Até você voltar

🦋Capítulo 54🦋

Nicholas narrando

  Sofia dormia enquanto eu dirigia até a pequena fazenda dos meus pais que ficava na cidade vizinha, não era muito longe daqui, mas acho que pelo estado que ela estava seria bom ir para um lugar tranquilo.

O rosto ainda machucado, as mãos com vários arranhões, os cortes que os curativos começavam a cair, mas principalmente as olheiras que se tornavam visíveis, ela não estava bem, suas lágrimas molharam minha camiseta, fazia muito tempo que eu não a via tão frágil.

Meu coração se apertou, mas não sei se há muito o que eu possa fazer...

Ah Sofia, eu faria qualquer coisa pra te ver feliz...

Não demorou para chegarmos, ouvi um bocejo escapar de seus lábios e sorri, com um pouco de dificuldade ela se ajeitou no banco do carro e me olhou, de uma forma tão indecifrável que era como se meu coração pudesse sair pela minha boca.

— E novamente você me achando de madrugada. — Com um breve sorriso ela olhou pela janela.

— Tem virado minha especialidade, mas confesso que é preocupante. — Rimos sem jeito. — Viu onde estamos?

— Sim, não acredito que me trouxe aqui, faz muito tempo que não venho... — Por um instante lembrei de quando éramos crianças e corríamos pelas gramas, Sofia morria de medo dos patos e ainda não sabia nadar, então sempre ficava com medo de passar perto do rio. — Tudo parece igual, deu até uma nostalgia. — Com os olhos brilhando ela saiu do carro, fiz o mesmo e apenas a observei. — A gente brincava tanto aqui, meus pais amavam vir...

— Podemos retomar as visitas, fazer ser como era antes. — Por algum motivo senti meu peito apertar. — Mas... vamos entrar? A chuva parece estar querendo começar.

— Vamos!

Andamos em silêncio até a casa, assim que a porta se abriu o cheiro de flores invadiu meu nariz, final de semana passado meus pais tinham vindo aqui, para organizar tudo.

Sofia não disse nada, apenas tocou nos móveis de madeira, seu olhar percorria cada canto da casa, como se tentasse lembrar de tudo.

— Tudo continua exatamente igual ao que eu me lembrava...  — Comentou. — Acho que eu precisava disso, lembrar de quem realmente sou, sabe?

— Por falar nisso, Sofia, eu estou preocupado, você ainda não está bem, onde estava com a cabeça? — Falei calmamente analisando seus ferimentos. — Não pode sair no meio da noite, é perigoso, você sabe.

— Podemos deixar as broncas para depois? — Resmungou sentando no sofá. — Preciso avisar os meus pais que estou aqui. — Rapidamente seus dedos começaram a digitar uma mensagem para eles. — Obrigada por ter ido me salvar tão rápido. — Com um sorriso triste ela segurou minhas mãos, sua pele estava gelada.

— Vamos refazer seus curativos. — Fui até a cozinha e peguei a caixa de primeiros socorros. — Não quer me contar o que aconteceu? — Fui até ela e me ajoelhei em sua frente, com delicadeza comecei a limpar seus machucados e não demorou para os curativos estarem refeitos.

Sofia não disse nada por um tempo, apenas me olhava, novamente de uma forma que eu não conseguia entender, mas que era o bastante para fazer minhas mãos suarem e minha voz falhar.

— Você brigou com a Dove? — Chutei, e pela forma com que seus olhos se moveram com certeza acertei.

— Foi pior que isso, digamos que o Miguel me tem nas mãos, e se eu não fizer o que ele mandou ele vai... — E então lágrimas descerem pelas suas bochechas. — Nick eu não sei o que fazer, eu tô perdida. — Seu choro me fez prender o ar, eu queria ajudar, mas não sabia como.