🦋Capítulo 17🦋

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Narrador

Sofia levou Dove até um jardim abandonado que costumava ir quando era pequena, havia algumas flores e vagalumes voando pelo local, mas não era nada comparado ao que já foi, antigamente era cheio de vida, cheio de borboletas, a fonte que ficava no meio funcionava, era sempre repleto de pessoas, mas com o tempo as mesmas pararam de ir.

Algo sobre a morena que poucos sabiam era relacionado a imensa nostalgia que ela guardava dentro de si, um constante medo de mudanças que a faz perder o sono, uma preocupação excessiva com o que pode perder, então a música virou seu refúgio, um lugar seguro e que nunca iria mudar.

Para a Carson o tempo parecia ser levemente torturante, quase todas as noites alegres dela acabavam em choro, lágrimas que não eram de tristeza ou dor, eram simplesmente de medo, porquê ela sabia que quanto mais pessoas entrassem em sua vida, maior seria a probabilidade de ter perdas, e isso a garota nunca soube lidar.

Sempre guardando tudo dentro de si e com medo de errar, mas ali vendo a loira ao seu lado, em seu lugar preferido, uma sensação nova surgiu, talvez não fosse tão nova, mas sim por uma pessoa nova.

Sofia estava olhando para Dove quando sentiu que lágrimas queriam brotar em seus olhos, ela então segurou, e resolveu soltar o que estava preso em seu coração, afinal, ser sincera é sempre a melhor opção.

— Esse sempre foi meu lugar preferido, eu amava ver as pessoas se divertindo, mas com o tempo só restou as lembranças e a saudade, parece que os tempos mudaram, tudo passa tão rápido que as vezes nem achamos tempo para apreciar as coisas simples. Então achei que seria legal te trazer aqui. — Suspirou fundo e uma lágrima travessa desceu por sua bochecha.

— Me lembro desse lugar, era sempre cheio, mas eu  raramente vinha. — O vento começou a ficar mais forte, o cabelo de Dove balançava enquanto ela tentava desvendar o olhar de Sofia. — As vezes você parece meio triste, como se sentisse falta de algo, eu ouvi todas as suas músicas, e nelas sempre tem alguma parte relacionada a saudade. — Seus olhos pousaram em uma flor amarela que estava ao seu lado, enquanto esperava saber mais sobre a morena, ela não conseguiu evitar o pensamento de que talvez estar ali não fosse o certo, uma parte sua sentia que Sofia talvez pudesse mudar de ideia.

— Talvez eu seja nostálgica demais, nunca é sobre uma saudade específica, mas sim sobre uma constante sensação... — Sua expressão ficou confusa e ela franziu os lábios. — Nesse exato momento estou com um pouco de medo. — Se encolheu um pouco e ficou admirando Dove olhar para a flor.

— Medo de que? — Ergueu o rosto.

— Disso tudo acabar mal, mas principalmente de te machucar, eu preciso ser sincera, saber que gosta de mim me deixou muito alegre e eufórica, só que tenho medo Dove, de não corresponder a altura. — As palavras saíram como um sopro pesado, a voz um pouco embargada e os olhos se movendo sem parar.

Um silêncio ficou no ambiente, as duas ali, sentadas lado a lado sentindo o vento se chocar em seus corpos, um céu repleto de estrelas e a lua nova estava a iluminar.

Enquanto vagalumes voavam a tensão parecia ter dado espaço ao medo, Dove não sabia o que dizer, na verdade mal entendeu, seria aquilo um fora? Ou talvez Sofia só estivesse assustada com toda a situação.

Ela parecia preocupada, os músculos do rosto estavam rígidos, a respiração lenta porém pesada, Dove queria confortar Sofia, mas não sabia o que dizer.

Tinha medo de ter entendido errado e só piorar, então encarou a morena com os olhos brilhantes e apreensivos, como se eles implorassem por um sinal, Sofia engoliu a saliva e forçou um sorriso.

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