O nosso lugar é perto do palco, os ingressos de cortesia da Jennie valeram muito a pena, ainda mais em um sábado, depois do dia estranho que foi ontem e o sonho ainda mais bizarro, até que um show de mágica realmente será bom para me distrair.
Não estamos na primeira fileira, mas sim na terceira, ângulo perfeito para olhar para o palco sem ganhar torcicolo.
Chegamos na hora certa. As luzes começam a ser apagadas para deixar só as do palco acesas.
Um silêncio se instaura. De repente, fica tudo escuro, até mesmo as luzes do palco. A escuridão do lugar passa um ar de suspense, se eu já não tivesse passado por vários cenários estranhos desde os meus treze anos, neste instante eu estaria muito desconfortável.
Mas logo as luzes são acessas de novo aparecendo uma cadeira no meio do palco, mas que ainda está vazia.
— Boa noite! Sejam bem-vindos! Espero que quando saírem daqui sintam como se estivessem saindo de outra realidade- uma voz feminina grave soa.
Essa voz... Meu coração se agita.
Repentinamente, uma mulher está no palco, ninguém sabe como ela chegou lá. Eu não acredito em magia, então olho ao redor para saber de onde ela surgiu, mas não tenho uma resposta.
A cadeira está ocupada por uma linda mulher vestida de terno, seu cabelo é curto e seu sorriso é lindo, mas ela não usa cartola, nem carrega um coelho.
Já vi muitas pessoas bonitas em toda minha vida e já elogiei muitas com o famoso "mais lindo que já vi", mas essa mulher é, verdadeiramente, a mais bonita que já vi em toda minha vida.
Seus olhos parecem ter me notado também, mas eu não tenho certeza. Isso pode ser só uma projeção da minha mente.
Ela faz o famoso truque da carta. Uma hora está em sua mão, ela gira entre os dedos e a carta some. Tão clichê. Meus olhos reviram automaticamente.
— Querem saber onde a carta foi parar?- a mágica aponta na minha direção e eu faço uma careta. Por que ela apontou para mim? Eu não faço parte do show, nem ensaiamos antes.
Arqueio minhas sobrancelhas, tenho certeza de que não está comigo. Jennie dá dois tapinhas no meu braço e faz movimento para eu olhar para trás.
Me viro devagar e, então, vejo. A mágica está atrás de nós com a mesma carta na mão. Um rei. Rei de ouros.
Estou franzindo minhas sobrancelhas, me sentindo confusa.
Volto a olhar para o palco e não tem mais ninguém lá. Como?
Tenho plena noção da minha expressão de surpresa nesse exato momento, mas não é isso que me incomoda.
A mestre de mágica está muito perto de mim, seus olhos são muito escuros e seu sorriso é ainda mais bonito de perto.
Parece que o mundo congelou e só nós duas estamos nessa sala. Ela estica a mão e passa no meu cabelo, colocando uma mecha atrás da minha orelha.
Quando volta sua mão para si, está com uma moeda entre seus dedos. É claro que fazia parte do show, por que meu coração se acelerou tanto desse jeito?
Ela sorri, passa a mão em volta da moeda, estala o dedo e a moeda vira uma rosa. A mágica me entrega a rosa.
A plateia começa a vibrar aplaudindo e gritando. Meu coração ainda está acelerado, o sorriso dela ainda está em seu rosto, mas a própria mágica não está mais tão perto.
A mágica sai do banco atrás de mim e volta a caminhar até o palco, eu acompanho todos seus passos com o olhar, como se ela estivesse em câmera lenta.
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Submersão de Fênix
RandomO zéfiro enquanto observa o mar é uma sensação de outro mundo, uma tarde tranquila, um sorvete em mãos e amigos ao redor: tudo perfeito. Até surgir uma tempestade e tudo virar de cabeça para baixo. A sensação é de afogamento, distanciamento, quanto...