52. Morte

7 3 1
                                    

Eu poderia pensar e dizer que ela entrou na frente da arma porque era minha mãe a portando em nossa direção, seria fácil entrar na frente de uma bala assim, aos olhos de outras pessoas, "bancar o herói em situações fáceis, qualquer um consegue".

Mas eu sei a verdade, Danny também notou.

Minha mãe atiraria, mesmo, sem hesitar.

Ela não está se importando com nenhum de nós nessa sala, nem eu, nem Tom, muito menos minha verdadeira família, aqueles que sempre estiveram ao meu lado e me apoiaram.

Odette quer poder e irá atrás do seu objetivo não importa como. Nem que para isso precise matar um ou até todos os seus filhos.

Mas não é só isso que eu reparo.

Danny entrou na minha frente disposta a levar um tiro por mim, foi isso que fez meu coração saltar e eu ter certeza que a amo.

Não foi por ela ter se posto na minha frente mostrando que dá a vida dela pela minha, esse ato é assustadoramente bonito, mas não foi por isso.

Foi o medo, gelado, como mãos em volta do meu pescoço tirando o meu ar, me empurrando no fundo do mar, queimando meus pulmões, foi a sensação de morte só de imaginar em perdê-la.

O medo de nunca mais vê-la, de nunca mais ver seu sorriso, beijar seus lábios, tudo isso foi o que me fez entender. Eu amo a Denise.

A única pessoa que já amei.

Ela entrou na frente de uma bala por mim, mesmo que o pivô desse conflito seja sua própria família. E, por isso, estamos ao lado uma da outra e de mais ninguém.

— Abaixa a arma. Eu mesma vou entregar meus pais. Temos um acordo?- Odette abaixa a arma devagar.

— Tudo bem, nós temos. Vou passar as informações sobre a droga- é estranho o silêncio dos outros.

Todos nos observando, como se fôssemos atores.

— Deixa que eu falo com ela, Odette- minha mãe concorda.

— Okay, então estarei indo e espero ter um retorno sobre isso- concordo com a cabeça, mesmo que ela não veja, já que a Danny ainda está na minha frente.

Meus pais vão embora e eu me viro para minha família, finalmente, me desmanchando em lágrimas, depois de tantas informações de uma vez.

Todos correm em nossa direção e nos abraçam, formando uma roda, eu estou tremendo, chorando desesperadamente, mas também me sinto livre.

Finalmente visualizando a luz da superfície no mar de desespero em que me afoguei há treze anos atrás.

Eu noto que Ivan não está no abraço.

— Ivi?- o abraço é interrompido, para olharmos em sua direção.

— Eu sinto que devo um pedido de desculpas- Yan olha para o irmão, sua sobrancelha arqueada, braços cruzados.

— Você jura? Em que merda foi se meter?- Ivan encolhe os ombros.

— Como você descobriu, Lina?- olho na direção da minha prima. Dói saber que não somos primas de sangue, mas ela vai permanecer sendo da família para sempre.

— Eu...-ela desvia o olhar para responder e Jennie ri.

— Vocês estavam transando?- Jennie aponta o dedo de um para o outro e nós caímos na gargalhada.

— E você com o Rodrigo, achou que ninguém iria perceber?- Jennie cora e nós voltamos a rir.

Rindo em meio ao caos. Eu estou feliz por estarmos passando por esse momento juntos, mas ainda tenho muito o que conversar.

Submersão de FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora