30. Mais um daqueles dias

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Acordo no sofá, onde dormi ontem à noite, mas nem Tom, nem Triny estão ao meu lado, nem mesmo na sala. A TV está desligada.

Mas escuto o som vindo da cozinha e, sem saber qual dos dois vou encontrar lá, vou em direção a cozinha. É Triny.

Ela está de costas para mim, fazendo panquecas. O cheiro está maravilhoso e ela está murmurando alguma música que não consigo identificar, talvez seja Pitty, começamos a ouvir por causa dela.

Eu faço um som com a garganta só para ela saber que estou presente. Catrina não gosta de ser pega de surpresa, ainda mais pelo seu histórico, se estiver com uma arma por perto, ela aponta para quem quer que for nesse tipo de situação.

— Bom dia, Dakota! Tom já foi trabalhar, Carla veio buscá-lo- concordo com a cabeça e coço meus olhos para me espreguiçar já esperando o "precisamos conversar", mas ele não vem.

— Toma seu café com calma- Triny coloca o café quente na mesa a minha frente ao lado do prato cheio de panquecas.

— Vou te dar um voto de confiança e não irei ficar em cima de você como conversamos na noite passada, mas você tem que parar de se envolver nessa sujeirada- me sento e encho minha caneca de café.

— Você sabe das coisas, não é Triny?!- ela nega com a cabeça e me passa a caneca com leite quente.

Adoço meu café com mel e coloco um pouco de leite. Triny não responde em bom tom.

— Sinto muito te decepcionar, mas eu não sei, Daki. Seus pais preferiram não me contar certas coisas para você e seu irmão continuarem em segurança. Se eu soubesse também seria um risco e ambas sabemos que é melhor assim- bebo meu café enquanto arqueio a sobrancelha demonstrando que não caio mais em seus papos como quando acontecia quando eu era criança.

Mas eu não posso perguntar da "operação V", não posso nem citar isso perto da Catrina, com certeza ela deve saber o que significa e se ela não sabe o significado, pelo menos deve ter ouvido falar da existência dessa operação, é arriscado demais perguntar nessa altura do campeonato.

Então eu me recordo da música, era "Do lado de lá", Triny queria me dar um aviso?

— De qualquer forma, obrigada pelo seu voto de confiança. Irei levar a sério- dou um sorriso sem vontade e mordo uma panqueca.

Catrina sorri de volta para mim e é um sorriso distante, nem parece que nos conhecemos há mais de dez anos, que ela segurava na minha mão e me olhava nos olhos dizendo que iria me proteger tal qual super-heróis. Ela está distante, o que me faz ter certeza de que já escolheu um lado.

E Triny está contra mim e o Tom.

∞∞∞

Paro no semáforo vermelho e a moto que estava atrás de mim desde quando sai da rua de casa para quase ao lado do meu carro, como se eu já não tivesse a notado desde lá atrás.

Será que Triny não cumpriu com sua palavra?

Impossível.

Ela não desonraria sua palavra desse jeito.

Seria Carol? Rodrigo? Eles estavam presentes no galpão.

O sinal muda para verde e eu volto a dirigir, ainda de olho na moto que está quase colada ao meu carro.

Se ele trabalha para alguém, principalmente como espião ou perseguidor, deviam dar umas dicas para o novato.

Viro à esquerda direto para o escritório, a moto passa reto sem nem hesitar. Dou de ombros e decido não comentar sobre isso com a Jennie, nem para os outros.

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