46 ▪︎ Morgana/Montserrat

39 9 2
                                    

Montserrat

Escuridão. Agonia. Vazio. Era isso o que sentia em minha mente. Sentia meu corpo sendo movido contra a minha vontade. Uma energia fluindo por mim. Era como se eu estivesse aprisionada em meu próprio ser, sem poder fazer nada. Sentia uma alma me possuir, me dominar. Eu estava impotente.

"Deixe-me sair!"

Supliquei e o eco da minha voz se formou.

"Deixe-me em paz! O meu corpo não pertence a você!"

Ordenei.

"Ora. Uma simples e vulgar humana não tem direitos aqui. Ainda mais quando seu corpo foi preparado para me receber, meu receptáculo."

Era uma voz feminina, arrogante, assustadora. Sua risada ecoou em minha mente e eu parecia reconhecer.

"Eu estive em seus sonhos, eu te alertei, EU te manipulei", continuou. "Não passou de um intermédio para todos os meus planos."

Como relâmpago, flashs de todos os sonhos horrendos que tive apareceram. E era real dessa vez. Eu senti cada sensação, cada emoção, cada desespero... dela! Morgana.

Uma imagem parou e se fixou. Era ela. Estava em frente a mim, suja de sangue e com os olhos completamente negros. Sorriu maléfica e tudo se tornou escuridão. Fiquei desesperada, agoniada, presa.

"NÃAAO."

Gritei até não poder mais e sentir a última faúla de consciência que me restava.

Vladimir

Meus olhos mentiam! Era impossível. Nunca senti tamanho sentimento quanto sentia nesse momento. Era puro ódio, uma sensação indomável.

— Não posso crer. Montserrat...

— Não. Montserrat se foi. Agora é Morgana, sua verdadeira e única esposa, meu rei — falou com cinismo.

Nesse momento, quis avançar, mas minha consciência me parou e disse que se eu o fizesse Montserrat sairia machucada disso tudo.

— Maldita seja você, bruxa! — ralhei. — O que você quer? — perguntei cauteloso e num tom baixo.

Ela levantou do trono. Desceu as escadas devagar e parou no centro do salão. Sua aparência era diferente agora. Não tinha mais a delicadeza e sutileza da beleza natural de minha esposa. Com longas unhas afiadas, cabelos maiores e mais lisos, esclera e íris negras. Parecia um demônio.

— Então, as bruxas Magna nunca foram as responsáveis por isso. Foram induzidas por você antes de sua morte, certo, Morgana?

Merlin se sobressaiu e perguntou. Os quatro elfos se posicionaram prontos para atacar. Eu tinha que evitar que o corpo de Montserrat se ferisse. Tinha que encontrar uma forma de exorcizar Morgana dela.

— Mago. Você dentre todos é o mais sábio. Mas acho que transcendi sua inteligência — falou com sarcasmo. — Tive que ser cautelosa a ponto de despistar você e aquele espírito inoportuno. Meus planos não poderiam ser arruinados com sua intervenção. Eu sabia que morreria. Que teria que ter tempo de conseguir. No Submundo, onde minha alma estava, aperfeiçoei minha magia e ganhei forças. As irmãs Magna já tinham minha orientação. Estavam apenas esperando o momento certo para agir. — Olhou para mim perversa. — O momento em que meu receptáculo nasceu.

Maldição. Todo esse tempo Montserrat foi usada, eu fui enganado.

— Não deixaremos você vencer — falou um elfo.

— Iremos matá-la, não merece a bênção da Lua — outro disse.

Os quatro avançaram. Merlin ficou ao meu lado. Morgana era boa, sempre foi, em combate. Usava magia com destreza. Os elfos usavam adagas mágicas.

Império - Trono de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora