🦋Capítulo 40🦋

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Semanas depois...

Sofia narrando

— Podemos conversar? — Minha mãe perguntou antes de me deixar nos estúdios de gravação.

Nas últimas semanas eu estive bastante irritada, aos poucos foram me deixando de canto nas decisões do programa, nas músicas. Perdi a chance com a gravadora, mal vejo a Dove... odeio admitir mas talvez Miguel finalmente consiga o que tanto quer.

Eu passei a noite em claro pensando em tudo que aconteceu, não sei se posso continuar com isso, sempre odiei mentiras, omissões, mas entendo a minha loirinha querer proteger a família, ter uma grande carreira, talvez só não haja mais espaço para mim.

— Se for por eu ter tirado nota baixa... eu lamento mãe, prometo me esforçar mais. — Suspirei profundamente me afundando no banco do carro.

— É sobre a Dove, por quê não me contou que gosta dela? — As palavras dela saíram tão calmas que até me assustei. — Oh, desculpe, acho que fui muito direta.

— Foi o papai que contou né? — Não acredito que ele contou.

— Foi, logo após você falar com ele, mas não fique brava, é só que não temos segredos, seu pai só queria me preparar, mas você acabou não me falando nada. — Uma leve tristeza tomou conta de seu olhar. — Me perdoa se não consegui fazer você se sentir confortável o bastante para me contar. — Lágrimas desceram pelo rosto da minha mãe enquanto eu a olhava sem conseguir ao menos me mover.

— M-Mãe. — Suspirei e a abracei. — Eu não sabia como dizer... e tudo foi ficando complicado, me desculpa, eu que fui medrosa. Não queria que nada mudasse entre nós.

— Meu bebê! — Suas mãos foram até minhas bochechas e as apertaram. — Nunca mais me esconda nada sua pestinha, eu sempre vou te apoiar filha.

— Eu te amo mãe! — Senti meu coração se acalmar e meus problemas se dissiparem naquele instante. — Agora tenho que ir, antes que comecem sem mim.

— Se cuida, eu te amo filha.

Fui correndo até o camarim e lá estava ela, linda como sempre, com aquele olhar que me fazia ter certeza de que eu a amava, com o sorriso que seria capaz de me quebrar... "quebrar", essa palavra tem um tom estranho agora.

— Oi. — Dove veio até mim e me abraçou. — Tenho uma surpresa... quer sair comigo hoje?

— Pode ser, mas não posso demorar muito porquê amanhã tenho prova de matemática. — Era tão bom sentir o corpo dela junto ao meu, era como se nada pudesse nos separar, até a voz do babaca do Miguel ecoar em meus ouvidos.

— Hora de gravar meninas. — Nem olhei na cara dele, apenas fui para meu lugar.

(...)

— Espera! — Falei interrompendo as gravações, cortaram mais da metade do meu texto, me colocaram em um canto como se eu fosse só um enfeite, cansei, já tô a um mês aceitando essa merda toda, hoje não! — Vocês podem na próxima vez me dar uma samambaia para segurar, já que eu sou só um enfeite. — O diretor fechou a cara e disse para termos um intervalo de cinco minutos, nem olhei em volta, fui até o banheiro e me fechei em uma cabine.

Senti lágrimas de raiva brotarem em meus olhos, mas segurei, nenhum deles merece uma mínima lágrima minha.

— Sofia? Abre a porta!

— Agora não, Dove.

— Por favor, eu prometo que vou falar com o Miguel.

Abri a porta e fui até ela, meu coração estava apertado, mas eu precisava por para fora o que eu estava sentindo.

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