9. Me agradecer

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Eu só consigo ler as primeiras páginas do manuscrito até dar dezoito horas e ter que sair apressada, mas toda a história me prendeu a atenção o suficiente para querer ler sem parar até chegar no final, porque é estranho ter o meu nome na dedicatória e ainda mais estranho é o o conteúdo da história em si.

Deixo meu tênis ao lado da porta, vou até a sala e, aparentemente, não tem mais ninguém em casa, mas eu escuto um som vindo da cozinha e vou até lá. Tom está sentado à mesa com um copo quase transbordando suco de laranja. Cada irmão com seus vícios.

Arqueio a sobrancelha e ele dá de ombros, virando o copo e bebendo quase metade do suco em um único gole.

— Achei que ia estar em algum outro lugar, menos em casa. Não tinha um evento para fotografar?- ele bebe o suco de novo e vou até a geladeira pegar o meu suco de uva.

— Esqueceu que você que saiu mais tarde do serviço hoje?- eu bebo um gole do meu suco de uva que coloquei no copo e devolvo a caixa na geladeira.

— Aé, eu realmente tinha esquecido. Não vai se arrumar?- ele dá de ombros e toma mais suco.

— Quem demora para se arrumar é você, logo eu vou- reviro os olhos e ele ri. Me sento à mesa e fico de frente para Tom.

— Quer me falar sobre a Charlote?- ele tenta disfarçar um sorriso, mas mesmo assim eu percebo.

— Nós só estamos curtindo, não é nada sério, mas ela é maravilhosa- sorrio e nego com a cabeça já imaginando onde esse "só curtindo" vai chegar.

— Tudo bem. Vou me arrumar para irmos ao bar onde a irmã dela trabalha- cantarolo só para o provocar e vou para meu quarto tomando meu suco.

Saio do banho só de toalha e procuro no meu guarda-roupa uma opção confortável para sair, deixo a roupa reservada e me deito. Enrolo um pouco na cama lembrando do manuscrito com uma dedicatória para mim.

É um livro de mistério, meu tipo favorito, então a pessoa que escreveu me conhece. Quem poderia ser? A Jennie? O Ivan? A Carla? São os únicos que imaginaria escrevendo um livro, mas também poderia ser alguém que eu não desconfiaria como o Yan e o Tom.

Solto um suspiro e desisto, por ora, de tentar adivinhar que pode ser.

Desço as escadas e Tom já está na sala me esperando, Charlote está com ele. Pelo que parece, ela vai ser nosso GPS.

— Não vão me deixar de vela no carro não, né?!- Tom e Charlote começam a rir como se eu fosse uma criança perguntando se posso andar de bicicleta sem rodinhas.

— Nós vamos buscar a Carla e a Jennie vai com os meninos- eu coloco minha mão no meu peito e solto um suspiro dramatizando a situação.

Nós saímos de casa e vamos até a casa da Carla que é, literalmente, no fim da rua.

— Você é uma preguiçosa, podia só ter subido a rua- Carla revira os olhos e coloca o cinto de segurança.

— Pra quê? Se é caminho. Você que é chata. Oi Tom, oi Charlote- faço uma careta e olho para as três pessoas que estão comigo no carro.

— Podem me explicar por que que não foi preciso apresentação entre vocês duas?- arqueio minha sobrancelha e fixo meu olhar em Tom que está rindo.

— Eu que apresentei o estúdio de tatuagem para ele, sua bocó, conheço todo mundo lá- reviro meus olhos e ela ri.

— Faz sentido- ela dá um tapinha no meu braço e presto atenção na música do rádio.

Meu corpo inteiro se arrepia quando reparo na letra da canção.

"Nem todo o inferno da terra é capaz de fazer eu deixar de te amar, porque mesmo que todas as luzes se apaguem, você ainda vai brilhar"

Submersão de FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora