32. Obrigada pelo convite

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O céu está estrelado e eu sinto cheiro de chá de camomila.

O cheiro é suave e o ar da primavera é tão confortável que me sinto sendo abraçada.

É um sonho.

Claro que é, a sensação é de estar no paraíso.

O sonho é da Denise.

Eu entro na casa, mesmo sem ter sido convidada, é uma sensação mais forte que eu. A casa também cheira a cookies.

— Olá, Dakota. Quer tomar um chá com bolachinhas?- eu concordo com a cabeça e olho ao redor.

Se esse lugar é realmente onde ela mora ou ao menos parecido com ele, pra mim, ela mora no lugar mais adorável e acolhedor do mundo.

— Obrigada pelo convite, Danny- ela concorda com a cabeça, sem notar a mentira.

Eu me sento na única cadeira vazia da mesa e sinto meu coração apertar. Uma vontade enorme de chorar me preenche, porque me sinto ainda pior por não conseguir retribuir aos sentimentos dela, por não me sentir boa o suficiente para Denise.

Danny serve uma xícara com chá de camomila para mim, sempre preferi café, mas esse chá virou minha bebida favorita.

Igual melancia é um dos meus cheiros favoritos.

Da mesma forma que tudo sobre a Denise vira algo importante para mim.

Ela só não sabe disso e espero que nunca chegue a saber. Não posso corresponder a essas expectativas.

Denise se senta à minha frente e bebe um gole do chá que serviu a si mesma. Ela não sopra antes de beber, uma prova de que em sonhos as pessoas não se importam com essas coisas e é por isso que eu bebo meu chá de uma vez, sem assoprar, e queimo a minha língua.

— Está tudo bem?- ela nota minha careta e eu forço um sorriso enquanto concordo com a cabeça.

— Está sim, só não estava acostumada com o sabor- eu omito e Denise ri. Sua risada fofa idêntica.

Ela se levanta e vem até mim. Danny segura meu rosto entre suas mãos e beija meus lábios, um selar de lábios suave, mas intenso. O melhor beijo que já recebi e ele pode nem ser real.

Danny se senta no meu colo e olha nos meus olhos. Um brilho diferente. Cósmico. Mágico. Único.

— Eu quero viver com você aqui para sempre- eu travo, minhas mãos afrouxando o aperto em sua cintura.

Eu também, Danny. Eu também.

A frase fica presa na minha garganta.

Eu não sei mais como me sinto, como me expressar. Me sinto afogando e neste exato momento estou no estado que a água preenche os pulmões até eles arderem e eu desistir de implorar por ajuda.

Sorrio. É a única resposta que consigo esboçar.

Coloco minha mão no rosto da Denise com cuidado, com medo dela ser uma miragem, é a primeira vez que eu toco em alguém nos meus sonhos. Se existe uma regra contra isso, eu já estou condenada e a melhor parte é que eu não me importo. É um motivo nobre.

— Denise... eu, eu também- mas minha frase fica presa no ar.


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