26. Minha casa, minhas regras

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Olhar para a parede não faz a hora passar mais rápido, tampouco tentar trabalhar quando a mente não consegue parar de pensar em um milhão de outras coisas.

Principalmente no meu sonho da noite passada.

Que não era meu, era de Charlote.

Ela estava atrás de alguém, mas não consegui descobrir quem era a tempo.

O que não me impressionou foi o fato do meu irmão estar ao seu lado o sonho inteiro.

É claro que ele estaria, eles não se desgrudam mais desde que assumiram o relacionamento e isso é bom, porque fazia tempo que meu irmão não se sentia bem desse jeito, além de que o seu último relacionamento foi um caos e traumatizante.

Tom não queria mais se relacionar sério depois do que passamos, ele achava que não valia a pena ter um relacionamento sério com alguém se iria perder a pessoa.

Isso me magoou profundamente, porque foi quando percebi o quão profundamente meu irmãozinho estava quebrado, o quanto nós nunca seríamos pessoas normais, com uma vida e mente saudável, porque estamos constantemente com medo de perda.

Mas Tommy seguiu em frente e está feliz, está com Charly e isso é tudo o que importa para mim.

Bebo um gole do meu Latte e volto a digitar mais um E-mail, respondendo as dúvidas do meu chefe. É um tanto estranha essa situação, já que uma hora me sinto tentando salvar o mundo, outra hora sinto que o mundo está despencando na minha cabeça e no fim, na verdade, só estou vivendo minha vida normal.

Ninguém me interrompe durante toda a hora antes do almoço, não batem na porta, não ligam, não mandam E-mails de urgência, nada.

É pura tranquilidade e livros para eu avaliar, para corrigir, para autorizar, uma pilha enorme que só paro de mexer com tudo quando, finalmente, alguém bate na minha porta.

— Pode entrar- eu dou a última mordida na minha barrinha de cereal enquanto respondo o penúltimo E-mail na caixa de entrada.

A porta é aberta e a primeira coisa que vejo é o cabelo longo e dourado de Jennie pela fresta antes do seu rosto aparecer nesse vão.

— Já viu que horas são?- olho para o relógio do computador e solto um suspiro cansada.

Já se passou meia hora do meu horário de ir embora e nem me dei conta.

— Vi agora. Vou só responder o último E-mail- Jennie entra totalmente na sala e fecha a porta enquanto volto a responder o E-mail.

— Você almoçou?- nego com a cabeça e escuto um resmungo de Jennie.

— Termina aí e vamos para minha casa comer pizza- sorrio ainda sem desviar o olhar do computador e Jen sai da minha sala, provavelmente para arrumar as coisas para irmos embora.

Respondo o último E-mail, arrumos minhas coisas e tranco minha sala antes de encontrar com Jennie no fim do corredor.

— Dessa vez vai ser pepperoni- reviro os olhos dando risada.

— Também foi esse sabor da última vez- é o sabor de pizza favorito da Jennie.

— Minha casa, minhas regras- dou risada, porque eu sei que ela vai pedir meu sabor favorito quando chegarmos e, também, porque tenho até uma parte do guarda-roupa só com minhas roupas em seu apartamento.

— Vou dormir lá, a propósito. Estou cansada demais para voltar dirigindo- Jennie concorda com a cabeça e entramos cada uma em seu carro para irmos para sua casa.

∞∞∞

O paraíso se pudesse ter um sabor, seria essa pizza de cinco queijos, com o bônus da garrafa de vinho que estou bebendo, mas esse é um caso à parte.

Submersão de FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora