8 ▪︎ Temores

66 10 3
                                    

Montserrat

      A única coisa que eu queria era fugir desse sádico. Com certeza ele era algum tipo de monstro. Um demônio? Ainda estou muito apavorada. Estou encolhida na cama e ele está sentado a metros de mim. Olhava-me profundamente como se lesse meus pensamentos.

       — Responda-me! — ordenou, frio. — Quer saber a verdade ou não?

      Eu só conseguia chorar. Ele me mataria, com certeza.

      De qual verdade ele fala? Teria alguma coisa por trás de tudo isso?

      — S-Sim. E-Eu quero...

      Eu gaguejava de tanto medo. Minha voz saiu em um fino timbre.

      Ajeitou-se na cama cruzando os braços. Ainda estoico, não esboçava emoção. Nem se comovia ao ver meu estado.

       — Existem muitas coisas que você não sabe sobre esse mundo, Montserrat — falou calmo. — Eu sou um vampiro. Tenho oito séculos de vida. Sou um original, sangue puro de linhagem. E você — eu prestava atenção sem piscar. Fiquei atônita com suas palavras, sem acreditar — é a minha companheira.

      Eu não tinha certeza do que acabara de ouvir.

      — N-Não entendi...

      — Eu e você temos uma ligação que nos une. Isso é uma magia sobrenatural feita pela natureza, não conjurada por bruxos ou magos. É como se ela escolhesse os pares perfeitos e lançasse uma magia para que ficassem unidos. Aconteceu conosco. Eu pressenti quando te vi a primeira vez. Mas não pensei que pudesse ser isso. E tem mais... — ele me olhava intensamente, seus olhos de cada cor me queimando — você é a reencarnação da minha falecida esposa.

      Eu não podia acreditar nessas palavras. Era loucura. Tomei coragem. Levantei, me ajoelhei aos seus pés, implorando e chorando.

      — Senhor, por favor, por favor, me deixe ir! Eu imploro! Juro que não conto a ninguém o que você é, apague a minha memória se precisar, mas me deixe ir! — meu choro aumentava. — Por favor!

      Levei minha cabeça ao chão desesperada. Senti suas mãos em meus braços, me erguendo. Fiquei apavorada, parecia que ele me mataria a qualquer hora. De uma forma horrível. Eu olhava em seus olhos suplicante, mas eles apenas me encaravam sem nenhuma emoção. Com toda a frieza que pudessem transparecer.

      — Eu não vou te machucar. Eu não posso fazer mal algum a minha companheira.

      — Eu só quero ir embora! — falei com a voz trêmula.

      Ele suspirou ainda me olhando. Engoli em seco, não podia estressá-lo, senão, seria pior para mim.

       — Tudo bem. Dou a você dois dias para se recompor e digerir tudo. Depois vou te buscar para viver comigo. Agora que Laura está furiosa com você, poderá vir te buscar e não vou estar por perto. Nossa ligação não está completa e eu não sei o que te acontece quando está longe de mim.

      — O-O quê? Mas... Mas você a matou, eu vi!

      — Não, Montserrat. Um vampiro só morre com uma estaca no coração e incineração do corpo. Laura está viva. Não importa como, ela vai te achar. Se estiver junto a mim, não se atreverá.

     Caí em choro novamente. Por que isso está acontecendo?

      Ele segurou meu queixo e o ergueu para eu olhá-lo.

       — Não chore! Nunca demonstre fraqueza. Tenho certeza que você ainda será muito forte e é por isso que eu não acabo com essa ligação.

Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora