34. Inverso

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— Dakota, por que você só me falou dessa viagem de última hora?- Tom, mais uma vez está pegando no meu pé.

Se o assunto não fosse sério eu estaria revirando os meus olhos e rindo.

— Tom, não vamos entrar nesse assunto agora. Quero aproveitar com minha família antes de ir viajar por esses dias, eu preciso de um tempinho sabe. Alguns dias atrás eu quase tive um colapso nervoso na frente da Denise- Tom revira os olhos e tira o frango assado do forno.

— Mas foi esse colapso que fez vocês se resolverem. Já te falei para não deixar as coisas chegarem nesse estado, Daki. Você tem que se expressar, já é maior de idade, eles não podem mais te controlar- meu irmão se aproxima e dá um aperto no meu ombro para me consolar.

Dou um sorriso fraco e bebo um gole do meu suco de uva que está geladinho.

Escuto a porta da sala sendo aberta e o barulho dos vários passos vindos até a cozinha.

São Ivan, Jennie e Yan.

— Trago novidades- Ivan cantarola e bagunça meu cabelo ao passar por mim, Jennie ri e se senta ao meu lado.

Noto que Yan também está menos abatido do que da última vez e que a notícia deve ser sobre Susie.

— Conta logo, está esperando o que?- Ivan se senta de frente para mim.

— Nossa mãe começou um novo tratamento- sua voz só sai um tom mais baixo que um grito e eu não me importaria nenhum pouco se ele gritasse, porque essa é uma notícia ótima.

— Eu não acredito!- dou um sobressalto ficando de pé.

— É sério!- os olhos de Ivan estão brilhando.

— Estamos esperando que o resultado seja positivo- o comentário de Yan é frio.

O fio de uma lâmina beliscando em nossos corações. Eu me sento de novo.

— Como assim?- Jennie olha de um irmão para o outro.

— Yan...- Ivan repreende o irmão.

— Vai dar tudo certo, Susie é a mulher mais forte que eu conheço- Tom intervém.

— Olha quem chegou com a sobremesa- Charly chega na hora certa com a Denise, a Carla e uma travessa enorme de mousse de maracujá.

Sua animação se espalha pelo ambiente, Denise se apoia atrás de mim na cadeira e dá um beijo na minha cabeça.

Inclino a cabeça e olho para ela debaixo, dou um sorriso e ela se abaixa para me dar um selinho.

Mesmo que Charly tenha trazido bom humor consigo, ainda é nítido o clima pesado exalando de Yan.

— Que cara de merda é essa, Yan?- mas, aparentemente, isso não é nítido o suficiente para impedir Carla de provocá-lo.

Faço sinal com a mão para ela parar com a brincadeira, mas é tarde demais. Yan sai da cozinha batendo a porta.

Olho para Ivan sem conseguir não demonstrar minha preocupação. Ele mudou totalmente e agora está olhando para baixo.

— Eu já volto. Podem começar a comer- Danny me manda um olhar perguntando se está tudo bem e eu concordo com a cabeça.

Vou até Yan. Ele está sentado na grama do quintal olhando para o céu.

— Oi- ele desvia o olhar para mim, mas logo volta a olhar para as estrelas.

— Oi- me sento ao seu lado.

— Não está melhorando?- ele engole em seco, tentando não chorar.

— Ainda é muito cedo para dizer- encosto minha cabeça em seu ombro.

Submersão de FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora