Olho na direção de Tom e sua expressão está tão ruim quanto a minha.
Eu sinto meu peito subindo e descendo acelerado, desesperado por ar, por vida, por lar, por uma verdade.
Mas nesse momento ele acabou de perder tudo.
Pela primeira vez na vida me sinto destruída e não quero chorar, eu quero gritar.
Um peixe fora do mar desesperado para voltar para a imensidão.
Minha mãe está na nossa frente, portando uma arma, nosso pai ao seu lado, como um marido orgulhoso.
Seus olhares são frios e distantes.
— Eles merecem saber pelo menos alguma coisa, Odette- minha mãe encara a mulher que cuidou de mim e do meu irmão por quase nossa adolescência inteira.
— Quer contar o que, Catrina? Que é a tia biológica deles? Pronto, já fiz isso por você!- arregalo meus olhos e dou um passo para trás.
Rodrigo me segura, por instinto, mas ele sabe que não vou mais querer sair daqui. Dou um chacoalhão no meu braço e ele me solta.
— Do que vocês estão falando?- me mantenho parada no lugar, mas reparo que meus amigos foram soltos, porque neste momento estão todos ao meu lado.
— Catrina é minha irmã, ela foi para o exército e quando voltou pedimos para não contar nada a vocês por segurança. Essa é a parte resumida, já que ela mudou de nome, forjou a própria morte e mais um monte de coisa- meu pai responde com naturalidade e não consigo mais reconhecer as pessoas que estão à minha frente.
— Vocês não têm vergonha? Era esse o segredo da família?- é a primeira vez que vejo minha mãe expressar uma reação de forma exagerada.
— Onde você ouviu falar sobre isso?- olho em seus olhos, mostrando toda a raiva que estou sentindo.
— Não finja que não sabe- ela dá um passo para frente, mas Isac a faz parar.
— Os sonhos...- concordo com a cabeça.
— Essa porra de maldição sempre me fodendo, mas quer saber de uma coisa, Dakota? Você sempre se achou a inteligentíssima, que estava por cima de tudo e todos, mas não previu o que mais importava- suas palavras são cruéis e frias, como uma adaga pressionando meu pescoço.
— Odette, não faça isso- é Triny quem pede, quase como uma súplica.
— Vou desmascarar tudo pra você, não era o que você queria? Então, Ivan, venha aqui, conte a eles- sinto meu corpo inteiro se arrepiar, meus olhos arregalados, o coração errando a batida mais uma vez.
Não é verdade, desejo do fundo da minha alma que não seja o que estou pensando.
Um frio passa por toda minha espinha, me causando dor física. Me viro para trás, Ivan está encolhido no lugar, provando que a provocação da minha mãe é verdadeira.
Yan, que está ao lado do irmão, está tão chocado e apavorado quanto eu. Esse tempo todo...
— Ivan, por favor, diz que não é verdade...
Esse tempo todo eu achei que ele não investia na sua carreira de hacker, mas eu estava sendo enganada, ele tinha uma profissão.
Esse tempo todo ele estava trabalhando para meus pais...
— Daki, eu sinto muito...- começo a sentir falta de ar e minhas pernas fraquejando, a vontade de chorar vindo com toda força.
— Vai se foder, Ivan. Diz que é mentira. Diz que é mentira, porra!- Yan tenta avançar para cima do irmão, mas é impedido por Tom, Carla e Jennie.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Submersão de Fênix
CasualeO zéfiro enquanto observa o mar é uma sensação de outro mundo, uma tarde tranquila, um sorvete em mãos e amigos ao redor: tudo perfeito. Até surgir uma tempestade e tudo virar de cabeça para baixo. A sensação é de afogamento, distanciamento, quanto...