Dove narrando
Sempre achei que fosse corajosa, que eu conseguiria realizar todos os meus sonhos, correr atrás do meu destino, mas na maior parte do tempo, desde que meu pai se foi, me sinto frágil, só, alguém perdida em meio a multidão. Ele sempre dizia que devemos seguir nosso coração, e que por um amor vale a pena arriscar.
Aposto que se ele estivesse aqui, iria adorar a Sofia, o jeito simpático e doce, se dariam super bem. A dor do adeus é como uma ferida que nunca dá tempo de cicatrizar, como quando caímos duas vezes no mesmo lugar, achamos que o ferimento iria cicatrizar mas acaba que voltamos a estaca zero, passar por todo o processo novamente.
Venho passado por esse processo, cair, levantar, cair, levantar, como se a ferida ainda sangrasse, em menor quantidade mas continua a sangrar.
(...)
Passei a aula toda com uma ansiedade fora do normal, uma felicidade misturada com hesitação, pensei que eu não fosse temer, mas agora, tudo parece mais incerto que antes, eu quero me jogar, quero ver o que a vida pode me oferecer, mas o medo de não cortar minhas asas e acabar caindo é tão grande que me faz vacilar.
Queria contar para Anne o que aconteceu, dizer que Sofia foi lá em casa e que temos um encontro, mas acho que agora consigo ver com clareza, espalhar talvez não fosse realmente a melhor opção.
É difícil dizer o que está se passando na minha cabeça, estou nervosa, com medo de estragar tudo, e nessas horas um abraço do meu pai iria me ajudar tanto.
Ele sim conseguiria me entender com mais facilidade, não acho que minha mãe seja preconceituosa ou algo assim, mas talvez a preocupação a fizesse mudar.
Enquanto o professor explicava a matéria meus pensamentos voavam para qualquer lugar.
Quando a aula acabou fui para os estúdios e foi diferente ver a Sofia chegar, ela me deu oi com mais intimidade, havia uma certa timidez em seu rosto, o sorriso sem jeito e uma proximidade maior começando a nascer.
Enquanto gravava eu podia sentir seu olhar procurando o meu, mesmo que nas gravações de hoje tivesse convidados, foi como se apenas nós duas estivéssemos lá.
Minhas pernas bambeavam todas as vezes que eu a via se aproximar, eu queria que acabasse logo as gravações, queria saber para onde iríamos ir, ver logo no que ia dar.
Mas as horas passavam lentas justo quando desejava que elas pudessem voar.
(...)
— Estão liberadas meninas, até amanhã. — O diretor levantou da cadeira e foi correndo embora, parece que não era só eu que estava apressada.
Fui até o banheiro e vesti meu uniforme da escola, era azul claro e tinha meu nome bordado atrás, esqueci de trazer outra roupa e não daria tempo de ir buscar, soltei meu cabelo e passei um perfume.
Sofia já estava me esperando, usava um vestido azul com alguns detalhes vermelhos, o cabelo solto e ondulado cobriam um pouco de suas bochechas, seus lábios tinham um tom avermelhado natural, parecia uma miragem, mas era real, ali estava ela, me esperando.
— Oi. — Falei timidamente.
— Oi. — Soltou uma risadinha. — Pronta para se divertir? — Me estendeu a mão e eu concordei sem hesitar.
Fomos até uma confeitaria que ficava perto da emissora, o lugar era lindo e aconchegante, o cheiro de chocolate predominava.
Entramos e Sofia estava em silêncio, sentamos em uma mesa afastada, enquanto esperávamos alguém vir nos atender decidi que iria começar o assunto.
— Você vem sempre aqui? — Falei a primeira coisa que me veio na cabeça e ela sorriu, provavelmente saiu uma tentativa nada criativa de flerte.
— Oh, achei que fosse ser mais original. — Riu e estendeu a mão como se fosse me cumprimentar. — Bom, sim e você? — Sua expressão era animada e levemente envergonhada.
— É a primeira vez que venho, mas se vem sempre aqui, pode ter certeza que irei voltar. — Soltei e caímos na gargalhada. — Foi péssimo né.
— Só um pouquinho. — Sorriu e estendeu a mão a aproximando da minha, quando estava prestes a tocar nela, uma garçonete apareceu e Sofia disfarçou levando a mão para o outro lado da mesa.
Fizemos nossos pedidos e um breve silêncio se instalou.
— Falei que iríamos nos divertir mas a verdade é que não sou muito experiente com... encontros, confesso. — Ergueu as mãos como sinal de culpa.
— Eu também não sou, mas acho que estamos indo bem. — Olhei nos olhos dela e suas pupilas foram dilatando aos poucos. — Não brigaram com você por ter saído na chuva? — Perguntei vendo a garçonete voltar e colocar duas fatias de bolo para nós.
— Nem descobriram. — Ergueu as sobrancelhas duas vezes. — Aliás, eu realmente não queria ter feito você chorar.
— Não foi sua culpa, bom, talvez tenha sido. — Ri e mordi um pedaço do bolo de chocolate que pedi.
— Você tem uma foto minha na parede do seu quarto, eu achei fofo. — Ela comentou dando uma risadinha provocadora. — E não é que eu estava certa.
— Sobre? — A encarei sem jeito.
— Aquele dia na sua casa, você realmente estava apaixonada por mim. — Sorriu e desviou o olhar.
— Ei! — Ri e foquei no bolo, meu rosto estava corando.
Conversamos um pouco sobre música e sobre alguns livros, mas após alguns minutos o silêncio voltou, mas já era mais confortável de o quebrar, no entanto Sofia parecia ter ficado triste?
— O que houve? — Fiquei preocupada com a mudança repentina de expressão.
— Pensei que fosse ser diferente... queria que fosse algo especial. — Suspirou. — Eu deveria ter planejado algo melhor, desculpa.
As palavras dela saíram como uma rajada de vento atingindo meu corpo, eu nunca tive um encontro antes, não sabia ao certo como deveria ser, mas realmente, acho que minhas expectativas ao fundo estavam um pouco altas, mas não era culpa dela, Sofia não tem culpa de eu ter me espelhado em livros e filmes românticos.
— Tá tudo bem, não se preocupe. — Sorri sem jeito.
— Não, não está não. — Ela levantou e sua expressão se iluminou novamente. — Acha que ainda dá tempo? — Seu olhar travesso era encantador.
— Tempo de que?
— Termos um encontro mais mágico talvez. — Me estendeu a mão. — Acho que precisamos animar as coisas, confia em mim?
— Confio, mas podemos comer os bolos antes? Eu estou com fome.
— Oh, claro, vamos aos bolos.
Ela sentou novamente e o pôr do sol estava dando espaço para a lua brilhar, entre risos sem contexto comemos os bolos, e o nervosismo foi passando, finalmente nossos olhares voltaram a se encontrar com certa euforia.
— Acho que agora podemos recomeçar, sem nervosismo, sem medo, sem hesitar, pronta para finalmente se divertir? — Sorriu de canto.
— Eu não sei não, você já me disse isso antes, sabia? — Ri e levantei.
— Ah é assim? Então não estava gostando? — Fingiu se ofender e colocou a mão no peito. — Assim parte o meu coração!
— Não é minha intenção. — Sussurrei e notei os pelos do braço dela se arrepiarem, sorri e a encarei. — Vamos?
— Vamos.
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Até o próximo 🦋💖🦋
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Até você voltar
Fanfiction🦋 Dizem que o amor supera tudo, e que por uma paixão se deve sim arriscar. Mas até onde uma mentira bem contada pode nos levar?🦋 • Uma Fanfic Dofia. Livro 1 da trilogia. ■Plágio é crime!!