46. Mantêm inexpressivos

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Eu não sinto a pressão da agulha na minha pele, mas eu consigo sentir o sangue correndo pelas minhas veias como se fosse fogo, no ápice da adrenalina. Danny me trouxe de volta a vida.

O ar volta de uma única vez para meus pulmões, me fazendo ter um acesso de tosse e braços firmes me apertarem em um abraço apertado quando levanto meu tronco em um sobressalto.

— Daki, você está bem?- Danny me ajuda a me sentar direito, com minhas costas encostada na cabeceira da cama.

— Estou sim, fica tranquila- eu minto.

A verdade é que não estou conseguindo enxergar nada. Talvez isso seja um efeito colateral temporário.

— Você descobriu alguma coisa?- balanço a cabeça concordando.

— Não muita coisa, mas sei o que significa o Arquivo V e que minha família sabe sobre a maldição- eu fecho meus olhos, porque estar com eles abertos sem poder enxergar é desconfortável.

— Eles sabem?- me deito novamente.

— Me manipularam esse tempo inteiro. Meus pais sabem, os pais da Carla sabem, Benício sabe, minha avó contou para eles... Minha avó estava no sonho, ela mentiu para mim, ela sabe sobre o segredo da família- minha voz diminui de tom.

— Daki?- respiro devagar, me sentindo cansada.

— Estou bem, só cansada. Não se preocupe.

Não lembro de dizer mais nada, porque eu apaguei.

Pela ausência de sonho, eu tenho certeza de que desmaiei. Espero não ter assustado ou preocupado demais a Danny.

Abro meus olhos devagar, com medo de ainda não estar enxergando nada. Mas eu consigo ver a fresta de claridade passando pelas cortinas blackout e também consigo ver o braço de Danny em volta de meu corpo.

Ela está dormindo e ronronando, seguro o riso, porque é fofo e se parece com um gatinho, não me mexo para não a acordar, mas não adianta muito porque logo sinto Danny dar um beijo na minha nuca.

— Você está melhor?- seu sussurro perto do meu ouvido me causa um leve arrepio.

— Estou sim- nós ficamos em silêncio por um longo tempo.

— O que faremos agora?- mordo a parte interna da minha bochecha esquerda e olho para o lado da janela.

— Tudo o que posso fazer é questionar meus pais, mas ao fazer isso e dar tudo errado, perdemos tudo de uma vez- Danny se levanta e inclina o rosto para frente para que eu possa olhá-la.

— Vai dar certo, nós vamos elaborar um plano, mas vamos precisar dos outros e você vai ter que contar algumas coisas para eles- eu concordo com a cabeça.

A ideia de que muitas pessoas já sabem da maldição já tirou da minha mente o medo de que minha família não irá acreditar.

Se todos os outros acreditaram e usaram disso para me controlar, por que minha família, pessoas que me amam e querem me proteger, não acreditariam?

— Só preciso pensar em uma forma de como contá-los sem soar muito chocante- Danny ri.

— Você vai conseguir, até lá, nós vamos tomar café antes que você passe mal- esse comentário de Denise me faz perceber que ela também já reparou que minha doença está pior.

Nós tomamos banho e descemos juntas para o café da manhã.

∞∞∞

Estamos todos na sala de jogos nos divertindo novamente, música, bebidas e gritaria para todos os lados.

Submersão de FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora