Demônio de Néon

Capítulo 65

– Penelape.

O sussurro de seu nome acariciou a pele de sua bochecha como um leve beijo carregado de promessas.

Ela murmurou, e o som da risada trilhou um caminho pelo seu pescoço. Lábios macios e quentes abrindo espaço pela névoa de sonhos e escuridão.

– O que está fazendo? – A voz de Penelape estava áspera, como se areia fizesse morada em sua garganta.

Os olhos fechados aproveitando o toque quente de suas carícias.

– Acordando você. – Os lábios dele encontraram os seus, e ela saboreou aquele beijo cheio de fervor e tão conhecido.

– Daxton...

Penelape abriu os olhos. O calor dele deu lugar ao frio cortante em seus ossos.

– Daxton?

Penelape levantou em um pulo, girando o corpo em busca dele. Mas apenas o nada a observava de volta.

Daxton não estava ali.

Ninguém viria ao seu resgate.

Estava completamente sozinha.

– Daxton. – Forçou suas pernas a correrem naquele lugar infernal que não levava a lugar nenhum – Daxton!

O chamou machucando mais e mais sua garganta.

Daxton voltaria por ela, ele não a deixaria sozinha.

"Ele não vai voltar."

O respirar das palavras foi muito próximo de sua nuca. Quase a fazendo parar com o choque, mas não podia, conhecia aquela sensação maléfica querendo se entrelaçar em seus ossos.

Penelape correu mais rápido por lugar nenhum, tentando colocar uma distância grande entre ela e aquela coisa, mas a risada antiga não saiu de seus calcanhares.

O frio gelou seus pulmões, queimando a cada puxada do ar. Sombras densas em formatos de garras afiadas despontaram em sua visão periférica.

Não tinha como fugir, seria pega por aquela coisa...

Uma melodia fraca chegou até eles fazendo as sombras se retraírem.

Penelape podia jurar que um rosnado de frustração veio daquele a perseguindo.

A melodia conseguia preencher todos os lugares sombrios em seu corpo como uma velha amiga lhe fazendo visita.

"Vejo você muito em breve."

Aquele que a perseguia foi ficando para trás. A sensação de medo puro deixando de cutucar sua espinha.

Muito ao longe Penelape viu a silhueta como uma luz no fim do túnel.

– Daxton! – O chamou enchendo seu peito de esperança. – Daxton, estou aqui!

Ele não virou, Penelape continuou correndo chamando por ele, mas nem sinal de que a estava ouvindo. Mas ela estava chegando perto, conseguia ver muito mais dele agora.

– Dax, eu estou aqui! – Ele não virava, por que não estava se virando? – Ele não está me ouvindo. Ele não...

Todas as partes de seu corpo bateram em uma barreira invisível. Penelape foi jogada para trás caindo de costas no chão.

Ela gemeu, balançando a cabeça para espantar a névoa de dor que despontou por toda parte.

– Daxton...