🦋Capítulo 9 - Confissão🦋

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  Eram por volta das seis da tarde quando as meninas foram liberadas, Dove passou todos os momentos de intervalo tentando conversar com Sofia mas notou que ela estava estranha, um pouco incomodada, enquanto pensava mil e uma possibilidades para a mudança da Carson, a única coisa que não lhe passou na cabeça, era o real motivo da estranheza da morena.

— Sofia, eu fiz algo errado? — Dove juntou toda a coragem que tinha e se atreveu a perguntar.

— Eu só não gosto de me sentir confusa. — As pestanas da garota deram uma leve tremida. — Você sempre me deixa sem resposta. — Franziu a testa mas logo relaxou a expressão e suspirou pelo nariz. — É só isso.

— Garanto que não é por mal. — A loira levou as mãos até a testa e riu sem jeito. — Você me deixa nervosa, acho que é esse o problema. — Disse soltando o ar dos pulmões.

— Deixo? Por quê? — Sofia parecia confusa, ainda mais confusa que antes.

— Filha, vamos indo? — Laura chamou a filha que encarou Dove esperando uma resposta. — Sofia você vem? — Pegou as chaves do carro.

— Ela vai ficar mais um pouco tia, vou levar ela na minha casa, prometo que depois eu mesma acompanho ela. — Dove levou a mão até a de Sofia e sorriu, uma parte dela gritava para ela fugir dali e que aquela era uma grande besteira, mas outra sentia-se hipnotizada ao toque, a outra ficou sem expressão, estava indecifrável, não conseguia nem abrir os lábios, ela não esperava a iniciativa da loira.

— Bom, sendo assim tome conta da minha princesa. — Riu indo até elas e lhes dando um abraço. — Divirtam-se meninas, fico feliz que estejam amigas!

Laura e Paulina se afastaram e Sofia ainda continuava em silêncio, a surpresa tomou conta dela, mas não era nada comparada aquela sensação estranha que insistia em voltar, ela sentiu seus pelos do braço se arrepiarem com a proximidade de Dove, uma reação que ela não cogitava ter e que não conseguia entender.

— Lá em casa você vai entender o motivo do nervosismo. — Dove a encarou e por um instante os olhos de ambas se encontraram, era como se pudessem ver o reflexo da alma uma da outra, mas não conseguiram manter.

— Tá. — Com um sorriso tímido Sofia seguiu Dove até o carro de Miguel.

  O caminho até a casa da loira pareceu durar uma eternidade, elas queriam chegar logo, por motivos diferentes, Dove para poder se aproximar, e Sofia para conseguir entender, enquanto Miguel falava sobre coisas de trabalho as meninas só conseguiam se olhar de canto, sem encarar, desviando, como se o tempo naquele carro estivesse as desafiando, como se quisesse ver quem iria aguentar mais.

Dove sentia o coração pular, um misto de ansiedade e euforia, uma certa alegria disfarçada na chama de uma esperança, um sentimento tão genuíno que se tornava encantador, o desejar, a esperança de que em algum momento Sofia pudesse sentir o mesmo.

De que a garota também sentisse as pernas vacilarem só de estarem no mesmo lugar, as mãos suarem e os lábios secarem, o sorriso surgir no rosto sem querer, Dove passou o caminho apenas pensando se em alguma parte de Sofia pudesse surgir um sentimento recíproco.

Mesmo se sentindo culpada por estar de certa forma tendo segundas intenções, se julgar não era opção, não havia nada de errado em criar expectativas, mesmo que quase todo seu corpo temesse a decepção, ter a garota por perto já era o motivo concreto de que sufocar o sentimento ou desistir não era o certo a se fazer.

  Afinal Dove sempre acreditou que no amor valia tudo, tudo que se pudesse fazer!

(...)

— Mãe, chegamos, e temos visita! — Falou animada indo até a cozinha. — A Sofia está aqui mãe, não é incrível? — As palavras saíram baixas e com um leve tom nervoso, Bonnie sabia que a filha gostava muito das músicas da Carson, mas naquele momento uma possibilidade pousou ligeiramente em sua mente e ela logo tratou de afastar.

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