37. Meu vestido branco

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A melhor parte de estar nesse jantar é que Tom estará ao meu lado, afinal ele namora a irmã da Danny.

Desço do meu carro ajustando meu vestido branco, Denise está me esperando na porta da casa. Seus olhos brilham quando me vê.

Deve ser porque mesmo sem combinarmos estamos vestidas em "trajes de casamento", não posso negar que passou pela minha cabeça que ela estaria de terno, mas nunca imaginaria que cairia tão bem.

A ideia de casamento no geral me deixa muito nervosa e apavorada em alguns casos, mas agora, em frente a porta da casa dos pais da Danny, adultos que eu não tenho a menor consideração ou admiração, soa bem tentador.

Não sei como os pais da Denise lidam com seus relacionamentos, se são homofóbicos, mas provavelmente só aceitam pessoas de seu círculo social e por isso imaginar que eles me odiariam, me deixa bem satisfeita, não quero na minha vida pessoas que magoaram a Danny.

— Você está encantadora- Denise beija meus lábios e eu consigo sentir o gosto de bala de melancia, seguro o sorriso bobo.

O famoso cheiro de melancia.

— Obrigada. Me vesti para matar- Danny ri e abre a porta da casa para entrarmos.

— Charly já está chegando com o Tom- penduro minha jaqueta no cabideiro perto da porta, faço uma observação mental sobre isso.

— Tudo bem- eu não consigo terminar de falar, porque somos agraciadas com uma presença indesejada.

— Olha só, se não é a Senhorita Sánchez, filha dos famosos advogados, sobrinha de Benício- seu sorriso tem uma aura assustadora, na mesma medida que é gentil é malévolo e ele tem um cheiro forte de tabaco.

— Olha só, se não é o senhor Hawdenser, o dono da maior corporativa do estado, se não do país- o sorriso dele cresce.

— Vejo que tem personalidade, está acompanhando nossa filha?- seu olhar desvia de mim para o dela, como uma serpente analisando o local, pronto para dar um bote.

— Querido, não vê que está as deixando desconfortáveis? Ainda temos um jantar pela frente- a primeira impressão é de que ela é gentil.

Um rosto angelical e voz doce, mas seu olhar é ainda mais cruel que o sorriso de Petron. Olívia é pior que Hawdenser.

A mãe de Denise tem uma aura devoradora.

— Ele ainda não chegou?- Danny não precisa citar nomes, automaticamente a energia do ambiente melhora.

Vemos que há um filho favorito.

— Ele pegou trânsito do aeroporto para cá, mas já está quase chegando. Por que não degustamos de um vinho enquanto isso?- a mãe de Danny parece sempre tomar a frente em situações conflituosas.

O pai de Denise, pelo contrário, não para de me encarar como se eu fosse um enigma, ou pior, como se eu fosse um inimigo no seu território.

A porta da sala é aberta diante de risos e uma barulheira, é Charly e Tom, eles estão felizes e descontraídos, isolados em seus próprios mundos, onde o caos ao lado de fora não existe.

— Boa noite, família- o tom de voz de Charly é amargo, mas sua mãe ainda mantém um sorriso doce – e sinistro- em seu rosto.

— Boa noite, Charlote. Mais um Sánchez? Minhas filhas sabem aproveitar a vida- mordo a parte interna da minha bochecha esquerda após ouvir esse comentário inconveniente.

— Pai, que bom que você aprova as minhas próprias escolhas, não imagina o quão me sinto feliz com isso- Charlote continua sendo irônica, nunca a vi assim antes.

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