. Preciso me acalmar e raciocinar direito. Tem vezes que essa ligação é inoportuna. E é exatamente nesse momento.

Levo a mão no peito sentindo uma leve pontada. Deve ser o alto estresse. Quando penso nela, tudo fica bem melhor. Eu me sinto melhor. Saber que está bem e que me espera, reconforta-me para voltar. Eu a amo. Amo mais que tudo. Montserrat foi a luz que dissipou minhas trevas e trouxe à tona um homem repleto de razão e alegria para voltar a viver. Não sendo mais melancólico ou amargurado. Deixando de lado aquela tirania que o cercava e o fazia ser cruel. O deixando mais leve e confortável ao redor daqueles que sim estão ao seu lado. Devo muito a ela. Mesmo sendo humana, conseguiu com sua sutileza expulsar aquela fera que me fazia urrar e arranhar com as enormes garras quem quer que seja. Montserrat é aquele ser que me fez ver que a humanidade ainda tem esperança e que algum dia poderei ver os humanos, não como alimento, mas também como pessoas.

Me viro para voltar ao quarto, mas paro e ponho a mão no peito sentindo a pontada mais forte. Caio de joelhos. Começo a suar. Ofegante e com a vista escura, eu sinto... Sinto ela se ir. Sinto ela partindo de mim. Não, não, não. Não pode ser. A nossa ligação... A nossa ligação foi cortada!





Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora